Nesta quinta-feira (29), os metalúrgicos brasileiros realizam um dia nacional de paralisações contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer. As greves, passeatas, protestos e assembleias pelo país neste dia marcam o ato unitário da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e CST Conlutas.
Por Railídia Carvalho
As entidades que representam os metalúrgicos brasileiros se uniram em torno da bandeira Nenhum Direito a Menos. Nesta quinta-feira, os trabalhadores brasileiros que se opõem às reformas anunciadas por Temer também defendem o emprego, a redução da taxa de juros e reivindicam a construção de um acordo coletivo nacional, por ramo de atividade.
Na opinião do dirigente metalúrgico Marcelo Toledo, o projeto de retirada de direitos do governo de Michel Temer, que tem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como alvo, começa a ser compreendido pelos trabalhadores brasileiros. Para ele o governo do golpe mostra sua cara quando prioriza as negociações coletivas, mexendo em direitos garantidos na CLT, e apoia a terceirização sem limites.
“Hoje, com as medidas golpistas sendo explicitadas, parte dos trabalhadores começa a entender o processo do golpe. Por isso a importância dos atos desta quinta-feira para ajudar no esclarecimento e no combate aos projetos que ameaçam direitos”, explicou Marcelo, trabalhador da General Motors de São Caetano do Sul e diretor de formação da Fitmetal.
Desemprego
Enquanto a ameaça aos direitos trabalhistas tramitam no Congresso Nacional, na forma de projetos de Lei da terceirização e negociado sobre o legislado, o desemprego é uma realidade nacional. Segundo Marcelo, a GM de São Caetano (SP) anunciou novas demissões para depois das eleições municipais, que acontecem no domingo (2). O dirigente contabiliza de 2013 até este ano cerca de 4 mil demissões.
Antes de 2013 a montadora somava mais de 10 mil trabalhadores. Marcelo calcula que atualmente esse número caiu para aproximadamente 6.500 funcionários. O sindicalista prevê mais 500 demissões em breve e ressaltou ainda que 850 empregados estão em regime de layoff, que é a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Retomada do crescimento
“O desemprego continua se agravando. Com esse governo não há nenhuma perspectiva de melhorar o processo produtivo. As montadoras se aproveitam do processo de crise para fazer uma reestruturação produtiva. A Gm não para de demitir trabalhador”, denunciou Marcelo.
Durante a semana, Marcelo visitou a fábrica da Gm distribuindo material informativo da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil esclarecendo os motivos da paralisação nacional.
Em entrevista ao portal da CNM/CUT, o presidente Paulo Cayres avaliou que o governo Temer e o empresariado querem atrelar a retomada do crescimento à uma agenda de flexibilização das leis trabalhistas. O dirigente citou o PLC 30/2015 que tramita no Senado como a concretização dessa agenda.
"Parte dessa crise foi estimulada. Foi uma retenção de investimentos, para na sequência implementar essa pauta. Eles querem convencer que para crescer precisa precarizar", disse Cayres, para quem o caminho é o oposto. "Se você não distribui renda, não vai ter a economia girando."
Panfletagem
Os metalurgicos da Bahia também sofrem os efeitos do desemprego. Na cidade de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, a diretoria do sindicato dos metalúrgicos local coordenará o ato de protesto que será realizado na manhã desta quinta-feira em frente à fábrica da Ford.
No momento do horário de entrada dos trabalhadores, os sindicalistas distribuírão panfletos e os diretores vão fazer esclarecimentos através do carro de som sobre o que está em debate com as reformas de Temer.
Mobilização
O sindicato de Camaçari, filiado à CTB, obteve neste semestre uma grande vitória para os trabalhadores locais ao conseguir fechar com todas as empresas da cidade um acordo até 2017 com reajuste de 10,04% de reajuste salarial, incluindo não demissão e fim do layoff, entre outros benefícios.
A “situação diferenciada”, descrita pelo presidente do sindicato, Julio Bomfim, não impediu a mobilização para o ato de quinta-feira. “Camaçari é a única região do Estado que está em situação tranquila. As demais passam pelo drama do fechamento de empresas e demissões”, comparou o dirigente.
“O que conseguimos aqui também foi ao custo de várias paralisações de 24 horas, 48 horas, retiramos as horas extras, fizemos passeatas, diminuímos os dias de compensação. Foi resultado de mobilização e organização. A nossa luta agora é nacional contra o fim da CLT e pela reforma previdenciária que se apresenta”, descreveu Julio.
Do Portal Vermelho
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Metalúrgicos paralisam dia 29 contra reformas e em defesa dos direitos.
Marcelino durante os protestos do dia 22, em Belo Horizonte, contra as reformas trabalhista e previdenciária de Temer.
Os trabalhadores metalúrgicos são uma das categorias mais afetadas pela crise política e econômica, intensificadas no Brasil pós-golpe e com o governo de Michel Temer. Defesa do emprego, redução da taxa de juros, repúdio às reformas trabalhista e previdenciária de Temer e pela construção de um acordo coletivo nacional, por ramo de atividade, são alguns dos motivos que levam os metalúrgicos do país a paralisarem as atividades nesta quinta-feira (29).
Por Railídia Carvalho
A coordenação dos atos pelo Brasil será realizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e CST Conlutas. Serão paralisações, assembleias e greves com o apoio das centrais de trabalhadores.
“O ato deste dia 29 só foi possível após a unidade das principais entidades que representam os metalúrgicos no país. É uma base muito forte no setor automobilístico e já foi forte quando havia investimento no setor naval, que hoje está jogado às traças”, explicou Marcelino da Rocha, presidente da Fitmetal.
A indústria naval do Rio de Janeiro foi reduzida a aproximadamente cinco mil trabalhadores recentemente. De acordo com Marcelino, os metalúrgicos naquele estado chegaram a ser 80 mil.
“A nossa agenda precisa ser de muita mobilização contra as ameaças à previdência, contra a liberalidade da terceirização e contra imposição do negociado sobre o legislado. Estamos fazendo um chamado especial aos nossos filiados para que este seja um grande dia de luta dos metalúrgicos”, convocou Marcelino.
A Fitmetal existe há seis anos e mantém 400 mil trabalhadores filiados. A entidade representa especialmente trabalhadores no setor automobilístico e está presente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e Pernambuco.
Marcelino comentou a atuação do novo presidente da Petrobras Pedro Parente, que pediu autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para que a empresa importe plataformas de produção do petróleo.
“Há poucos anos discutíamos um percentual nacional de produção que definia que 60% dessas plataformas seriam produzidas no Brasil. Com esse processo de Lava Jato e golpe isso foi pra lata do lixo”, ressaltou o dirigente.
Segundo ele, a Lava Jato limitou excessivamente os investimentos no setor naval e em outros ramos da metalurgia. “Falta ao Brasil uma política definida de investimento em infraestrutura no transporte coletivo de qualidade, falta de investimento no setor naval na produção de navios e plataformas”, defendeu Marcelino.
O último levantamento sobre a participação da indústria brasileira no produto interno bruto (PIB) foi abaixo de 9%. Nos anos 70, esse percentual era de quase 30%. “Os mais atingidos por essa desindustrialização são os metalúrgicos. O atual quadro de estagnação ainda pode custar muitos empregos”, alertou o sindicalista.
Do Portal Vermelho.
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