sábado, 31 de dezembro de 2016

2016 – ano do golpe contra o povo, o Brasil e a democracia.

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O ano chega ao fim e 2016, com certeza, vai ficar na história como o ano da traição. Contra o Brasil, o povo e a democracia. E que começou muito antes, desde a divulgação do resultado da eleição de 2014 quando os perdedores iniciaram a conspiração e a preparação do golpe parlamentar, judicial e midiático concretizado em 2016.
A conspiração golpista que levou o ilegítimo e sem votos Michel Temer à presidência da República, sabotou o governo de Dilma Rousseff, paralisou o Congresso Nacional, impediu a tomada de medidas fundamentais para a continuidade do desenvolvimento e está na raiz da grave crise que esfarela a economia e levou, em 2016, ao catastrófico número que supera os 12 milhões de desempregados, com previsão de crescer ainda mais em 2017.
Esta talvez seja a principal imagem do golpe concretizado em 2016, cujo custo cai totalmente sobre os ombros dos trabalhadores.
O objetivo dos golpistas ficou claro com as medidas anunciadas desde a tomada do governo por Michel Temer, ainda em 12 de maio de 2016. Uma delas era sabotar a Operação Lava Jato para proteger os políticos que promoveram e dirigiram o golpe.
Outro objetivo é cortar os investimentos do governo, eliminar a obrigação constitucional de investir em saúde e educação, realizar a mudança reacionária no ensino médio, privatizar empresas estatais fundamentais para o desenvolvimento do país, entregar o pré-sal e submeter a Petrobras aos interesses do imperialismo.
Este programa da direita que assumiu o controle do governo é voltado para paralisar o desenvolvimento nacional e garantir o pagamento de juros gigantescos ao capital financeiro rentista e especulativo.
Tornar o governo refém deste capital rentista e especulador - esta é a política que os golpistas puseram em curso desde os primeiros momentos da tomada do poder.
A tomada de assalto ao governo começou a se concretizar em 17 de abril quando a nação assistiu, estarrecida, à sessão da Câmara dos Deputados que deu início ao processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff.
A traição estava ali desenhada com cores fortes que, já naquele momento, fizeram balançar muitos setores da população que haviam apoiado o golpe mas perceberam então o engodo em curso.
Em 12 de maio a presidenta legítima foi afastada do governo e o rejeitado Michel Temer ocupou seu lugar, iniciando uma situação de interinidade até o afastamento definitivo de Dilma, em 31 de agosto, e a concretização do golpe.
O rosto medonho do golpe já estava em curso desde 12 de maio, com a sem cerimônia com que o governo golpista mudou não só a composição do ministério mas, principalmente, a inversão radical e conservadora da orientação econômica que passou a comandar o governo federal e impôs a volta da velha e predatória política de favorecimento apenas aos muito ricos.
O desemprego alarmante não foi o único resultado - milhares de empresas foram inviabilizadas e quebraram. Estados e municípios faliram (o exemplo mais veemente é o do Rio de Janeiro) e a revolta popular se aprofundou.
Se 2016 foi o ano da derrota e traição ao Brasil e aos brasileiros, foi também o ano da enorme rejeição contra o ilegítimo Temer e os golpistas, traduzida na quase unânime condenação que as pesquisas de opinião registram.
E na resistência pertinaz e crescente contra os golpistas, que marcou 2016. E se generalizou como contraponto popular e democrático aos que, tendo tomado o poder, não puderam proclamar sua vitória mas, ao contrário, enfrentam a luta de estudantes (e as ocupações das escolas), trabalhadores, sindicalistas, intelectuais, de todos os que defendem a democracia e o progresso social.
E que não esmoreceram nem se renderam, e apontam para 2017 um crescimento ainda maior da luta para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento, geração do emprego, distribuição de renda, defesa da soberania nacional. Se o ano que finda foi marcado pela derrota, o ano que se inicia será o da intensificação da luta e da conquista da vitória do povo e da democracia.
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http://vermelho.org.br/editorial.php…

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2016-2017 – Tempo de resistência e luta, pois resistir é já vencer!


 

