domingo, 4 de janeiro de 2015

Marta versus Mantega.

marta e mantega

Minha amiga Maristella Debenest falava sobre duas ausências previsíveis na posse de Dilma e na diferença de caráter dos dois personagens. Referia-se a Marta Suplicy e Guido Mantega.
Mantega ficou oito anos no Ministério da Fazenda e foi fritado nos últimos meses. Acabou demitido por Dilma em setembro, numa entrevista em que ela falou em “governo novo, equipe nova”.
O chefe da política econômica do segundo governo Lula e do primeiro mandato de Dilma sempre teve um perfil baixo. Disse a amigos agora que deseja voltar a dar aulas na FGV, em São Paulo. Não deu entrevistas bombásticas, não atirou, não saiu culpando o diabo e as circunstâncias.
Marta, no extremo oposto, parece fazer um esforço enorme para confirmar o que sugerem as aparências: trata-se de um pote até aqui de mágoa.
Primeiro a saída histriônica da Cultura, com comunicado no Facebook, enquanto a chefe se encontrava no Catar. O texto autoelogioso aproveitava para dar uma cotovelada em Mantega. “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora [Dilma] seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada”, escreveu.
Diante da nomeação de Juca Ferreira para seu lugar, novo “desabafo”, desta vez com direito a um chute em Alexandre Padilha (responsável por anunciar Ferreira). “A população brasileira não faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu”, denunciou.
Os “desmandos” de Juca Ferreira merecem ser conhecidos da sociedade, de preferência de maneira detalhada e responsável. O que Marta está fazendo, no entanto, é causar barulho e confusão de modo a aparecer e, em última análise, ser expulsa como mártir.
Em 2012, ao assumir a pasta, Marta elogiou publicamente Ferreira, afirmando que “o Ministério da Cultura mudou paradigmas, se organizou com uma nova estrutura e visão nacional”.
Ela quer tentar a prefeitura de São Paulo em 2016, pelo PT ou pelo PMDB. O projeto de Marta é Marta. Não é o primeiro caso de político arrogante e vaidoso e não será o último, mas é um marco. Sua obra não resiste a sua atitude.
Ao contrário de Mantega, Marta não vai escrever um livro ou dar aula seja lá onde for. Sua ambição indica um caminho parecido com o de Marina Silva — não necessariamente em número de votos, mas no que diz respeito ao rancor que move sua carreira.
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AÍ, SIM : FHC EM 1.995, SEGUNDO PEDRO BIAL.


Primeiro ano de Governo Fernando Henrique Cardoso,1995.


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CORA RONAI TEVE O QUE MERECEU.

Esta roupa não foi elogiada pelos internautas
Esta roupa não foi elogiada pelos internautas.

Quando penso no caso Cora Ronai-Dilma, me ocorre o final de Breaking Bad.
“Acho que tive o que mereci”, diz a música que fecha a série, um perfeito epitáfio para Walt.
Sem autolamúrias, sem vitimização, sem lágrimas hipócritas.
Cora Ronai despejou ódio sobre Dilma ao escrever tuítes sobre a aparência dela na posse.
E recebeu de volta, dos militantes petistas, a mesma mercadoria: ódio.
Faz tempo que, nas redes sociais, Cora Ronai vem batendo em Dilma. “Não suporto a Dilma”, escreveu ela há algum tempo.
Recentemente, Graça Foster também foi alvo. Como com Dilma, Cora atacou a aparência de Graça. Neste caso, com uma hipocrisia extraordinária.
Cora afirmou que não concorda, aspas, com os que falam de Graça sob o aspecto estético. Mas, ao escrever isso, ela estava exatamente chamando a atenção para a imagem de Graça.
Chamou-a também, sarcasticamente, de “Graciosa”, a pretexto de que é assim que Dilma se dirige a ela.
Cora Ronai é, em suma, mais um dos jornalistas da Globo visceralmente antipetistas.
A diferença entre as agressões anteriores a Dilma e esta feita na posse é que agora o conteúdo dos insultos foi dar em simpatizantes de Dilma, por meio de retuítes.
E então eles reagiram.
Antes, o veneno de Cora ficava circunscrito a um pequeno grupo de seguidores antipetistas que a incentivavam.
A indignação da militância se ampliou quando se viu que Míriam Leitão, simplesmente abominada pelos petistas, se juntou à amiga Cora no ataque à aparência de Dilma.
As respostas dos militantes às duas não podem ser definidas exatamente como um triunfo da civilização, mas foram um reflexo perfeito dos comentários presunçosos e cheios de ódio das duas jornalistas da Globo.
O principal argumento foi: qual a autoridade que Cora e Míriam têm para falar das roupas, do modo de andar, da aparência de Dilma?
Fotos de Cora nas redes sociais foram buscadas e publicadas nas respostas. Houve uma justiça poética nisso: ela foi exposta ao mesmo tipo de julgamento que impôs a Dilma e, antes, a Graça Foster.
Julgou pela aparência, e com ódio. Foi julgada pela aparência, e com ódio.
Cora é uma mulher inteligente, e poderia ter aprendido uma lição aí. Mas, aparentemente, não foi o que aconteceu.
Ela partiu para o contra ataque. Chamou os petistas de “matilha” e, num falso pedido de desculpas, definiu a reeleição de Dilma como uma “tragédia”.
Tragédia para quem? Para ela? Para a Globo? Para Aécio?
Cora Ronai ouviu, de centenas de pessoas, o mesmo tipo de coisa que disse sobre Dilma.
Agora ela sabe quanto doi ser julgada pela aparência por gente que a odeia.
Como o professor Walt de Breaking Bad, teve o que mereceu.

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