A resultante desse golpe no Brasil é a rápida aplicação de uma agenda ultra liberalizante. Uma toga corporativa e antipolítica produz violações contra a democracia, o ilegítimo presidente Temer aprofunda a recessão e o desemprego, eliminou direitos constitucionais que protegiam a educação e a saúde públicas e agora mira desumanizar o direito previdenciário, além de desmantelar de uma única tacada um sistema de proteção aos direitos dos trabalhadores: a CLT, a Justiça do Trabalho e os acordos coletivos. A terceirização, em vias de aprovação, aprofunda ainda mais essa violência contra a classe trabalhadora e suas organizações sindicais. No que tange à soberania nacional destaca-se o venal desmantelamento do sistema Petrobrás e do seu principal vértice: as reservas do Pré-Sal. Encerra-se o ano com a fragilização constitucional do controle brasileiro sobre essas reservas e a venda criminosa desse patrimônio nacional como se descartáveis fossem. No que pese esses intentos contra o país e do relativo consenso programático do núcleo usurpador, suas disputas internas, seu DNA corrupto e corruptor e sua ilegitimidade eleitoral fazem crescer ainda mais a crise. As incertezas sobre a continuidade do atual mandato presidencial tornam-se quase que um consenso no país. Pela direita engendra-se a alternativa de um golpe dentro do golpe. Uma eleição indireta que expressa o medo da consulta popular. No campo democrático ganha convicção a convocação de uma eleição presidencial direta. A opinião pública, além de rejeitar o atual governo, apoia essa proposta, pois percebe que ela pode dar estabilidade ao país. Diante desse quadro cresce ainda mais os desafios do movimento sindical, democrático e nacional. Foram dentro das jornadas em defesa da democracia e contra a pauta neoliberal que acumularam forças e produziram instâncias pelas quais busca-se a unidade política. São articulações que devem ser reforçadas, mas que precisam de ampliação e foco em sua pauta. As defesas da democracia, da soberania e dos direitos sociais, particularmente contra a reforma da previdência, são bandeiras objetivas e conexas com a da convocação das eleições diretas presidenciais já. Elas podem unificar o nosso povo e, sobretudo, a classe trabalhadora. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível que as centrais sindicais convoquem já no início do ano, uma plenária sindical nacional. Uma instância para produzir uma pauta e uma agenda unitária das trabalhadoras e dos trabalhadores do Brasil. A dimensão da crise e os propósitos neoliberais não nos recomenda táticas com meras demarcações políticas, pois essas promoveriam a dispersão e a nossa fragilização. Será no calor das lutas que ampliaremos a resistência e descortinaremos melhores condições para as nossas conquistas. Que venha 2017! Mãos à obra! *Divanilton Pereira, petroleiro, Secretário de Relações Internacionais da CTB e Secretário Geral Adjunto da Federação Sindical Mundial.
Do Portal Vermelho
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domingo, 1 de janeiro de 2017
2017, o ano da resistência democrática, soberana e classista.
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