sábado, 23 de agosto de 2014

A “imparcialidade” do JN nas entrevistas com os presidenciáveis.

jornal nacional

A série de entrevistas dos presidenciáveis ao Jornal Nacional – tristemente dividida em dois pela morte de Eduardo Campos – chamou atenção pelo chumbo grosso despejado por William Bonner e Patrícia Poeta. Se a postura diante de Dilma era mais do que esperada, a atitude combativa perante Aécio Neves foi comemorada por boa parte da esquerda.

Diante de milhões de telespectadores, o tucano teve dificuldades para responder perguntas embaraçosas, especialmente a respeito da construção do aeroporto de Cláudio, que durante um bom tempo pareceu ter sido varrida para debaixo do tapete pelos veículos das Organizações Globo.

É preciso, porém, estar atento ao que ficou encoberto no fogo cerrado dispensado pelos apresentadores sobre os candidatos.

Uma das pistas para desvendar o que está por trás de tal posicionamento foi entregue por Bonner ainda antes de iniciar as questões quando ele, em situação repetida nas quatro sabatinas, afirma que as perguntas iriam abordar “questões polêmicas das candidaturas e o desempenho deles (candidatos) em cargos públicos”. Na verdade, a temática das discussões poderia ser resumida basicamente em duas palavras: ética e moral.

A Globo reforça uma vez mais o discurso contra a classe política (e a política em si), ampliando a descrença do povo em seus representantes, sejam eles de qual tendência forem. Mais: encaminhando a conversa apenas para o conteúdo moral das ações dos candidatos antes da campanha, estes aparecem reduzidos a um denominador comum, indiferenciados.

Por outro lado, se a opção da equipe do jornal fosse por promover o livre debate de ideias para o país nos próximos quatro anos, se veria mais claramente a grande distância que existe entre cada um deles, especialmente entre Dilma e Aécio, candidatos das duas principais correntes que se batem há 20 anos pela presidência.

Menos comentada que a do tucano, a presença de Eduardo Campos na bancada do JN – tragicamente sua última aparição pública – guardou uma outra pérola. Os seis minutos finais foram reservados para indagar ao pessebista sobre possíveis contradições em sua aliança com Marina Silva, agora na cabeça de chapa do partido, e na demora em deixar a base de apoio ao governo do PT, feita apenas no final do ano passado. Novamente, o interesse da Vênus Platinada no tema é explícito.

Para dar corda ao “contra tudo que está aí”, pensamento que beneficia a Globo enormemente já que não questiona seu papel de mediadora do debate público, a empresa demoniza qualquer alteração no xadrez político como se este devesse ser estanque, refratário a rearranjos, quando, na verdade, este jogo é jogado de maneira diametralmente oposta, baseada numa série interminável de arrumações e rearrumações.

Cabe aqui um exemplo objetivo. O abraço de Lula em Paulo Maluf que selou o apoio do PP do ex-prefeito de São Paulo à candidatura de Fernando Haddad ao cargo em 2012. Rejeitado tanto à direita, que parece esquecer de onde Maluf vem, quanto à extrema-esquerda, a aliança representou mais tempo de televisão para o petista e teve influência em sua vitória. Eleito, Haddad vem fazendo bom trabalho. Será que, pautado por um espírito de pureza que não tem vez na política, teria sido melhor liberar espaço para a ascensão de Serra ou Russomanno ao Palácio do Anhangabaú?

Por fim, um outro ponto incômodo chama a atenção nas entrevistas do Jornal Nacional. Em todas elas, a dupla de apresentadores tentou arrancar dos presidenciáveis o compromisso de realizar cortes “severos” – o termo foi usado por Poeta durante pergunta a Campos – nos gastos públicos em 2015.

Escudada em opiniões de economistas e na necessidade de medidas firmes contra a inflação, o que a Globo quer, na verdade, todos sabemos: a redução do Estado, a diminuição dos direitos trabalhistas e o aumento dos lucros rentistas, ou seja, a velha receita neoliberal que afundou o país na década de 1990 e tem deixado a Europa presa na crise iniciada em 2008.

A postura ficou mais marcada na conversa com o Pastor Everaldo. Ultraconservador social e economicamente, o candidato do PSC prometeu privatizar a Petrobrás no que foi rebatido por Bonner se “sua defesa do liberalismo era sincera ou uma conveniência eleitoral” já que, em outros tempos, ele havia sido aliado de Brizola, Lula e Dilma (“todos eles que têm lá suas simpatias ideológicas pelo socialismo”, nas palavras do âncora).

