quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Aécio, o socialista.

Aécio
Aécio.


Apavorado pelo fantasma de Marina Silva e vendo suas chances de disputa de segundo turno caírem do helicóptero, Aécio Neves agora busca captar votos entre eleitores “indecisos de tendência esquerdista” ou sei lá que espectro o candidato mira.

Crítico feroz do governo Dilma, Aécio apresentou propostas de cunho social.

Prometeu corrigir as aposentadorias, por exemplo. Além do reajuste anual pelos cálculos atuais (variação de inflação e PIB), um adicional que acompanhe a variação dos preços dos medicamentos será considerado. Ele batizou este programa de Digna Idade.

Disse que irá criar também uma Poupança Jovem. Para cada ano que o jovem não abandone a escola nem se envolva com a criminalidade, um valor de 1000 reais é depositado. Ao final dos três anos do ensino médio, e só aí, um total de 3 mil reais poderá ser sacado pelo estudante. A princípio, o programa começará pelo Nordeste.

A Previdência Social já gasta mais do arrecada. Como criar um adicional?

Durante os três anos depositados, os 3 mil reais da Poupança Jovem não serão corrigidos até o saque, serão 3 mil e nada de atualização monetária? É uma poupança ou não? No ensino médio ao qual o jovem será incentivado a permanecer, quais as instruções ou aconselhamentos sobre o que fazer com o valor a ser resgatado?

Prometeu ainda, de largada, aumentar em 10% o valor pago pelo Bolsa Família. Pode chegar a mais para beneficiários que cumprirem determinados requisitos, como alunos que se destaquem nos estudos ou adultos que façam cursos de qualificação profissional.

Para o tucano, isso corrigiria uma distorção da gestão atual. “O governo do PT se contenta em administrar a pobreza. Vou trabalhar para superar a pobreza. Se tem um pai de família do interior que fica passivo na praça, tranquilo porque recebe o cartão do Bolsa Família, se ele se qualificar, pode receber durante o tempo da qualificação mais 50%. Vamos ser proativos.”

O Bolsa Família é concedido a famílias com renda per capita inferior a 77 reais mensais e o governo já paga benefícios extras para famílias com gestantes, crianças e adolescentes.

O valor médio pago atualmente é de 169,90 reais por família. Em junho, os benefícios já foram reajustados em 10%.

Aécio não tem novidades nem explica o impacto orçamentário de suas propostas requentadas.



http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aecio-o-socialista/

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O candidato do “kit macho” e os Tiriricas do Mal.



4577 - Contra a pedofilia homossexual é o seu Deputado Federal 4577!

No Distrito Federal 4577 é Deputado Federal Dr. Matheus Sathler! Acabo de registrar mais um INÉDITO Compromisso Público para doar 50% do meu salário de Deputado Federal para curar bebês e crianças vítimas do estupro pedófilo homossexual (abuso homossexual)!
Acesse o Facebook: matheussathler.33 e conheça o também inédito Compromisso Público pela redução da carga tributária brasileira



O candidato a deputado federal pelo PSDB de Brasília Matheus Sathler é um caso de polícia e um retrato do nível de confusão mental a que chegou uma certa direita religiosa no Brasil.

Advogado, 31 anos, casado, evangélico, Matheus já tinha feito algum barulho em julho quando afirmou que defenderia “as crianças vítimas do estupro pedófilo homossexual”.

Foi agora advertido pelo diretório do partido por causa de um vídeo no horário gratuito em que promete que, se eleito, criará o “kit macho” para ensinar “meninos a gostarem somente de mulher”.

Uma nota oficial do PSDB declara que “o Sr. Matheus Sathler, desde a sua filiação no partido e enquanto pleiteava sua candidatura nunca manifestou e nem defendeu essas posições hoje defendidas” e que “não admitirá utilização de seu nome em propaganda contrária aos ideais do partido.”

Balela. Os partidos têm pouco ou nenhum controle sobre isso. Se a coisa é feia para os que pleiteiam o governo do estado, no baixo clero a situação é ainda mais dramática.

A falta de noção de Matheus é parecida com a de Daniela Schwery, a candidata do PSDB de São Paulo que espalhou uma versão segundo a qual Dilma Rousseff tramou o acidente de Eduardo Campos. Pegue alguém com defeitos de fábrica — ignorância, preconceito, fanatismo, burrice, histeria, histrionismo –, passe uma demão de subliteratura conservadora e pronto. Eis um nome para combater o comunismo que assolou o país.

Sathler é um clássico do sujeito que bate a carteira e grita “pega ladrão”. Como Danilo Gentili, Roger, Lobão e outros aloprados, fala barbaridades, ofende, calunia, mente, distorce. Quando acionados ou questionados por suas vítimas, eles falam em censura e ditadura.

