sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Itamonte MG: A ação policial merece aplausos?

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Nove suspeitos de roubo a bancos foram mortos em uma operação conjunta das polícias de Minas Gerais, São Paulo e Federal na madrugada de sábado (22/02), em Itamonte (MG). Os mortos seriam integrantes de uma quadrilha especializada em roubo a bancos que estava prestes a agir na cidade. Houve troca de tiros entre policiais e os suspeitos. Dois agentes acabaram feridos. Um décimo suspeito de participar da ação em Itamonte teria sido assassinado pela polícia em São José dos Campos dois dias depois.
A polícia seguia os passos da quadrilha há tempos. Eles saíram armados de São Paulo em cinco carros e foram acompanhados por policiais durante o caminho. Já na cidade, chegaram a explodir um caixa eletrônico, mas foram surpreendidos pelas polícias. Na troca de tiros, nove suspeitos foram mortos, quatro foram presos e os demais fugiram.
Cangaço.
“Era uma típica ação de cangaço, que se via com Lampião. Eles iam em cidades pequenas e faziam isto”, afirmou o delegado Ruy Ferraz Fontes, que coordenou a investigação.
O delegado descreveu a ação em Itamonte: “no momento em que eles foram atacar, nosso grupo já estava dentro da cidade. Quando foram abordar os criminosos, eles já haviam explodido um caixa. Nosso grupo foi fazer a intervenção para promover a prisão deles e foi recebido a tiros”, afirmou.
Versão oficial, inteligência policial e cegueira coletiva.
A quadrilha estava sendo investigada há pelo menos três meses – dizem alguns jornais. Ou há oito meses, dizem outros. E a polícia já sabia da ação planejada pelos assaltantes. Por que a PM não os interceptou antes da explosão do caixa eletrônico?
Inteligência investigativa não deveria servir para desarticular ações criminosas, se antecipar aos crimes e diminuir a violência e as ações letais? Ou, ao contrário, serve para cercar “bandidos” e executá-los em praça pública?
“Homens fortemente armados com fuzis, espingardas calibre 12, pistolas, dinamites, munições e coletes à prova de bala”, como fora divulgado, resistiram pouco não? De um lado, nove pessoas assassinadas, do outro um ou dois policiais feridos. E onde estão as marcas de bala nos carros dos policiais?
Os agentes faltaram às aulas do Método Giraldi, doutrina que prepara o policial para atirar, quando necessário, em regiões não letais do corpo? Ou sua prática nos cursos de formação da polícia não passa de peça de marketing para que “esse pessoal dos Direitos Humanos não encham o saco?”.
Que “confronto” é esse entre mocinhos e bandidos que, se não traz mortes de um só lado, as apresenta em uma desproporção absurda? Não se trata aqui de desejar o empate entre as mortes, mas de questionar a eficácia de uma politica de segurança pública que elege a repressão e o extermínio como solução para conflitos sociais, o que vitima tanto os civis quanto os fardados.
Não se trata aqui de defender bandidos ou mesmo saques a bancos, como muitos me acusarão – muito embora não sinta nenhuma misericórdia pelos banqueiros, pobrezinhos, e me lembre de Bertolt Brecht quando pergunta: “O que é roubar um banco em comparação a fundar um” – mas, não é possível aceitar como natural que uma ação policial termine com nove, dez, onze assassinatos deliberados e comemorados pela mídia, pelas autoridades e amplamente aceita pela sociedade.
Uma ação responsável das polícias – algo difícil de se esperar de uma das instituições mais violentas do mundo – poderia inclusive economizar a vida do professor Silmar Júnior Madeira, morto “por engano”, como reconheceu a própria polícia.
O debate sobre desmilitarização e um novo modelo de segurança pública passa por avaliar a postura de uma polícia que viu avançar a tecnologia de suas armas, mas que mantém uma estratégia de ação da época de Virgulino.
Se bandos agem hoje tal qual agia o grupo de Lampião, também é do tempo do Cangaço a forma como o Estado trata seu povo, a concentração de renda e da riqueza e principalmente a maneira como age as forças de repressão, matando muito mais que bandidos e expondo suas cabeças para dar o exemplo.
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Exposição das cabeças de Lampião e seu bando, tratadas com aguardente e cal, a partir de 1938 “viajam” por todo o nordeste, afim de deixar o exemplo.
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Silmar Júnior Madeira.
PARA OS QUE PRÉ JULGARAM MESMO SABENDO DE SUA PROVÁVEL INOCÊNCIA , PALAVRAS DE UM IRMÃO:

