Por Luiz Carlos Azenha A certa altura da entrevista dada pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. a blogueiros, na noite que antecedeu a chegada do livro Privataria Tucana ao mercado, reproduzi pergunta que havia recolhido nos comentários deste site, indagação de um internauta. Algo do gênero ‘Amaury, este livro serve ao Aécio?’ É razoavelmente óbvio que o ex-governador José Serra sonha em ser uma espécie de Lula da direita brasileira, a atingir o Planalto depois de três tentativas, em 2014. Os planos presidenciais do ex-governador Aécio Neves passam, é claro, pela desistência ou derrota interna de Serra. E passam, querendo ou não o Amaury, pelo Privataria Tucana. Na ocasião da entrevista, Amaury disse que tinha recebido com naturalidade a pauta de O Estado de Minas para que investigasse a suposta investigação bancada por Serra sobre as atividades de Aécio no Rio de Janeiro. A demonstração mais clara de que investigação de Serra contra Aécio de fato existiu, argumenta Amaury, está no fato de que uma empresa carioca, a Fence, tenha sido contratada com dinheiro público paulista, sem concorrência pública, para “proteger” a Prodesp, uma empresa pública paulista. A especulação, na época da pré-campanha tucana, é de que Aécio teria sido chantageado por conta de um episódio ainda obscuro, envolvendo um boletim de ocorrências lavrado no Rio. “Se algúem está investigando o governador de seu estado, uma reportagem sobre isso não é jornalisticamente relevante?”, argumentou Amaury. Mais tarde, um observador atento da entrevista do Amaury usou esta observação do repórter para frisar uma particularidade de Minas Gerais que muitas vezes escapa aos brasileiros de outros estados. A solidariedade entre os mineiros, que seria inversamente proporcional ao ditado que diz que mineiro só é solidário no câncer. Privataria Tucana, escrito por um paranaense que se considera mineiro, teria este viés de expressar os pontos-de-vista de Minas Gerais. Um golpe de Dilma nas pretensões do PT paulista, um golpe de Aécio nas pretensões do PSDB paulista. A decisão do PSDB de encampar a ação judicial contra a editora e o autor do livro, portanto, teriam sido fruto de vitórias internas de Serra contra Aécio, na visão do observador. Tenho receio de aderir a toda essa especulação política, visto que tais jogos de cena frequentemente são utilizados para desqualificar denúncias graves (como em ‘delegado Protógenes, agente de um estado policial’). Que as denúncias documentadas — e outras, que certamente surgirão — sejam alvo de apuração na CPI da Privataria, é o que realmente importa. Seja como for, o Aécio não perde por esperar… OPENSANTE |
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sábado, 31 de dezembro de 2011
‘Minas acima de tudo’ e a ‘vingança é prato que se come frio’
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