terça-feira, 6 de setembro de 2016

Lava Jato prende Léo Pinheiro e volta mira para gigantes do mercado.


Jornal GGN - O juiz federal Sérgio Moro mandou prender, mais uma vez, o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, por supostamente obstruir as investigações. Apesar de a decisão ser de Moro, prevendo que haveria risco de o empreiteiro interferir na investigação da Lava Jato, os procuradores da força-tarefa que afirmaram que Léo Pinheiro "é um criminoso habitual". 
 
A prisão de Léo Pinheiro não tem relação com a Operação Greenfield, deflagrada nesta segunda-feira (05), que também traz o empresário como um dos alvos de condução coercitiva em investigação sobre desvios de R$ 8 bilhões dos quatro maiores fundos de pensão do Brasil.
 
A decisão de Moro foi uma resposta a um pedido feito ainda março pelo Ministério Público Federal (MPF), defendendo que Léo Pinheiro continuou a praticar crimes, após a condenação a 16 anos. Os procuradores contrariaram a posição entendida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, relator de um habeas corpus que pedia a prisão domiciliar.
 
"As evidências revelam que Léo Pinheiro, já condenado por esse juízo [Sergio Moro] é um criminoso habitual e, concretamente, seus delitos não ficaram circunscritos. (…) Apurou-se, com boa prova de materialidade, que Léo Pinheiro reiteradamente pratica graves crimes de corrupção e lavagem de ativos em largo espectro", defenderam os investigadores.
 
Para Moro, hoje o quadro de provas contra o empresário se alterou e haveria risco de Léo Pinheiro obstruir a justiça. Isso porque supostamente teria pago R$ 5 milhões em propina ao ex-senador Gim Argello para que não convocasse empresários para a CPI mista da Petrobras.
 
"O escárnio com as instituições da República se exaspera também pelos pagamentos de propina, articulado pelo representado Léo Pinheiro, já no calor da Lava Jato, destinadas ao então Senador Gim Argello. O objetivo desta propina era sufocar e embaraçar as investigações de Comissões Parlamentares de Inquérito instaladas no Congresso Nacional relacionadas às irregularidades na Petrobras", disseram os procuradores no pedido.
 
Apesar de fazer referência a uma suposta prática no passado, os investigadores e Moro entendem que "o claro ato de obstrução da investigação" seria um exemplo de que Léo Pinheiro poderia estar seguindo na interferência à Justiça, como a verificação pela Polícia Federal de que e-mails apagados, configurando "destruição de provas".
 
"Não só os pressupostos da prisão preventiva, boa prova de materialidade e de autoria, mas igualmente o fundamento, risco à investigação, à instrução e aos processos, bem como risco à ordem pública, defiro o requerimento do MPF para decretar a prisão preventiva de José Adelmário Pinheiro Filho, vulgo Léo Pinheiro", defendeu Moro.
 
"Há fortes indicativos de que esse grupo empresarial também praticou delitos em contratações públicas de outros órgãos no território nacional e também no exterior. A OAS, sob a coordenação de Léo Pinheiro, lançou mão aos serviços de diversos outros profissionais do ramo da lavagem de capitais ou operadores financeiros", ainda apontou o MPF, fazendo breve referência à outra mira dos investigadores nesta segunda.
 
Outra investigação
 
Trata-se da Operação Greenfield, que levanta acusações contra a Funcef (fundo de pensão de funcionários da Caixa Econômica Federal), Petros (trabalhadores da Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios), além da sede da Eldorado Brasil –empresa do grupo J&F– em São Paulo.
 
Léo Pinheiro também prestou depoimento nesta manhã, antes de ser dirigido à prisão novamente decretada por Sérgio Moro. Mas, nesta frente de apuração, os investigadores fizeram buscas e apreensões e coleta de depoimentos de um total de 38 pessoas jurídicas e 74 de pessoas físicas. 
 
Entre as empresas investigadas estão Santander, Brookfied, WTorre, a vice-presidência de fundos de ativos da Caixa, Deloitte, GruPar (aeroporto de Guarulhos), Sete Brasil, Rio Bravo, Engevix, IBG Eletrônica (nova Gradiente), HAG Participações (holding da Gradiente) e Invepar, BRAM (Bradesco Asset management) e BEM DTVM (distribuidora de títulos e valores mobiliários), Bradesco, a massa falida do BVA, LD Consultoria, R.S. Consultoria e Lakeshore.
 
O atual ministro da Fazenda de Michel Temer, Henrique Meirelles, presidiu o Conselho de Administração da J&F, a holding controladora de várias empresas e que é uma das principais miras dessa investigação. Mas seu nome não foi citado nos autos para prestar depoimento ou buscas e apreensões.
 
De acordo com a PF, houve déficits bilionários nos fundos de pensão, com a aplicação de investimentos de forma fraudulenta pelos fundos, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações).

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