Portanto, ainda que seja interessante ver Aécio se embananar para explicar a reforma milionária de um aeroporto em terras de sua família, é fundamental ter cuidado para perceber que a imparcialidade da empresa inexiste e que ela, como sempre, joga contra o país. Além disso, fica difícil de acreditar que uma família que andou de mãos dadas com ditadores e governantes entreguistas, que sonegou bilhões em impostos, que adulterou a edição de debate presidencial, possa hoje ser alçada ao posto de bastião da moral e da ética nacionais.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-imparcialidade-do-jn-nos-debates-com-os-presidenciaveis/


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Dilma Rousseff x William Bonner - Choque de Monstro.








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Marina Silva desorganiza e deseduca a sociedade - diz Luiza Erundina (PSB/SP)



Deputada Federal Luiza Erundina do PSB critica Marina Silva e diz que ela desorganiza e deseduca a sociedade politicamente.


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O ambíguo estilo de liderança de Marina.


Marina
Marina.

Qual o estilo de Marina?

Neca Setúbal, amiga e conselheira de Marina, falou disso numa entrevista em vídeo ao jornalista Fernando Rodrigues, da Folha.

Neca usou Dilma e Eduardo Campos para definir o jeito de liderar de Marina.

Nem a viva e nem o defunto foram poupados no esforço de Neca em elevar Marina.

Dilma, segundo ela, tem um “estilo masculino”. Campos era “centralizador”.

Marina, disse Neca, trabalha em “equipe”. Está num patamar diferente e superior.

Mesmo?

A biografia de Marina mostra outra coisa. Ela é o que você poderia chamar de criadora de encrencas.

Parece ter, ao contrário do que Neca disse, extrema dificuldade de trabalhar em equipe.

No mesmo dia em que Neca louvava o espírito de time de Marina, o dirigente do PSB Carlos Siqueira, que coordenava a campanha de Campos, dizia o exato oposto.

“Ela nomeou o presidente do comitê financeiro da campanha e não perguntou ao PSB”, disse ele.

“Ela que vá mandar na Rede dela”, acrescentou ele. “Como está numa instituição como hospedeira, tem que respeitar a instituição. No PSB mandamos nós.”

Siqueira está fora da campanha. E a candidatura de Marina só não está em chamas porque as expectativas de voto são efetivamente promissoras.

O cenário mais provável, hoje, é um segundo turno entre Dilma e Marina. Aécio tende a ficar pelo caminho.

O estilo de Marina parece combinar duas coisas contrastantes. O exterior sugere humildade – os traços, as vestes, a voz.

O interior, ao contrário, insinua um caráter com grande dificuldade de trabalhar em equipe – algo que obriga a pessoa a ouvir, com frequência, não.

Pessoas com este perfil costumam, na vida corporativa, sair de empresa para empresa com frequência.

Para elas, para usar a grande expressão de Sartre, “o inferno são os outros”.

No caso de Marina, que optou pela vida pública e não executiva, a consequência tem sido pular de partido para partido.

Do PT para o PV, e deste para a Rede, com a passagem de ocasião pelo PSB, foi um pulo.

Era óbvio, vistas as coisas em retrospectiva, que para Marina se aquietar num partido ele tinha que ser seu.

É mais ou menos, para continuar na comparação corporativa, como o executivo que não gosta de ouvir ordens: ele só vai sossegar quando e se montar sua própria empresa.

Este o sentido histórico da Rede.

Marina jamais vai dizer isso, até para preservar a imagem de extrema humildade, mas está claro que ela poderia repetir o que Luís 14 afirmou em relação ao Estado: “A Rede sou eu”.

Pelas palavras de Siqueira, morto Campos e ungida ela, Marina agiu exatamente assim: como se o PSB fosse ela. Ou dela.

No passado não tão distante assim, os brasileiros tiveram um campeão de votos com características parecidas com Marina, pelo voluntarismo e pela dificuldade em se integrar a um time, ou a um partido.

Era Jânio Quadros.

Jânio foi adotado pela direita da época, alojada na UDN, para chegar ao poder.

Venceu as eleições de 1961, conforme esperado. Antes, já candidato, anunciou que renunciava à candidatura. Depois renunciou à renúncia.

Na presidência, renunciou depois de sete meses.

Cultivava, como Marina, a aura de simplicidade. Comia sanduíches de mortadela e deixava a caspa se mostrar em seus paletós baratos.

Mas, também como ela, não sabia viver em grupo.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-controvertido-estilo-de-lideranca-de-marina/

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