segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Jean Wyllys parte e o clã Bolsonaro naufraga - Wyllys sempre foi contra uma política sectária e propôs uma aliança dos setores progressistas, numa frente ampla que deveria apresentar-se como uma alternativa a este governo entreguista e antinacional.

Jean Wyllys anunciou que vai abrir mão do mandato de deputado federal e deixar o Brasil (AFP/BBC News Brasil)
Créditos da foto: Jean Wyllys anunciou que vai abrir mão do mandato de deputado federal e deixar o Brasil (AFP/BBC News Brasil)


Por Luiz Alberto Gómez de Souza


Jean Wyllys foi uma das valentes vozes no Congresso Nacional em defesa dos LGBT. Três vezes deputado federal pelo PSOL, renuncia agora a seu mandato e parte para o exterior. Ficou conhecido ao cuspir no então deputado Jair Bolsonaro quando este, na sessão do impeachment de Dilma Rousseff, homenageou o coronal Brilhante Ustra, condenado como torturador de presos políticos, entre outros da própria presidenta.
À diferença de outros deputados, alguns do próprio PSOL, Wyllys sempre foi contra uma política sectária e propôs uma aliança dos setores progressistas, numa frente ampla que deveria apresentar-se como uma alternativa a este governo entreguista e antinacional.
Desde a morte de Marielle Franco, sua amiga, Wyllys vive com escolta policial. Tem sido muito atacado nas redes sociais e venceu um processo de difamação contra o artista pornô Alexandre Frota, que o acusara falsamente de pregar a pedofilia. Relata que Pepe Mujica lhe teria dito: "Rapaz, se cuide. Os mártires não são herois". Deixa o país por sua segurança pessoal e para dedicar-se a um doutorado.
O substituto de Wyllys, na Câmara, é o até então vereador David Miranda, negro, favelado e gay, casado com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald. A causa LGBT segue em outras mãos.
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Por outro lado, a situação política vai se liquefazendo, com a atuação do clã Bolsonaro. O pai, lá de Davos, tenta defender seu filho Flávio, "meu menino", envolvido em caixa dois na Assembléia estadual do Rio e agora com suas ligações com a milícia. Recentemente se descobriu que um possível chefe das milícias do Escritório do Crime, o ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega, foragido e procurado no caso Marielle, teve anteriormente suas mulher e mãe nomeadas como assessoras parlamentares do então deputado estadual, agora senador eleito, Flávio Bolsonaro. Este homenageou, na Assembléia do Rio de Janeiro, policiais que viriam a ser acusados de integrar milícias.
Para aqueles que, ingenuamente, votaram em Jair Bolsonaro esperando um clima de transparência, paz e segurança, é um momento de perplexidade e de necessária revisão.
Aliás, o vice Mourão acaba de promulgar uma medida pela qual, burocratas menores podem considerar, como secretas ou ultra secretas, informações por um período de 15 ou 25 anos. Um atentado à liberdade de informação e que fortalecerá a impunidade de membros do governo. O contrário da transparência. Pior do que nos governos militares e seus agentes da censura.
Aliás, em Davos, Bolsonaro mostrou sua enorme incapacidade. Leu mal um discurso vazio de seis minutos, sem usar os quarenta à sua disposição, como alguém que aprende a ler e escande palavras num mesmo tom inexpressivo. Sob pretexto de saúde, anulou encontros públicos programados com anterioridade. Lula, em Davos, falou hora e meia em 2003 e terminou ovacionado. Novamente falou em 2005 e 2007. Dilma em 2014.
Os governos de Jânio, com sua vassoura e Collor com seus marajás, caíram fruto de suas contradições entre o que proclamavam e o que fizeram. Este governo se esfarela, fruto de despreparo, inabilidade e duplicidade. Até quando se manterá?
A feroz campanha de O Globo indica que os setores dominantes não confiam nele. Tentam preparar o quê? Se Bolsonaro e Mourão caírem, assumirá provisoriamente o presidente da Câmara. Daí ser tão importante para o sistema a eleição de Rodrigo Maia, político para ele confiável. Competiria a este chamar a eleições.
Quem viria depois? Para esse sistema, Moro seria talvez o mais seguro, preparado nos Estados Unidos, fiel executor do que lhe tem sido pedido, desde sua atuação na lava-jato, usada antes de tudo para tirar Lula e o PT da vida política. Em Davos, Moro se cala e se esconde. Quer preservar-se diante de uma possível crise governamental? Outro candidato seria Dória, com ambição desmedida de sempre querer galgar mais um degrau no poder.
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O trágico é que os setores progressistas estão imobilizados ou empantanados em disputas menores, rancores e passos em falso, como a ida de Gleisi à Venezuela.
Em contrapartida, Fernando Haddad entrou em contato com Bertie Sanders dos Estados Unidos e Yanis Varoufakis, ex-ministro grego, na tentativa de articular uma Internacional Progressista em defesa da democracia. Recentemente encontrou dirigentes de Podemos espanhol. Terá liberdade dentro do PT para essa grande abertura? E este partido aceitará construir, como no Uruguai, uma frente ampla sem hegemonias? E como se posicionarão o PSOL, o PC do B, o PSB ou o PDT?
Mais importante do que partidos, será a presença de forças e movimentos sociais na base de um país em terrível crise. Na Espanha tudo começou com o M15 irreverente em Madri e com os Indignados em Barcelona, para chegar ao Podemos. O Giles Jaunes da França escapou ao controle do governo e dos partidos, como um grande movimento de protesto. Poderá coagular em algo sério adiante? A experiência da aliança da Geringonça em Portugal mostra bons frutos. E a eleição de López Obrador no México.
Que nos espera no Brasil pela frente? João XXIII falou, numa Igreja que envelhecia, de uma "flor de inesperada primavera". Antes de tudo não perder a esperança, procurar sinais em práticas criadoras portadoras de futuro, "utopias surgindo no meio de nós", cultivar o desabrochar incipiente de um possível amanhã. Carlos Drummond cantou:
Uma flor nasceu na rua!

Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.

Carta Maior

Flávio Bolsonaro está na capa das revistas e não é por boniteza - O simpático rosto de Flávio – filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro – estampa as edições de todas as quatro revistas semanais de informação do país neste final de semana. Veja, Época, IstoÉ e CartaCapital destacam as lambanças e suspeitas de crimes envolvendo o senador eleito do PSL e analisam os impactos do escândalo na incipiente era bolsonarista.

 



A reportagem de capa de Época desta semana mostra a trajetória de Flávio, de 37 anos, tido como o menos radical entre os irmãos e, até então, como o mais promissor dos filhos de Jair Bolsonaro na política. Senador eleito pelo Rio de Janeiro com quase 4,5 milhões de votos, tinha planos ambiciosos.

A revista também mostra como surgiu o Escritório do Crime e as suspeitas do envolvimento dessa quadrilha de matadores com os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Época diz ainda que novas revelações sobre Fabrício Queiroz emparedam o governo.

Na revista IstoÉ, a reportagem de capa aponta que “movimentações financeiras atípicas, com características de lavagem de dinheiro, suspeitas de apropriação dos salários de assessores, ligações de seu gabinete com milicianos do Rio e enriquecimento desproporcional são alguns dos questionamentos que envolvem o senador eleito Flávio Bolsonaro, o primogênito do presidente”

Já a revista Veja fala das “lambanças” do “filho pródigo” do presidente e afirma que teve acesso a trechos inéditos do relatório do Coaf sobre ações do ex-assessor Fabrício Queiroz que levanta suspeita sobre conta do próprio senador eleito.

Num destes trechos, diz a revista, “o conselho informa que Flavio Bolsonaro movimentou, entre 1º de agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2018, a quantia de 632 229 reais, valor considerado incompatível com sua renda. Foram 337 508 reais em créditos e 294 721 em débitos. O Coaf resumiu assim a situação: “Suspeição: nossa comunicação foi motivada em razão de o cliente movimentar recursos superiores a sua capacidade financeira”. Trocando em miúdos: entendeu-se que as rendas de Bolsonaro não eram suficientes para explicar aquele volume de dinheiro em sua conta bancária.”

