Luis Nassif - Jornal GGN
Poucas vezes a política mostrou-se tão adequada à definição do sábio Magalhães Pinto, que a comparava às nuvens do céu: agora estão de um jeito, daqui a pouco de outro.
Há dois tempos em jogo: o atual e o das eleições de 2018. Para 2018 habilitam-se os que têm votos; para 2015, os que têm poder. É a partir dessa dicotomia que se torna mais fácil entender os últimos lances políticos. **** O potencial de votos distribui-se por três políticos: pela situação, o ex-presidente Lula; pela oposição, o senador Aécio Neves e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Já o poder político funda-se na aliança mídia-Lava Jato, ambos sendo exaustivamente usados pelos dois lados. Os vazamentos providenciados por procuradores e delegados reforçam politicamente a atuação do grupo, especialmente quando acontecerem os embates com as instâncias superiores. E a capacidade de pautar o MPF e a PF sustenta o poder de coerção da mídia. Ao melhor estilo República Velha, centra-se fogo nas relações Lula-grandes grupos, para vê-los de joelhos vindo buscar proteção junto aos grupos de mídia. Qualquer notícia serve aos propósitos, desde a criminalização das tentativas de emplacar obras de empreiteiras brasileiras no exterior, financiamentos à exportação de serviços, até jantares sociais. De certa forma, repete-se o modelo italiano da operação “mãos limpas” que, a pretexto de limpar a política, limpou a área para a ascensão de Berlusconi, imperador da mídia. Esse grupo serve principalmente aos propósitos de José Serra, o candidato preferencial da mídia, especialmente depois que foi exposta a fragilidade política de Aécio Neves. *** Os desdobramentos da crise afetam de maneira distinta os interesses dos quatro candidatos: A Lula interessa a recuperação de Dilma. A Alckmin, uma Dilma desgastada até 2018. A Aécio, a eventualidade de uma queda de Dilma com a convocação imediata de novas eleições. A sua fragilidade não permitirá que sobreviva até 2018. A Serra, a instauração do parlamentarismo. *** Não se pense na conspiração clássica, com os conspiradores se reunindo à socapa na calada da noite. O pacto tácito se dá em torno de alguns eixos de atuação, presentes na parceria mídia-Lava Jato: Fogo total no esquema Lula, preservando Dilma Rousseff. A ideia central é a de que esticar o governo Dilma desmoralizado até 2018 é mais garantido do que um eventual impeachment agora, permitindo a volta de Lula em 2018. Aliás, é impressionante a disciplina de comentaristas políticos da mídia que conseguem pensar todos da mesma forma e mudar de opinião da mesma forma e no mesmo dia. Intocáveis são apenas a mídia e os principais caciques do PSDB. Aliados pontuais – como Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) – são jogados ao leão, inclusive para reforçar o caráter democrático da Lava Jato. Não se trata de um roteiro rígido, porque as nuvens da política ainda não se consolidaram. Trata-se de apenas um ensaio inicial de consolidação de alianças visando 2018. Apenas uma questão poderá reverter essas estratégias: a hipótese (por ora distante) de recuperação de Dilma. PS - A informação de que foi colocada uma tarja preta em cima do nome de José Serra, na relação de mensagens apreendidas no celular de Marcelo Odebrecht, e mantidos os nomes de Michel Temer e Geraldo Alckmin, confirma plenamente as hipóteses acima.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Para entender o atual jogo político - Repete-se o modelo italiano da operação 'mãos limpas' que, a pretexto de limpar a política, limpou a área para a ascensão de Berlusconi, imperador da mídia.
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