domingo, 15 de janeiro de 2017

Lula diz que pode ser candidato em 2018: 'Tenho 71 anos, mas pareço jovem de 30' - Ex-presidente provoca Temer, Moro e aliados. "Neste ano, quem acha que vai me proibir de fazer as coisas por esse país pode se preparar: vou voltar"

Instituto Lula



Redação RBA


São Paulo – Em discurso marcado pelas realizações na área da educação durante seus dois mandatos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o 33º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), na noite de ontem (12), em Brasília. Durante 50 minutos, ele fez um paralelo entre as conquistas no setor que tiveram continuidade no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff e os retrocessos em menos de um ano de governo de Michel Temer (PMDB), a quem mandou vários recados.

Em um deles, que serve também ao juiz federal Sérgio Moro, Lula reforça que está de volta e disposto. "Tenho 71 anos, mas pareço jovem de 30. E este ano, quem acha que vai me proibir de fazer as coisas nesse país pode se preparar. Vou voltar a rodar esse país." 

Para "refrescar a memória" da plateia que lotou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, ele lembrou que o orçamento da educação no início de seu governo era de R$ 33 bilhões, passando para R$ 130 bilhões em 2016, o correspondente a um salto de 4.8% do PIB para 6.3% no período. E que foi aprovada a criação do fundo do pré-sal, do qual 50% seria destinado ao financiamento do ensino num esforço para o cumprimento do Plano Nacional de Educação que prevê a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) pela União até o final do decênio de vigência do plano.

Lula disse que neste ano pretende discutir com Temer e aliados o caminho para tirar o país da lama. "Para isso há uma palavra miraculosa: voltar a criar 'emprego' nesse país. Precisamos também garantir que o Estado volte a funcionar, que a economia se recupere – o que não é possível com essa taxa de juros. Os estados estão quebrados, as prefeituras também. Há prefeitos que não conseguiram pagar o 13º de seus servidores. Se eu voltar, eu creio que esse país pode se recuperar." 

Saindo em defesa de Dilma, disse ser inaceitável que a gestão Temer, com apoio da mídia, acuse seu governo de "ter quebrado o país". E afirmou que, desde a reeleição da presidenta, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, trabalhou para que nenhuma de suas reformas fossem aprovadas. "Quem quebrou o país foram eles, os golpistas. Essa gente está impedindo o Brasil de ser competitivo. Jogam fora a oportunidade de o país ser uma grande nação através da educação."

 O ex-presidente não poupou críticas a Temer. "Não tem possibilidade de ter credibilidade alguém que chegou ao poder dando um golpe e que construiu uma mentira deslavada. Todo mundo tem o direito de ser o presidente desse país. Mas pelo menos que seja ético para disputar uma eleição", provocou.

Avanço conservador sobre direitos marca início do Congresso da CNTE 

O avanço da direita e de políticas que reduzem direitos sociais e trabalhistas no Brasil e em vários países foi o principal tema abordado pelas lideranças de trabalhadores da educação no seminário internacional realizado nesta quinta-feira no âmbito do 33º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. O evento será encerrado neste domingo (15), em Brasília.

“Creio que temos a grande tarefa de combater, cada um de nós, em nossos países, essa tendência de repressão aos sindicatos pelos governos de direita que chegam ao poder”, disse o presidente da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL) e da Central de Trabalhadores da Argentina, Hugo Yasky.

A perda de direitos, o arrocho salarial e a privatização dos serviços públicos que sucederam o golpe de estado imposto em Honduras em 2009 foi lembrado por Elias Muñoz, dirigente do Colégio de Professores daquele país. “Logo após o golpe teve início um processo de privatização e de retirada de direitos. Em 7 anos de governo não tivemos mais reajuste salarial e muitos outros direitos têm sido violados. E foram privatizados a educação, saúde, energia elétrica, água e telefonia, e recursos naturais, florestas, foram entregues ao controle privado”, disse. 

"A defesa da escola pública, pela valorização profissional, a melhoria da qualidade do ensino na rede pública numa perspectiva inclusiva, para todos, bem como o combate à privatização e à mercantilização da educação, é uma luta de todos, em todos os países", disse o presidente da CNTE, Roberto Leão.

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