CartaCapital, a única das revistas semanais com viés mais progressista, destaca os “laços sombrios” de Flávio com milicianos do Rio de Janeiro. A reportagem de capa destaca que, como deputado estadual no Rio, Flávio empregou a mãe e a esposa de um dos chefes da milícia das favelas de Rio das Pedras e Muzema, propôs condecorações e fez discursos a favor de milícias.

“Há mais razões para desconfiar de vínculos do primogênito do presidente Jair Bolsonaro com a milícia que acaba de ser denunciada pelo Ministério Público (MP)? Há: a eleição do atual governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, em outubro passado. Na reta final da campanha no primeiro turno, Flávio e Witzel aliaram-se. Participaram unidos de compromissos eleitorais. Em 22 de setembro, por exemplo, estiveram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Era um ato de Flávio. “Agradeço também a presença aqui do candidato Wilson Witzel, que estamos acompanhando em algumas agendas”, disse o então concorrente ao Senado”, diz a reportagem.


Portal Vermelho


domingo, 27 de janeiro de 2019

Bolsonaro: Entre a Degola e a Coleira. - A incompetência, mediocridade, ignorância, arrogância e violência só podiam gerar o caos. Depois de Davos, a desmoralização do governo brasileiro tornou-se definitivamente internacional.

(Stringer/Reuters)


Por Liszt Vieira


Após 3 semanas de (des)governo, aconteceu o que se esperava. A incompetência, mediocridade, ignorância, arrogância e violência só podiam gerar o caos. O baixo nível do Ministério só contribui para piorar. Depois de Davos, a desmoralização do governo brasileiro tornou-se definitivamente internacional.

 Em meio a esse pântano de irracionalidade, há alguns segmentos racionais. São eles: 

1) Alguns generais de direita que põem limites às alucinações presidenciais, como foi o caso da base militar americana no Brasil ou da transferência da embaixada para Jerusalém.

2) Sergio Moro, embora muito enfraquecido, porque se vê obrigado a engolir a corrupção e a cumplicidade da famiglia bolsonaro com o crime organizado das milícias, 

3) Paulo Guedes, representando o Deus Mercado que acha ótimo o presidente não entender nada de economia.

Temos pela frente duas possibilidades. Alguns jornalistas afirmaram que o governo se aproxima do final, pelo impeachment ou renúncia. Creio que ainda é cedo para essa previsão. Não sabemos ainda se o Governo vai conseguir maioria para aprovar as chamadas Reformas, principalmente a da Previdência. A desmoralização do Executivo provoca, indiretamente, o fortalecimento do Legislativo, onde tem peso o baixo clero, a turma do "toma lá, dá cá".

A hipótese de renúncia é improvável. Ninguém renuncia ao poder se não for forçado a isso. O caso, já citado, do ex presidente Jânio Quadros foi diferente. Ele fez uma manobra achando que o Congresso ia votar a seu favor e que ele voltaria ao Poder nos braços do povo. Por proposta do então deputado Almino Afonso, o Congresso decidiu que renúncia é um ato unilateral de vontade e que não cabia votação. Aprendiz de feiticeiro, o feitiço de Jânio voltou-se contra ele.

Por outro lado, ainda não se conhece a correlação de forças na Câmara dos Deputados. E os deputados do partido do presidente fazem parte todos do baixo clero. Viajaram à China, contrariando o guru do presidente, Olavo de Carvalho, que dos EUA, onde mora, reclamou e excomungou os parlamentares do PSL.

A outra possibilidade é a de um presidente fantoche, segurado na coleira pelos generais do governo. Vai ficar falando sobre armas, escola sem partido, criticando o PT, as terras indígenas etc, sempre imitando Trump com frases curtas via twitter ou whatsapp, mas não vai decidir nada de importante.

Essa hipótese supõe um controle estrito sobre a fala e as ações do presidente. Sobre a fala não parece haver problema. Ele diz uma coisa, os militares vetam, e ele desdiz. Já ocorreu várias vezes, vai continuar ocorrendo. 

