domingo, 4 de outubro de 2015

Reforma ministerial: esquerda perde mais espaço no governo Dilma - O PMDB aumentou os ministérios sob seu comando de 6 para 7. Já o PT reduziu os seus de 13 para 9.

Lula Marques

Najla Passos

A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta sexta (2), em uma cerimônia rápida realizada no Palácio do Planalto, a reforma ministerial que roubou um espaço considerável da esquerda na sua administração, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade. Com oito ministérios a menos, o governo agora tem sete pastas comandadas pelo PMDB ao invés de seis, enquanto o PT reduziu sua cota de 13 para nove. “Nós precisamos colocar os interesses do país acima dos interesses partidários”, justificou a presidenta.
 
O PMDB foi o grande vitorioso: mesmo com a redução dos 39 ministérios para 31, saiu com uma pasta a mais. Já o PT perdeu quatro. O PMDB tomou do PT um ministério importante, o da Saúde, responsável pela execução do maior programa de saúde pública do mundo. No lugar de Arthur Chioro, um quadro petista, assumirá o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). 
 
A legenda também levou o Ministério de Ciência e Tecnologia, que será liderado por Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O partido perdeu o Ministério da Pesca, que será integrado ao da Agricultura, mas manteve Helder Barbalho no staff do executivo, agora à frene da Secretaria dos Portos. O PMDB manteve ainda o comando das pastas Minas e Energia (Eduardo Braga), Agricultura (Kátia Abreu), Turismo (Henrique Eduardo Alves) e Aviação Civil (Eliseu Padilha).
 
Com um saldo final de nove ministério, o PT teve a compensação de ficar a frente dos dois superministérios criados para absorver cinco dos que foram extintos. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social terá a sua frente Miguel Rosseto. Já o Ministério da Mulher, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos ficará nas mãos de Nilma Lino.  
 
O PT também ganhou o comando da recém-criada Secretaria de Governo, que abarcará o Gabinete Institucional, a Secretaria Geral da Presidência e o Ministério das Micro e Pequenas Empresas, todos eles extintos. O comando ficará com o petista Ricardo Berzoini.  
 
O partido da presidenta manteve ainda os ministérios da Educação (Aloísio Mercadante), Casa Civil (Jacques Wagner), Justiça (José Eduardo Cardozo), do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Tereza Campello), do Desenvolvimento Agrário (Patrus Ananias), da Cultura (Juca Ferreira) e a Secretaria de Comunicação Social (Edinho Silva). Continua, portanto, como a legenda que tem mais partas no governo: nove.
 
Já o PCdoB perdeu o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas ganhou o da Defesa (Aldo Rebelo). O PDT ficou sem o do trabalho, mas saiu com o de Comunicações (André Figueiredo). Já o PSD continua com o Ministério das Cidades (Gilberto Kassab), o PTB com o de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Armando Monteiro), o PRB com Esporte (George Hilton), o PP com Integração Nacional (Gilberto Occhi)  e o PR com Transportes (Antônio Carlos Rodrigues).
 
As oito pastas restantes continuam comandadas por ministros sem filiações partidárias, embora todos eles com identidade ideológica muito bem definida. São os casos dos ministros da Fazenda (Joaquim Levy) e do Planejamento (Nelson Barbosa). 
 
Em nome da governabilidade.
 
Dilma não dourou pílulas ao esclarecer os motivos que nortearam a escolha do seu novo staff. "Essa reforma tem também um propósito: o de atualizar a base política do governo, buscando uma maioria que amplie nossa governabilidade. Ao alterar alguns dirigentes dos ministérios, estamos tornando nossa coalizão de governo mais equilibrada, fortalecendo as relações com os partidos e com os parlamentares que nos dão sustentação política", disse.
 
E em resposta aos críticos da oposição e do próprio governo que a acusaram de transformar a reforma ministerial em balcão de negócios, defendeu a troca de cargos por apoio político como uma ação legítima. "Os governos de coalizão, como é o caso do meu e de todos os governos depois da democratização, precisam de apoio no congresso. Nós vivemos em uma democracia e temos que dialogar com o congresso eleito pelo povo em favor da população",  sustentou.
 
Ela ressaltou que os acordos com os partidos da base aliada foram feitos da forma mais transparente possível, obedecendo às regras do jogo democrático. 
 
Na própria carne.
 
Junto com a reforma ministerial, a presidenta anunciou ainda a reforma administrativa que, à despeito dos compromissos eleitorais assumidos por ela com um Estado forte e atuante, adotou o discurso da oposição de “cortar na própria carne” para fazer o “ajuste fiscal”. Além de reduzir de 39 para 31 ministérios, eliminou 30 secretarias nacionais e três mil cargos comissionados. 
 
Também está previsto o corte de 20% das verbas gastas com custeio e contratação de serviços terceirizados. Os salários da presidenta, do vice e de seus 31 ministros serão reduzidos em 10%.  E esses últimos não poderão mais viajar na primeira classe. “Queremos contribuir para que o país saia mais rapidamente da crise”, afirmou. 

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