quarta-feira, 15 de julho de 2015

Imprensa burguesa quer jogar Dirceu na lama onde ela sempre chafurdou.


José Dirceu sabe o que é a luta política, bem como compreende que a direita é o status quo.


Por Davis Sena Filho — Palavra Livre

José Dirceu é a moeda “forte” e a opção política mais viável para que a imprensa de negócios privados dos magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, principalmente os das Organizações(?) Globo, quando eles querem ressuscitar os ataques às lideranças e aos governantes do PT, principalmente quando percebem, por exemplo, que algum desejo ou conspiração engendrados por eles, como o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, perde o fôlego ou não vai dar em nada, como demonstraram as últimas publicações das revistas direitistas e de oposição, Época e Veja.

Publicações panfletárias e velhas aliadas do submundo, exemplificadas nas parcerias rocambolescas dos dois pasquins com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, além de utilizarem os “serviços” de ex-funcionários de órgãos de informação dos tempos da ditadura militar, como depois foi descoberto e denunciado. Dirceu, sabendo disso, recorreu por meio de seus advogados, ao habeas corpus preventivo, porque já foi julgado e condenado por intermédio de processos que se basearam em “domínio do fato”, criando-se no País, absurdamente, uma nova jurisprudência, sem, no entanto, ter sua culpabilidade, de fato, comprovada, o que denota que o Brasil, após 21 anos de ditadura militar e empresarial, agora está a vivenciar a ditadura das grandes corporações midiáticas, a ter, inequivocadamente, a Justiça e o MP como seus alicerces.

Um verdadeiro absurdo, que chega a ser surreal, até porque, no Brasil, em pleno estado de direito, as pessoas estão a ser presas como forma de pressão para que façam “acordos” de delações premiadas. E esse processo acontece debaixo dos narizes de juízes de tribunais superiores, como o STF, o STJ e o TSE, de entidades de prestígio, a exemplo da OAB, bem como sob o olhar da Procuradoria Geral da República, cujo procurador-geral se omite, não questiona e muito menos denuncia esse desditoso processo digno de um filme de Drácula.

Como já disse antes, tudo isto está a acontecer porque essas autoridades e empresários midiáticos consideram o povo brasileiro um completo idiota, além de burro. Só que tem muito cidadão que vê, percebe e discorda dessas autoridades que estão a usar seus cargos públicos como ferramentas políticas e que vão aos poucos se lambuzando de tanto comer doce. Exagerar com o doce acaba sempre em dor de barriga. E mais cedo ou mais tarde vai ficar nítido e transparente que esses processos são equivocadamente e até mesmo criminosamente direcionados para a luta política.

A verdade é que a direita atua e age em várias frentes e vertentes, mas no fundo, e concretamente, é que o sistema de castas sociais imposto pelos grandes capitalistas inquilinos da Casa Grande luta para controlar o Estado Nacional, tornar o Estado mínimo e, por sua vez, submetê-lo aos ditames econômicos e políticos dos Estados Unidos e de alguns países da Europa Ocidental, que, nitidamente, demonstram certa decadência econômica, além de diminuição de suas influências em âmbito mundial. Nada mais importa ou é maior para a direita do que concretizar esse processo. As “elites” nacionais traem e são mais perigosas aos interesses de seus países do que os estrangeiros. Ainda mais quando se trata de uma “elite” subalterna e colonizada como o é a brasileira. É fato e história. O resto é perfumaria. Ponto.

José Dirceu é parte dessa engrenagem, que visa à espoliação e o “congelamento” do desenvolvimento social e econômico do povo brasileiro, como ocorreu em 1954 e 1964 e acontece neste momento. Exatamente agora, com a campanha quixotesca liderada por Aécio Neves em prol do Impeachment de Dilma. Deixá-lo no olho do furacão, de preferência sazonalmente e ciclicamente, conforme as circunstâncias de momento é uma estratégia que está a dar certo, porque evidenciar José Dirceu nas páginas com manchetes ideologicamente e politicamente perversas e cretinas da imprensa meramente de mercado se tornou uma solução de curto prazo, porque, psicologicamente e instantaneamente, gera indignação e ódio a uma classe média mentalmente reacionária, conservadora, que tem demonstrado rancor, intolerância e violência por estar inconformada com a ascensão social dos pobres e até mesmo com a autonomia do Brasil.