Foi muito difícil dormir de ontem para hoje, descobrir que meu irmão, que supostamente foi considerado como um bandido, que muitos compartilharam sua foto morto em Itamonte, era inocente na historia como todos imaginavam que seria. Isento nesse texto todo o trabalho fantástico da Polícia, Polícia como eu e meu irmão, que com muito orgulho honramos a farda que vestimos por diversos anos, respeitando nossa sociedade, diuturnamente, trabalhando e muitas das vezes sendo incompreendido pela mesma sociedade que o defendemos, sendo incompreendido até por colegas de trabalho, que viraram a cara no momento que souberam que aquela vítima era irmão de 02 Policiais Militares, criticando, não respeitando principalmente 30 anos bem trabalhado dentro de uma corporação respeitada, perdendo noites de sonos, largando nossa família para proteger outras famílias, protegemos até os nossos próprios companheiros, já muitos não tinhão experiência necessária para o trabalho árduo. Eu não dormi por dois motivos. O primeiro e não menos importante, é o fato de poder ter sido eu por exemplo que fui para a reserva da Polícia Militar, que saio a noite com a minha família e volto pra casa em horários diversos, eu e outros tantos cidadães de bens, como meu irmão Silmar. Ou meus filhos e netos, também outras pessoas vinda de uma balada, da casa da namorada ou familiares, da igreja, de aniversários. Mas o que me fez perder o sono mesmo foi pensar nos meus pais, que perderam o filho caçula,deixando uma filha de 06 anos e outra de 06 meses, que teve seu ente querido tirado tragicamente e mais, uma mídia social inteira cometendo um assassinato de reputação. Sua foto foi compartilhada por muitos com a frase bandido bom é bandido morto, mas como iríamos saber que ele era inocente?!? Exatamente, minha preocupação foi toda essa durante as voltas na cama. E se nunca soubéssemos? Como ficaria a cabeça de um pai e de uma mãe sabendo que seu filho foi morto, repito, sem culpa nenhuma da Polícia, ele foi vítima da fatalidade,das nossas Leis, de Políticos corruptos, que não preocupam com nossa sociedade e sim com o dinheiro, furtando até parte de nossos salários, do acaso, da violência que vivenciamos hoje em dia, violência essa que alem de acabar com a vida da família Madeira, estava praticamente cometendo uma violência pior ainda, essa contra a memória do caráter de Silmar Madeira,Técnico em segurança do trabalho e professor de uma Escola em Itamonte, respeitado, amado, companheiro de verdade, irmão, pai, bom filho. Tristeza sem tamanho saber que isso aconteceu com minha família, e que poderia muito bem ter acontecido com a sua família. No velório compareceram amigos de verdade, eu como Militar, fiquei orgulhoso de ter recebido um grande amigo um Juíz aposentado Dr. José Carlos e seus familiares, Sr.Capitão reformado Cristiano, Sr.Capitão Leandro, Comandante de Caxambu e de meu irmão Sargento Geovani, Meu grande e fiel companheiro Sargento Alexandre e o Cabo Gama, do meio ambiente de Itamonte, ligações de consolo de meus amigos Sargento Luiz Carlos e Cláudia, Cabo Leandro e do Soldado Carvalho, sendo verdadeiros companheiros de meus amigos da minha vida civil, hoje. Meus familiares não arredaram o pé e nunca acreditaram em pessoas maldosas, mais no Silmar.
Jose Carlos


PARA OS QUE PRÉ JULGARAM MESMO SABENDO 
DE SUA PROVÁVEL INOCÊNCIA , PALAVRAS DE 
UM IRMÃO: Foi muito difícil dormir de ontem para
 hoje, descobrir que meu irmão, que supostamente 
foi considerado como um bandido, que muitos 
compartilharam sua foto morto em Itamonte, era ino...

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