Vivemos um tempo marcado por graves ameaças à paz. O mundo atravessa período instável, carregado de conflitos, perigos constantes derivados das políticas de domínio do imperialismo sobre os povos.
Por José Reinaldo de Carvalho*
Em 2016, esses perigos aumentaram. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, um pregoeiro do unilateralismo e da primazia dos interesses norte-americanos, a ascensão de forças políticas de direita e extrema direita na Europa, a ação de organizações terroristas, o aumento do perigo nuclear e da militarização são algumas demonstrações disso.
Mais do que em outros momentos, repetimos com o companheiro Fidel Castro: “É preciso martelar sobre a necessidade de preservar a paz, e que nenhuma potência se dê o direito de matar milhões de seres humanos”.
Os conflitos que marcaram o ano de 2016 e o prenúncio de novos acontecimentos dramáticos nos anos vindouros estão ligados à própria natureza do imperialismo, com as contradições que engendra, as abissais e inenarráveis desigualdades sociais e nacionais que provoca e a inarredável crise multidimensional do capitalismo, um sistema incapaz de encaminhar a solução para os graves problemas que assolam a Humanidade e que mostra cada vez mais sua natureza espoliadora e opressora.
Em 2016 foi ainda mais intensa e brutal a ofensiva que o imperialismo estadunidense e forças oligárquicas regionais e nacionais desenvolveram na América Latina e no Caribe visando a derrocar os governos progressistas e de esquerda, frear e fazer retroceder as lutas por soberania nacional, integração regional solidária, desenvolvimento com justiça, progresso social, liberdade e democracia. As forças de direita na região, subordinadas ao imperialismo norte-americano, conquistaram terreno ao empalmar o poder na Argentina (final de 2015), no Brasil e tornar mais difícil o percurso da Revolução Bolivariana na Venezuela.
Em nosso país, consumou-se o golpe de Estado deflagrado por instituições políticas, jurídicas e midiáticas, instrumentalizadas pelas classes dominantes, subordinadas às potências imperialistas, inimigas da democracia, do progresso social e da soberania nacional. Classes dominantes retrógradas, que não aceitam reformas ou mudanças políticas e sociais. Um golpe de caráter antidemocrático, antipopular e antinacional.
Em meio a contradições intestinas, motivadas por interesses mesquinhos e tentando camuflar criminosos propósitos, os partidos e personalidades protagonistas do golpe, sem exceção, estão entrincheirados em torno do novo regime que criaram. Encontram-se em plena ofensiva para liquidar os direitos dos trabalhadores e do povo e alienar a soberania nacional. Malgrado o repúdio que recebem da população indignada e apesar das referidas contradições, criaram uma espécie de frente única golpista e avançam na imposição de sua agenda.
Em 2017 e nos anos vindouros, para além da esperança renovada, confiamos na capacidade dos trabalhadores e dos povos de resistir e lutar. Resistência e luta presentes em 2016, embora invisibilizada pela mídia empresarial. Em todo o mundo, é vasta, maciça e diversificada no conteúdo e nas formas a peleja dos trabalhadores por direitos sociais, pelo emprego, salários dignos, pela redução da jornada de trabalho, por serviços púbicos dignos, por educação, saúde e uma vida civilizada e culta.
Também são intensas a resistência e luta contra a ocupação de países, em defesa da soberania nacional e da autodeterminação, pela paz, contra o militarismo, as armas nucleares, o terrorismo em todas as suas formas, incluído o de Estado, praticado pelas potências imperialistas.
O ano de 2016 termina com algumas marcantes vitórias dos povos. Uma delas, incontestável, foi a assinatura dos acordos de paz na Colômbia, que culminou, nos últimos dias, com a aprovação da lei de anistia aos insurgentes. Ainda no âmbito latino-americano, são alentadores os avanços da Revolução Cubana, a resistência da Revolução Bolivariana na Venezuela, os progressos dos governos progressistas na Bolívia, Equador e Nicarágua.
Os recentes acontecimentos na Síria, como o triunfo das forças da libertação nacional em Alepo, o anúncio do cessar-fogo, fazendo surgir a possibilidade da paz no país árabe, e a vitória diplomática alcançada na ONU pela luta de libertação do povo palestino contra os agressores sionistas também enchem as forças progressistas de esperanças e convicções de que é possível sim, resistir, lutar e vencer.
No Brasil, o combate pela derrubada do regime golpista, pela defesa de direitos e da soberania nacional, e a campanha por eleições diretas antecipadas para presidente da República vão tomando forma, apesar da virulência das forças golpistas e do oportunismo de setores das classes dominantes que lançam iscas a fim de atrair as forças progressistas à armadilha da conciliação e capitulação.
A luta, e somente a luta, constitui a base objetiva para construir a ampla unidade das forças democráticas, patrióticas, progressistas e de esquerda.
Em 2017, continuaremos empenhados em resistir e lutar, convictos de que resistir é já vencer. Desistir seria morrer. Como no provérbio moçambicano, “o pior sofrimento não é ser derrotado, é não poder lutar” **.
Anima-nos a reafirmação, o desenvolvimento e enriquecimento dos princípios que fundamentam nossa existência como Partido Comunista, trouxeram-nos até aqui e nos levarão adiante. Princípios tão presentes no maior acontecimento sócio-político da História da Humanidade até os dias de hoje, a Revolução soviética, cujo centenário celebraremos em 2017.
*José Reinaldo de Carvalho é jornalista, editor de Resistência, membro do Comitê Central, Comissão Política e Secretariado do PCdoB, responsável por Política e Relações Internacionais.
**Citado por Mia Couto em Sombras da água (segundo livro da trilogia As areias do imperador).
Fonte:  Resistência

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