Se o vídeo do “kit macho” for tirado do ar, Sathler garante que pretende ir à Justiça. “Eu vou entrar com um mandado de segurança garantindo a minha liberdade de expressão”, disse ao Ig.

O YouTube tem imagens de alguns de seus cultos. Num deles, sobe ao púlpito para garantir que ex-comunista, ex-homossexual, ex-ladrão, ex-sequestrador e ex-bandido entram no céu, menos ex-crentes. (Segundo Tiago Tadeu, programador do DCM e ex-crente, é uma pregação clássica feita para não perder o dinheiro dos fieis). A mulher dele, Sabrina, do lar, aparece cantando hinos gospel.

O obscurantismo de Sathler já lhe rendeu mais do que 15 minutos de fama. É pouco provável que seja eleito, mas sua existência dá uma boa noção de que Tiririca está longe de ser o pior palhaço do Brasil.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-candidato-do-kit-macho-e-os-tiriricas-do-mal/



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A fantástica fábrica de manchetes do Dr. Frias.


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O ministério da Saúde adverte: esta pesquisa pode comprometer a saúde de todo mundo.


Pesquisa eleitoral deveria vir com um anúncio bem grande, igual ao dos maços de cigarro:

O ministério da Saúde adverte: esta pesquisa pode comprometer a saúde de todo mundo.

As pesquisas, como os remédios, tem contraindicações e efeitos colaterais.Não devem ser ingeridas sem recomendação profissional. A concentração e posologia têm que ser respeitadas.

Uma amiga – grande conhecedora de matemática financeira e estatística – me alerta para a pesquisa Datafolha, feita no dia seguinte ao acidente que matou Eduardo Campos.

Aquela em que Marina faz Aécio aterrizar em Cláudio.Enquanto as manchetes da Folha alardeavam aos quatro ventos que Marina havia dobrado a intenção de votos no PSB de uma dia para o outro, os dados escondidos no final da pesquisa colocavam essa certeza em dúvida:

“Na pesquisa espontânea, sem a apresentação de nenhum nome aos eleitores, 24% apontam Dilma como nome para a Presidência, índice similar ao registrado em pesquisa realizada nos dias 15 e 16 de julho, quando 22% citavam a petista. 

As menções a Aécio também tiveram oscilação positiva no período, de 9% para 11%. O nome de Marina foi apontado por (5%), e metade do eleitorado (49%) não mencionou nenhum nome espontaneamente.

Assim como aqueles anúncios que apresentam uma oferta incrível, seguida de uma nota de rodapé em letras miúdas que contradizem todas as vantagens anunciadas.

Ou seja, se as eleições fossem hoje – como devem esclarecer as pesquisas – o candidato eleito poderia ser qualquer um, por que a maioria iria decidir na cabine de votação.Um resultado que dispensa qualquer pesquisa.

Pesquisa espontânea é aquela em que o entrevistado diz em quem vai votar sem olhar uma lista de opções. As pesquisas estimuladas partem do princípio que o eleitor escolhia seu candidato entre os nomes contidos nas antigas cédulas de votação.

A partir da introdução das urnas eletrônicas, todo voto passou a ser espontâneo, e não estimulado.

Além do ministério da Saúde e da justiça eleitoral, as pesquisas precisam ser fiscalizadas também pelo Conselho de Autoregulamentação Publicitária.

Mas o melhor fiscal continua sendo você.

Já que elas não são acompanhadas de uma bula aprovada pela Anvisa, o remédio é você produzir a sua.

Medicamentos e pesquisas de opinião não são feitos por leigos e não deveriam ser utilizados por leigos, exatamente pelos perigos que isso representa.

As pesquisas de opinião surgiram para orientar especialistas que sabem como elas são feitas e como utiliza-las.

Elas são um elemento para se avaliar opiniões, e não defini-las ou influencia-las.

Mas foram transformadas numa máquina de produzir manchetes que só existe no Brasil.

Quem inventou essa máquina é um notório usuário dela.

Nos anos 80, quando era editorialista da confiança de Otávio Frias na Folha, o eterno candidato a presidente José Serra sugeriu a criação do Datafolha e indicou o sociólogo Vilmar Farias – professor da FGV de São Paulo, seu amigo e assessor de confiança de FHC – como consultor.

Vilmar foi o autor das pesquisas que viriam a constituir as bases do programa Bolsa Escola no governo FHC. Hoje, Bolsa Família.

Frias aprovou o projeto e a Folha ganhou a sua fantástica máquina de manchetes, que até o ex-concorrente Estadão foi obrigado a copiar e citar como fonte.

A Folha é – até hoje e mais do que nunca – um caso inusitado de jornal que produz notícias.

Não conheço outro exemplo no mundo. Nem nos EUA, a pátria das campanhas de relações públicas e publicidade.

O New York Times nunca teve essa idéia, e nem poderia. Nem o Pravda, o Granma e nem mesmo Rupert Murdoch.

