sábado, 9 de agosto de 2014

Aécio ofereceu a profissionais em Minas um quarto do salário do Mais Médicos.

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Convênio com Organização Pan-Americana de Saúde que trouxe cubanos para o Mais Médicos tem prazo de três anos.


Em evento, senador promete criar carreira nacional de médicos. Não menciona oferta salarial de processo de seleção quando era governador de Minas; e sinaliza que não renovará contratos do Mais Médicos.

O candidato a presidente pelo PSDB, senador Aécio Neves, prometeu criar uma carreira nacional de médicos, caso seja eleito. A intenção foi apresentada durante reunião com associações médicas, na terça-feira (5), em Minas Gerais. O candidato, entretanto, não detalhou a proposta, nem informou como iria implementá-la em curto prazo. Principalmente porque o programa econômico do tucano defende corte de despesas com custeio, e tradicionalmente os governos do PSDB defendem o modelo de terceirização da saúde publica para Organizações Sociais.

Uma pista para entender o que o senador possa entender por carreira nacional é o que o tucano fez no passado quando foi governador de Minas Gerais. Em março de 2010, no final de seu segundo mandato como governador, a Secretaria Estadual de Saúde abriu processo seletivo para contratação de 79 profissionais, entre eles onze médicos especialistas.

O governo Aécio ofereceu salário de R$ 2.679,12 por jornada de 40 horas semanais. E isso para médicos em especialidades como cardiologia, gastroenterologia, neurologia e outras. E para ganhar esse salário, o edital exigia pós-graduação.

Com esse salário padrão 'choque de gestão tucano', pode-se até criar um plano de carreira no papel, mas com certeza os cargos jamais seriam preenchidos, pois o Ministério da Saúde não conseguiu adesão de médicos brasileiros em quantidade suficiente, pagando bem mais (R$ 10 mil mensais) e, por isso, precisou recorrer à contratação de estrangeiros. A oferta salarial é inferior, inclusive, à parcela recebida no Brasil pelos médicos cubanos que vieram para o programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde.

Aécio não falou dessa experiência mineira, muito menos do salário de R$ 2.679 à plateia de médicos. Se dissesse, qual seria a reação?

Mas o senador tucano disse que a contratação de "cubanos" tinha "prazo de validade de três anos". É o período do contrato atual, indicando que, se for eleito, não renovará. De fato, o programa Mais Médicos prevê que a contratação de estrangeiros é temporária, e faz parte do programa a formação de mais médicos no Brasil, abrindo mais vagas nas faculdades de Medicina e abrindo novas faculdades em cidades do interior.

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Mas para suprir toda a necessidade da população hoje atendida por estrangeiros, isso levará bem mais do que três anos. Basta lembrar que a graduação em Medicina dura seis anos. Assim, as promessas do tucano retirariam a assistência médica recém-conquistada de boa parte da população em cidades do interior e regiões pobre das cidades grandes que não conseguiam oferecer atendimento por falta de interessados.

Faltando dois meses para as eleições, o tucano retirou da cartola uma proposta improvisada: criar 500 centros de especialidades para consultas com especialistas e exames. Convenceria mais se explicasse o que fez neste sentido em seus oito anos de governo de Minas e mais quatro de seu sucessor, já que o SUS é um sistema descentralizado para estados e municípios. Aliás muitos municípios já oferecem este tipo de atendimento, seja distribuído na rede de unidades de saúde tradicional, seja em unidades específicas, como foi feito em Diadema, e está sendo feito na capital paulista.

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/08/aecio-medicos-saude-promessa-campanha-minas-2373.html


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