terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O pior programa de entrevistas de 2015.

Entrevistado típico
Entrevistado típico

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Na retrospectiva 2015 do DCM foi inevitável a presença de destaques negativos, dado que foi um annus horribilis, ano horrível.
Já falamos aqui do pior brasileiro do ano, Aécio Neves. Também tratamos do pior jornalista de 2015, Merval Pereira.
Chegamos agora ao pior programa jornalístico da temporada.
Dois concorrentes disputaram o título palmo a palmo. Um foi Painel, apresentado por William Waack na Globo News.
O nome poderia ser Painel dos Homens de Direita. Waack entrevista apenas conservadores, e mulheres jamais, embora haja muitas de direita.
Machismo é, portanto, outra característica que levou Painel a ser finalista da categoria Pior Programa.
Waack teria levado o troféu não fosse pela existência do Roda Viva, sob Augusto Nunes.
O Roda Viva mostra a que extremos o governo de São Paulo vai quando se trata de aparelhar uma emissora de televisão paga pelos contribuintes paulistas.
Augusto Nunes, o Brad Pitt de Taquaritinga, levou ao programa o espírito da Veja, de cujo site é colunista.
Isso significa que a única missão é atacar Dilma, Lula e o PT. Os entrevistados são escolhidos com este fim. (A reprise desta segunda entre Natal e Ano Novo é Hélio Bicudo tratando do impeachment.)
Os entrevistadores também estão lá para o mesmo serviço. Um deles foi Lobão. A primeira pergunta que Nunes lhe fez foi esta: “O que você acha da Dilma?”
Você bem pode imaginar a resposta de Lobão, entregue a si mesmo sem freios e edição.
A entrevistados e entrevistadores se soma o moderador. Augusto Nunes é o antivinho: quanto mais velho, pior.
Raso, debochado, vazio.
Nos anos 1980, quando o jovem Nunes apresentava o Roda Viva, havia a expectativa de que ali poderia estar nascendo uma estrela da tevê brasileira.
Nunes era bonitão, sério, e um moderador talentoso, capaz de distribuir equanimemente o microfone entre os diversos entrevistadores do programa.
As virtudes de Nunes foram minguando, no entanto, e seus defeitos aumentando. O fato de, décadas depois, ele estar de volta ao ponto de partida conta tudo. Ele ficou parado no tempo. Ou melhor: andou para trás, dado que o Roda Viva era mais influente então. Não era uma peça de propaganda anti-PT disfarçada de jornalismo.
Entre as duas passagens pelo Roda Viva Nunes fracassou por onde passou: como diretor de redação do Estadão, do Zero Hora, da Época e do Jornal do Brasil.
Para os que o conhecem, fica a sensação de que ele escreveria o exato oposto do que escreve caso quem lhe pague fosse progressista. A profissionais com tal característica se dá o nome de penas de aluguel.
Seja como for, é agora, de volta ao Roda Viva, que ele desempenha seu pior papel. Sob seu comando, o programa se sagra o pior de 2015, a despeito da forte concorrência.

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