terça-feira, 26 de agosto de 2014

Em desespero, Aécio promete $ pra todos.

Aécio Neves - Apresentação do promessômetro do governo Dilma Rousseff


Por Miguel do Rosário


A ascensão avassaladora de Marina Silva nos trackings das pesquisas dos partidos, alijando Aécio Neves do segundo turno, trouxe desespero à campanha tucana. Abandonando o discurso das “medidas impopulares” e da austeridade, o tucano agora começou a prometer dinheiro para todo mundo.

Estudantes terão R$ 3 mil em dinheiro contante, dados pelo governo federal, ao concluírem o ensino médio. Aposentados terão um “extra” para comprar remédios. O bolsa família será aumentado em 10%.

Quem acredita nisso, como gosta de citar um blogueiro, acredita em tudo.

A velha política, como sempre, arrombou os portões do liberalismo tatcherista que Aécio vinha namorando até então, com base na relação provinciana, quase subalterna, do PSDB mineiro com a grande imprensa carioca e paulista.

Ele partiu para o vale tudo.

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A semana eleitoral promete ser barra pesada, sobretudo por parte do PSDB, que enfrenta momentos decisivos para ir ou não ao segundo turno. As promessas estapafúrdias refletem esse nervosismo.

Por isso mesmo, vale rir um pouco, lembrando comentários recentes da figura que inspirou o Professor Hariovaldo: Merval Pereira.

Nos últimos dias, Merval previu, por duas vezes, que Dilma poderá ficar de fora no segundo turno. Este seria disputado por Aécio e Marina.

No dia 17, Merval, já assustado com as consequências da entrada de Marina no cenário, tentava elevar o preço de seu candidato, Aécio, dizendo que ele era “o mais próximo da figura política de Eduardo Campos”. E conclui que há a possibilidade, “remota embora, de que o segundo turno seja contra Marina, e não contra Dilma”.

No dia 20, o colunista volta à carga, e diz que “a princípio, a disputa com Dilma se dará no segundo turno, mas também não é possível deixar de marcar um triplo na definição de quem estará lá. Embora seja improvável, até mesmo por que a presidente vem se recuperando na aprovação do governo, o voto útil pode feri-la de morte.”

O “triplo na definição de quem estará lá” é, novamente, Aécio e Marina no segundo turno; Dilma de fora.

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Os jornais de hoje silenciam sobre a “delação premiada” de Paulo Roberto Costa. O Globo apenas a menciona en passant, em matéria sobre Dilma. É comovente a campanha do jornal em prol de Aécio. A sua promessa de dar dinheiro para os idosos figura na capa. Essa vai direto para o Manchetômetro, na barrinha azul de positivo.

No miolo, na página dedicada aos candidatos, ele ocupa a maior parte.

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Lá está Aécio, dançando com uma velhinha, e prometendo mundos e fundos.

Dilma, por sua vez, aparece associada às “denúncias” da Petrobrás. O jornal diz que Dilma “não quis, porém, falar sobre a possível delação premiada de Costa, alegando tratar-se de uma pessoa presa”.

Ora, se ela cita o caso Costa, então ela não só quis falar como falou, não é?

Repare ainda que o Globo agora fala em “possível delação premiada”.

Ué, na sexta-feira o jornal não dera manchetão dizendo que Costa “aceita” fazer delação premiada.

Agora é apenas “possível”?

A notícia mudou e ninguém avisou?

É a filosofia do “testando hipóteses”. Se Costa fizer delação premiada, beleza. Se não, paciência. A gente arruma outro escândalo.

Aliás, temos que falar sobre a Petrobrás. A tentativa da oposição de usar a Petrobrás como um assunto negativo para o governo é o reflexo do fracasso retumbante da comunicação federal. A estatal foi a petrolífera que mais achou novas reservas, em todo mundo. Foi a petrolífera que mais aumentou sua produção no mundo. A que mais investiu no mundo, em novos campos exploratórios e novas refinarias. Não há, tirante talvez na Noruega, país petrolífero com um conjunto de leis – todas aprovadas recentemente – mais progressistas em relação ao uso dos royalties do petróleo. Que país tem leis que obrigarão a investir 75% da renda do petróleo em educação e 25% em saúde?

A refinaria de Pasadena, na concepção ridiculamente partidária do TCU, deu prejuízo de R$ 700 milhões. Ora, só este ano ela é capaz de dar um lucro superior a este valor.

Graça Foster é uma ótima presidenta “técnica”, mas a sua relação com os lobos da mídia é profundamente provinciana, amedrontada, qual um caipira visitando a metrópole pela primeira vez.

Essa situação, inclusive, esclareceu-me uma coisa. À mídia interessa pintar sempre um quadro negro do país, e esconder os feitos do governo, para forçar o Estado a aumentar os gastos com publicidade. É uma jogada inteligente. E deu certo.



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Marina é tudo ou nada em um mesmo formato.



Qual Marina o eleitor conhece? A combatente dos seringueiros e povos da floresta, quando militante do PT? Ou a personalização da negação à política como elemento transformador da sociedade, desde que abandonou o governo Lula? O Itaú apoia a segunda...

Qual Marina o eleitor conhece? A combatente dos seringueiros e povos da floresta, quando militante do PT? Ou a personalização da negação à política como elemento transformador da sociedade, desde que abandonou o governo Lula? O Itaú apoia a segunda…

Extraída a aura mítica que a grande imprensa criou para Marina Silva, desde que ela abandonou o ministério do governo Lula em 2008 e, logo em seguida, o PT, para candidatar-se a presidência em 2010, o que lhe resta?

É sabido seu discurso por parte do povo brasileiro?

Aos que enxergam nela a novidade ou redenção do país, o que exatamente idealizam em sua figura?

Aqueles que a exaltam e confiam nos seus rebuscados e presunçosos discursos, o que compreendem como diferença de tudo o que está posto na política brasileira?

A impressão que fica é que Marina não é de carne e osso, é um produto criado para convencimento daqueles que rejeitam a política como meio de transformação da sociedade, este é o seu uso tópico.

Uma das melhores definições sobre esta imagem projetada sobre o povo brasileiro, veio da coordenadora de sua campanha, atual colega de partido e outrora também no PT, Luiza Erundina: “Marina Silva desorganiza e deseduca a sociedade”.

A imposição de sua candidatura pelos agentes mais conservadores do cenário político e econômico, nada mais é que, simplificando ao máximo este texto, a negação suprema dos valores da coletividade, das virtudes da sociedade organizada e, ao mesmo tempo, a afirmação de que uma oferta meramente personalista, porém incapaz de gerar um impulso transformador na sociedade, seria a solução de todos os problemas (exceto aqueles inúmeros que, inevitavelmente, poderá criar).

Marina é tudo, em suas arrogância e formato, e nada em seu enunciado vácuo.

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