No que se refere às ações, o problema será mais difícil de resolver. Nenhuma coleira conseguirá controlar os impulsos emocionais e completamente irracionais do presidente eleito. Em seus 27 anos chafurdando no baixo clero da Câmara dos Deputados, ele se destacou apenas por defender tortura, estupro, guerra civil, violência das milícias e grupos de extermínio, e por discriminar mulher, negro, gay e índio. Assim, se ele ultrapassar o limite, a coleira pode converter-se em degola.

Outro fator que certamente vai desgastar o (des)equilíbrio emocional do presidente é o conflito entre a agenda econômica neoliberal do Guedes e seu passado "sindicalista" de defender aumento de salário para militares e policiais. A reforma da Previdência será o primeiro confronto, mas não o único.

Ainda é cedo para dizer qual dessas duas hipóteses - degola ou coleira - é a mais provável. Ambas são possíveis. E ambas descortinam um horizonte sombrio. Basta ver o recente decreto do presidente em exercício, general Mourão, publicado em 24/1 passado, alterando as regras da Lei de Acesso à Informação e permitindo que assessores com cargo de comissão DAS-6 imponham sigilo a dados do governo que podem tornar-se secretos por 25 anos. E Moro continua fazendo cara de paisagem.

Vão varrer a corrupção para baixo do tapete. Quanto menor a transparência, maior o autoritarismo e menor a democracia. Mas é bom não esquecer que tudo isso, paradoxalmente, pode fortalecer as forças democráticas que serão obrigadas a redobrar esforços e lutar com mais afinco para assegurar a sobrevivência da democracia no Brasil.

Liszt Vieira é Professor da PUC-Rio


Carta Maior


Brumadinho – a lógica do lucro que prevalece sob Bolsonaro.

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O desastre ocorrido nesta sexta-feira (25), em Brumadinho (MG), que já foi descrito como uma “tragédia anunciada” poderá infelizmente ser o prenúncio de outras calamidades, prevalecendo no governo brasileiro a orientação imprudente e funesta que só favorece o lucro empresarial e rejeita a fiscalização rigorosa sobre as atividades das empresas, principalmente daquelas cuja atividade atinge populações e o meio ambiente. Tudo indica que a concepção que rompe com o necessário equilíbrio entre proteção ambiental e desenvolvimento prevalece num governo onde o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - que, em tese, deveria implementar a fiscalização - considera o órgão responsável por ela, o Ibama, uma "fábrica de multas".

O desastre ocorrido em Brumadinho atingiu várias cidades da região, com impacto na vida de milhares de pessoas, e indica que centenas de vítimas fatais agravará ainda mais a tragédia - a lista de desaparecidos divulgada pela empresa responsável pela Mina do Feijão, pela barragem e pelo desastre, a mineradora Vale, relaciona o nome de quatrocentas pessoas desaparecidas. A exemplo do que ocorreu em Mariana, há pouco mais de três anos, as consequências ambientais, econômicas e sociais ainda se estenderão por muito tempo e algumas de modo irreversível.

Fundada em 1942, no primeiro governo de Getúlio Vargas, a Vale, que originalmente denominava-se Companhia Vale do rio Doce (CVRD), foi privatizada em 1997, no governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Seu lucro, em 2017, que superou os 17 bilhões de reais, a coloca entre as maiores mineradoras do mundo. No entanto, apesar das promessas, o que se vê é o lucro aumentar e os cuidados ambientais e com as condições de trabalho de seus funcionários diminui.

Além da trágica dimensão humana, o rompimento da barragem em Brumadinho – que acontece há pouco mais de 3 anos após desastre semelhante ocorrido em Mariana (MG), igualmente envolvendo a Vale - tem outra terrível conseqüência: a destruição do meio ambiente. Vazaram cerva de 14 milhões de metros cúbicos de dejetos, lançados na bacia hidrográfica, e que atingiram o rio Paraopeba, um importante afluente do Rio São Francisco – cujo leito, já martirizado pelo descaso ambiental e pelo desmatamento, poderá ficar comprometido com a poluição resultante de mais essa tragédia, com graves consequências ambientais.