Recentemente perdemos o professor Marcus Figueiredo que dedicou a vida tanto às pesquisas de opinião quanto à redação de suas bulas.

Figueiredo foi professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – o Iuperj – e do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj – o Iesp.

No Iesp, criou um laboratório de pesquisas em comunicação política opinião pública – o Doxa, ou “opinião” em grego.

O Doxa produz o Manchetômetro – que se dedica a analisar exatamente as manchetes que as fábricas de manchetes produzem.

O Manchetômetro permite perceber claramente quem é o candidato de cada jornal, mesmo que eles não declarem ou mesmo escondam.

A partir do trágico desaparecimento de Eduardo Campos em 13 de agosto, o Manchetômetro foi obrigado a criar o Marinômetro, só para medir o comportamento da grande imprensa em relação a sua vice, Marina Silva. A confusão foi tal que até a metodologia de pesquisa foi alterada, com a substituição dos critérios de valor das opiniões veiculadas por matéria pelo das tendências de cada jornal em relação à nova candidata.

Marcos Coimbra – outro sociólogo, presidente do Instituto Vox Populi e colunista de Carta Capital – também se dedica às pesquisas e às bulas.

Diz ele em sua última coluna na revista:

‘Recordar é viver. Muitos se esqueceram, outros nem souberam, mas a realidade é que a “grande imprensa” formulou com clareza um projeto de intervenção na vida política nacional.

Não é teoria conspiratória. Quem disse que os “meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste País, já que a oposição está profundamente fragilizada”, foi a Associação Nacional de Jornais, por meio de sua presidenta, uma das principais executivas do Grupo Folha. Enunciada em 2010, a frase nunca foi tão verdadeira quanto de 2012 para cá.”

E conclui:

É assim que a população brasileira tem sido servida de informações desde quando começou o ano eleitoral. É isso que faz a mídia para exercer o papel autoassumido de ser a “oposição de fato”.

O pior é que a influência dessas empresas ultrapassa o noticiário. Elas contratam as pesquisas eleitorais que desejam e as divulgam quando e como querem. E organizam os debates entre candidatos.

“Está mais que na hora de discutir a interferência dessa mídia no processo eleitoral e, por extensão, na democracia brasileira.

Enquanto essa droga não for proibida ou controlada, só há um remédio: prestar atenção nas bulas e evitar a automedicação.

Vamos começar a ler as bulas?

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-fantastica-fabrica-de-manchetes-do-dr-frias/


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O que significa o último Ibope.

Imagem de "pureza"
Imagem de “pureza”


O Ibope de hoje parece aclarar algumas coisas em relação às eleições.

A mais importante é que são enormes as chances de um segundo turno entre Dilma e Marina.

Aécio vai se tornando o que, até há pouco tempo, foi Eduardo Campos: um figurante, um candidato da segunda divisão.

Só um milagre parece capaz de levá-lo ao segundo turno.

Tem sido usada a expressão “assombrosa” para definir a escalada de Marina, mas a rigor tudo que está acontecendo era previsível.

Tivesse Marina conseguido formar a Rede, ela já estaria onde está há muito tempo, no encalço de Dilma.

Nos protestos de junho de 2013, ela foi – merecida ou imerecidamente não importa — o único grande nome da política que escapou da execração geral.

Os dividendos disso são colhidos agora.

Grande parte dos eleitores de Marina estavam nas ruas naqueles dias de junho.

Eles pediam mudanças – mas não o tipo de mudança associado ao envelhecido PSDB. Com os tucanos, não seria exatamente mudança e sim retrocesso.

Marina personificou então para os manifestantes a mudança, com sua imagem de alguém que não faz alianças com políticos tidos como símbolo do atraso, de Maluf a Sarney.

Marina, de alguma maneira, remetia naqueles dias de protestos ao Lula dos anos 1980. Como o Lula sindicalista, ela parecia “diferente de tudo que está aí”.

Também a origem humilde como a de Lula contribuiu para a formação de uma imagem de “pureza” que acabaria por compor seu perfil para muitos brasileiros em busca de “algo novo”.

A grande questão, a partir de agora, é aparentemente o segundo turno.

Marina conseguirá manter este momento mágico, em que tudo parece dar certo para ela?

Lula, com sua capacidade extraordinária de cabo eleitoral, conseguirá convencer eleitores em número suficiente de que Dilma merece um segundo mandato?

A esta altura, o maior desafio do PT de 2014 é mostrar que Marina não é uma espécie de reencarnação do PT da década de 1980, e nem ela um novo Lula.

Dilma enfrentará no segundo turno, mais que uma candidata forte, uma ilusão – a de que com Marina será feita uma faxina na política que temos no Brasil.

E ilusões costumam ser mais potentes, mais decisivas, mais encantadoras — e às vezes mais devastadoras também — do que ásperas realidades.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-significa-o-ultimo-ibope/

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