E é exatamente isto o que ocorre e nada mais: hipocrisia ideológica e política. A classe média coxinha e paneleira se tivesse tanta preocupação com a corrupção, ela iria às ruas e diria sempre nas redes sociais que também quer a punição de políticos do PSDB, DEM e PPS, além de indagar duramente o papel da imprensa familiar e corporativa na política brasileira, bem como protestaria contra os malfeitos dos magnatas bilionários de imprensa, que são acusados pela Receita Federal de sonegar impostos, além de importar materiais e equipamentos, a evitar as alfândegas, acusações que remontam ao ex-ministro da Justiça do governo do general Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel. (Pesquise e veja)

O PSDB e aliados, governantes e autoridades são objetos de acusações e denúncias relativos a escândalos às centenas. Até hoje, em um tempo de mais de dez anos, o Mensalão do PSDB não foi julgado quanto mais algum tucano a ser condenado e preso. A Rede Globo é acusada de sonegar os impostos da Copa de 2002. A soma é bilionária, com juros e correção monetária. Seus processos na Receita sumiram, e quem os pegou foi uma servidora do órgão, que já foi expulsa da Receita e responde a processo. E nada sobre este escabroso episódio aconteceu. Está tudo como antes no quartel d’Abrantes dos muito ricos e dos “amigos” da Justiça cega demais e de um MP que só acusa e denuncia os petistas e seus aliados.

Nunca vi a classe média coxinha fazer alardes, bater panelas, vociferar nas sacadas dos apartamentos de barriga cheia ou ficar indignada com a corrupção dos políticos e dos empresários que ela apoia e até admira. Nunca. Como se vê, não é a corrupção que move a atuação política da classe média paneleira e de oposição partidária. O que a move é colocar a direita de volta ao poder. Então não me venha com conversa fiada, manipulação, dissimulação e hipocrisia. É melhor contar outra história. Ponto.

A verdade é que os governos de Lula e Dilma são essencialmente de caráter republicano e foram os que mais prenderam gente rica na história do Brasil, bem como combateram e combatem a corrupção. Agora, se a imprensa alienígena usa as prisões e as delações contra os governos trabalhistas, que estão a prender os ladrões do dinheiro público, o problema é dela e de quem acredita em suas picardias, tramoias, espertezas e pilantragens de fundo político, eleitoral e ideológico. Na minha opinião, acreditar de olhos fechados na imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) é como assinar uma certidão ou um diploma de idiota. É melhor, então, assinar um cheque em branco, porque acreditar nessa imprensa sem ao menos questioná-la é a mesma coisa que entregar as chaves de sua casa para um delinquente ou malfeitor celerado.

Hoje, dia 13 de julho, por exemplo, o jornal O Globo, dos irmãos Marinho, gente da melhor qualidade e que nunca cometeu quaisquer crimes contra o Erário Público, à fiscalização e a economia popular, no decorrer de sua existência, desde os tempos de Irineu Marinho, pai de Roberto, decretou a prisão de José Dirceu. Isto mesmo, a imprensa familiar e empresarial dos Marinho agora manda prender. Aliás, a mídia burguesa transformou o ex-ministro da Casa Civil em um Judas e utiliza seu nome a seu bel-prazer, jogando-o na lama, na qual a grande imprensa dos magnatas bilionários sempre chafurdou, e, consequentemente, tenta sufocá-lo, sem lhe dar o direito de defesa, pois o que interessa é mantê-lo sob uma pressão ininterrupta para que a direita partidária e os segmentos empresariais, que se beneficiam dela, possam voltar a conquistar a Presidência da República.

José Dirceu é usado apenas como ferramenta para que o PT, o Lula e a Dilma sejam desqualificados como entes políticos e partidários, bem como terem suas imagens desconstruídas e suas ações políticas criminalizadas, além de sistematicamente judicializadas. Quando José Dirceu apresenta à Justiça um pedido de habeas corpus preventivo e depois recorre é porque ele tem a compreensão de que será preso, sem direito à defesa, porque já está determinado que mesmo se o ex-ministro provar que seus negócios são legais e que ele não incorreu em malfeitos, no que tange à sua empresa receber pagamentos por suas consultorias, nada impedirá a Polícia Federal, que não sabe distinguir o que é propina do que é pagamento lícito, bem como confunde doações legais de campanha com desvios de recursos provenientes dos setores público e privado.