A tragédia de Brumadinho pode ser vista como uma infeliz metáfora da caótica situação vivida pelo Brasil desde o golpe do traidor Michel Temer, que tomou o governo de assalto 2016. Situação que prossegue agravada sob o comando do direitista ultraliberalJair Bolsonaro. Como em Brumadinho, é sobre o povo e o meio ambiente que recai o custo da lógica imperante, que favorece a ganância do capital e o lucro empresarial. Bolsonaro é um crítico ferrenho das políticas sociais, trabalhistas e ambientais de governos anteriores. Em Brumadinho as vítimas são os trabalhadores e o meio ambiente. O desastre, ocorrido no mês inicial do governo de Jair Bolsonaro, pode ser, infelizmente, um retrato de seu descaso com o povo, os trabalhadores... e o meio ambiente.

Portal Vermelho


sábado, 26 de janeiro de 2019

Ameaçado de morte por seguidores de Bolsonaro, Jean Wyllys abandona seu mandato e vai embora do Brasil - Wyllys se encontra de férias fora do país, e assegurou que não pensa em voltar, devido às constantes ameaças recebidas. O agora ex-deputado citou uma conversa que teve com o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica para justificar sua decisão: ''me disse que os mártires não sempre são recordados como heróis, e que eu tenho o direito de priorizar minha vida diante dessas ameaças''


Eleito com 24.295 votos nas eleições de outubro no Rio, Wyllys fez despedida em sua conta de Twitter (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Créditos da foto: Eleito com 24.295 votos nas eleições de outubro no Rio, Wyllys fez despedida em sua conta de Twitter (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)




As informações são do diário Folha de São Paulo, que publicou nesta quinta-feira (24/1) uma entrevista onde afirma que o deputado federal brasileiro Jean Wyllys, um dos mais conhecidos e relevantes ativistas políticos da causa LGBTI em seu país, e recentemente eleito para seu terceiro mandato no Congresso, decidiu abandonar seu cargo por causa das constantes ameaças de morte dirigidas a ele pelos seguidores do novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Eleito pela terceira vez como deputado pelo Estado do Rio de Janeiro, Wyllys se encontra de férias fora do Brasil (não foi revelado em que país), mas afirmou que não pensa em regressar, porque precisa cuidar de sua integridade física, e citou uma conversa que teve com o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica para justificar sua decisão: “ele me disse que os mártires nem sempre são recordados como heróis, e que eu tenho o direito de priorizar minha vida diante dessas ameaças”, contou o agora ex-deputado.

É importante destacar que Wyllys é integrante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o mesmo de Marielle Franco, a vereadora carioca que foi assassinada em março de 2018, após dois anos sendo ameaçada de morte por impulsar uma agenda de defesa dos direitos humanos. Ademais, nesta semana se descobriu um vínculo entre Flávio Bolsonaro, filho maior do presidente, e o principal suspeito de assassinar Marielle.

Além das ameaças de morte, Jean Wyllys conviveu também com diferentes ataques contra si por parte das redes de difusão de notícias falsas dos seguidores de Jair Bolsonaro. Em uma das tantas falsidades promovidas com seu nome está a de que ele “defende a pedofilia”, afirmada pelo ator pornô e deputado federal bolsonarista Alexandre Frota.

O caso, muito parecido ao que envolve a deputada comunista chilena Camila Vallejo e o âncora da Rádio Agricultura, Gonzalo de la Carrera, também terminou na Justiça e com sentença favorável a Wyllys: Frota foi condenado por calúnia e difamação, se sua pena foi uma multa de 295 mil reais. “Não sei se saiu barata, mas o preço que pago pelos danos à minha imagem são muito maiores, e irreversíveis”, comentou o ativista sobre o caso.

Longe da política, Wyllys afirmou na mesma entrevista que pretende se dedicar à sua carreira acadêmica, e assegurou que não abandonará o ativismo em favor da causa LGBTI.

*Publicado originalmente em eldesconcierto.cl | Tradução do autor


Carta Maior