domingo, 26 de julho de 2015

Isto É queima a largada do impeachment em favor do "Temer presidente"




Dilma sequer sentiu o golpe - e talvez nem seja o caso - da perda de mandato, mas a revista já apontou Temer como o "pacificador" necessário à Presidência - seja agora ou em 2018.
Jornal GGN - Desde que foi reeleita, a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrenta um terceiro turno árduo, que abriu espaço para investidas que vão desde a tentativa de recontagem de votos até ameaças de perda de mandato em ao menos duas frentes distintas: no Tribunal Superior Eleitoral, por supostos crimes na campanha de 2014, e no Congresso, a depender da temperatura do Legislativo após uma eventual rejeição, no Tribunal de Contas da União, do exercício fiscal do governo no ano passado.
Os dois cenários são vistos com otimismo pela oposição, que anseia pelo momento certo para plantar a semente do impeachment. Mas com tantos interesses e incertezas em jogo, é possível que a presidente - como defendem seus ministros escudeiros - permaneça no posto até o fim. 
A considerar os fatos, seria cedo para questionar se o caminho que os arquitetos do impeachment pavimentam terá sucesso e se inclui ou não a queda do vice-presidente Michel Temer. Mas para a revista Isto É, a hora é agora, e Temer não cai. Pelo contrário: o presidente nacional do PMDB é o "pacificador" ideal para suceder Dilma em caso de deposição. Nos bastidores, aliás, Temer já estaria se preparando para assumir a missão de unificar o país "com ou sem Dilma no Planalto".
Segundo a edição deste final de semana, Temer tem dito a interlocutores que "caso o governo se inviabilize politicamente, não será ao lado de [Eduardo] Cunha [presidente da Câmara] e Renan [Calheiros, presidente do Senado] que ele buscará a recomposição nacional." Nada disso. Temer está disposto a esquecer que faz parte de um multifacetado PMDB para governar ao lado de figuras como "o ex-senador Pedro Simon, os ex-ministros do STF Carlos Ayres Brito e Joaquim Barbosa, o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar" e Marina Silva.
Outra demonstração de "alternativa real de poder" por parte de Temer é o congresso do PMDB, marcado para 15 de outubro, ocasião em que serão apresentados ao País "um novo estatuto e 15 propostas concretas para o Brasil".
Para construir essas propostas, "Temer tem se reunido com empresários, sindicalistas, representantes do agronegócio, membros do Judiciário e líderes de diversos partidos, inclusive da atual oposição como o DEM e o PSDB. Emissários do vice-presidente conversam semanalmente com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso." 
"A alguns desses interlocutores Temer já manifestou que o PMDB deve lançar candidato próprio em 2018, mas que abrirá mão de disputar a eleição caso venha a ocupar a Presidência em razão de um impeachment de Dilma. Nesse cenário, afirma que chamara Lula, Marina Silva, Aécio Neves e outros presidenciáveis e dirá a eles para que construam suas candidaturas enquanto permitam que o governo trabalhe para recolocar o País nos trilhos, sem abrir mão do combate à corrupção."
Isto É destacou que as virtudes que tornam Temer um substituto perfeito para Dilma são tantas que extrapolaram os limites geográficos. Recentemente, ele "ganhou destaque no exterior depois de sua atuação em Nova York, onde permaneceu da segunda-feira 20 até a quarta-feira 22. Deu palestra em evento com advogados americanos e alunos da Universidade de Cornell e teve encontros reservados com empresários do setor de infra-estrutura." Um jornal estadunidense chamou Temer de "primeiro-ministro", após a viagem.
O poder e a Lava Jato.
Para a revista, "quanto mais a Lava Jato agrava a crise política, mais aumenta a importância do vice. Não é à toa que nos últimos meses o Palácio do Jaburu, sede da vice-presidência da República tem se transformado em destino principal de diversas romarias. Cansados das negativas, indiferença e rispidez da presidente Dilma Rousseff, parlamentares da base, governadores, ministros petistas, representantes de associações empresariais e sindicais, militares de alta patente, presidentes de órgãos do Judiciário e, até mesmo, integrantes da oposição buscam o gabinete de Michel Temer para suprir a falta de diálogo da Presidência."
A revista ainda computa a quantidade de visitas que Temer recebeu só no início deste mês, esquecendo de informar que, à parte o prestígio natural do vice, foi Dilma quem entregou a ele a coordenação política do governo e o passe livre para dialogar com quem quer que seja em nome da governabilidade.

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