A verdade é a seguinte: não basta espezinhar o José Dirceu, desconstruir sua imagem e linchá-lo publicamente desde 2005, quando os conservadores, entreguistas e neoliberais fizeram do mensalão uma arma para derrotar o PT eleitoralmente. Dirceu é o ícone e o alvo a ser morto e ressuscitado conforme as conveniências do status quo, da direita brasileira, uma das mais perversas, colonizadas e atrasadas do mundo. Afinal são quase 400 anos de escravidão e a casa grande deste País tem o DNA desse horror e como tal se comporta e se move.

Dirceu, na verdade, é um dos mais importantes intelectuais de esquerda e um dos principais estrategistas da chegada de Lula como presidente da República. O político petista pegou em armas, foi trocado pela guerrilha por embaixador estrangeiro, e, tal qual a Lula e a Brizola, nunca se deixou cooptar pelo establishment, como o foram os esquerdistas e socialistas que integram as hostes do PPS e do PSDB. Ou as pessoas se esqueceram de Aloysio Nunes Ferreira, José Aníbal, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Alberto Goldman e Roberto Freire, dentre muitos outros que se bandearam? Estes, sim, foram cooptados e, por seu turno, pularam o muro, ao ponto de entregarem o Brasil à gringada neocolonialista quando estiveram no poder na década de 1990. Os tucanos e seus aliados traíram suas convicções e suas próprias histórias políticas. José Dirceu não traiu sua consciência e muito menos se tornou um pária ideológico, como alguns tucanos e companhia limitada se tornaram.

Mais uma vez Dirceu é jogado aos leões por um juiz e policiais que resolveram fazer política de oposição ao Governo Trabalhista, em visível usurpação de seus cargos públicos. O PT é fruto de seus membros, que são seres humanos que erram e, se erraram, devem ser investigados, bem como se for o caso, punidos. Agora, as campanhas eleitorais do PT, os processos administrativos e governamentais do partido que governa o Brasil serem sempre objetos de acusações e denúncias, sendo que muitas delas depois são comprovadamente vazias, são casos que assombram os cidadãos que acreditam na democracia e no estado de direito. A operação Lava a Jato virou Vaza a Jato. Uma desfaçatez inenarrável, porque os vazamentos são seletivos e sempre contra o PT e seus aliados. A PF, a Justiça e o MP tem de ser obrigatoriamente republicanos.

A direita brasileira, principalmente se for tucana ou vinculada aos órgãos de comunicação privados é inimputável. Esta realidade é tão clara como um dia de muito sol e sem nuvens. Não dá para não perceber ou tergiversar. José Dirceu é de longe o político mais perseguido do Brasil redemocratizado. O que fazem com ele é uma covardia. Há mais de dez anos sua integridade moral e pessoal é achincalhada e perversamente desmoralizada em público pela oposição de essência e propósitos fascistas, bem como pela mídia burguesa historicamente golpista, que tem uma folha corrida quilométrica, além de um teto de vidro.

Porém, a Justiça e o Ministério Público fingem ser imparciais, quando a verdade é que não o são. Além disso, quem vaza informações a aos jornalistas empregados da imprensa de mercado são os delegados da Polícia Federal, pois conservadores politicamente e que por tradição sempre defenderam os interesses do status quo, desde os tempos da ditadura militar, quando a Polícia Federal foi criada. É também uma questão de seu DNA.

A verdade é que essas instituições deixaram de ser republicanas há muito tempo, pois se aliaram, indubitavelmente, aos interesses da oposição. E ninguém faz nada! Nem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no que concerne a combater os excessos anticonstitucionais, os vazamentos ilegais dos autos, das gravações e das investigações, além da seletividade política de algumas ações da Polícia Federal. Cardozo se comporta igual à personagem da canção de Chico Buarque, porque fica a ver “o tempo passar na janela e só Carolina não viu”. A Imprensa burguesa quer jogar Dirceu na lama onde ela sempre chafurdou. É isso aí.


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