Antes que petistas de carteirinha – ou não – pulem pela janela devido ao resultado da nova pesquisa Datafolha (29/8), convém refletir o que de fato ela mostrou.
Marina pulou de 21% para 34%, Aécio despencou de 21% para 15%, mas Dilma manteve-se na margem de erro em relação à pesquisa anterior. No primeiro pelotão, portanto, Marina pegou votos de Aécio com certeza, mas não de Dilma, que tinha 36% e agora tem 34%. Contudo, essa diferença está na margem de erro da pesquisa. Por outro lado, no segundo turno Dilma perdeu 3 pontos (tinha 43% e agora tem 40%) e Marina ganhou 3 (tinha 47% e agora tem 50%). O empate no primeiro turno não tem tanta significação. Simplesmente houve acomodação dos que apostavam em Aécio para derrotar Dilma e entenderam que é melhor apostarem em Marina. No segundo turno, porém, a melhora de Marina está muito próxima à margem de erro. O Datafolha diz que a melhora marinista foi de 3 pontos, mas, descontada a margem de erro – sempre ela –, Marina pode ter subido apenas um ponto percentual… Está se solidificando o cenário eleitoral. Há cerca de 7% de indecisos. Como para cada ponto que um candidato ganha o outro perde em proporção igual, se Dilma conquistar a maioria dos indecisos, vira o jogo. Dilma pode virar o jogo sem precisar tirar votos de Marina. Contudo, se os indecisos penderem um pouquinho mais para Marina, Dilma perde. Em outras palavras, o jogo está longe de ter terminado. Até porque, o Datafolha sempre pode recorrer à boa e velha margem de erro. E, podendo, pode ter certeza que o fez, caro leitor. * PS: Do que riem os tucanos, inclusive os enrustidos? Vamos ver quantos deputados o PSDB vai eleger com essa votação do Aécio. http://
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*** *** A única certeza é a de que o PSDB acabou.
Aécio Neves parece já ter jogado a toalha. Aliás, começou a parecer já no debate da Band, quando, em vez de atacar Marina Silva, que lhe tomou o segundo lugar na corrida eleitoral, centrou fogo em Dilma. Aliás, já se fala até em ele desistir e disputar o governo de Minas.
Na última sexta-feira, enquanto até o Datafolha – que o “segurou” o quanto pôde com mais intenções de voto do que realmente tinha – trazia ao tucano a péssima notícia de que estava caminhando rapidamente para terminar a eleição como “nanico”, ele dizia que o governo Dilma teria “acabado antes da hora”. Ah, esses tucanos… O que pode ter acabado antes da hora é a candidatura presidencial de Aécio e a disputa pelo governo do Estado de Minas Gerais, com o PT disparando na frente. Ainda assim, uma inexplicável onda de militantes tucanos anda por aí comemorando a divisão do país entre Dilma Rousseff e Marina. Em relação à eleição presidencial, está acontecendo por aqui o que aconteceu na Venezuela no ano passado: uma disputa apertadíssima entre Nicolás Maduro e Henrique Capriles. Assim será no Brasil. Quem vencer a eleição presidencial, vencerá por margem apertada… A desinformada militância tucana fica se masturbando mentalmente com uma história maluca de que o PT teria “acabado” simplesmente porque Dilma e Marina estão empatadas. Mas, enquanto isso, o PSDB e seus colunistas amestrados entram em desespero. Explico: projeções dizem que PT deve eleger em 2014 uma bancada de deputados federais superior à que elegeu em 2010 (88 deputados). Provavelmente, elegerá uma centena de deputados. O PSDB vem elegendo cada vez menos deputados desde 2002 (vide gráfico no alto da página) e, em 2014, deve sofrer uma profunda redução de sua bancada atual. A razão para uma redução mais drástica da representação parlamentar do PSDB reside justamente no que militantes tucanos desinformados estão comemorando, o quadro da sucessão presidencial. A votação dos candidatos a presidente influi consideravelmente no tamanho da bancada que o partido de cada um desses candidatos terá na legislatura seguinte. Ora, se com José Serra tendo cerca de 45% dos votos em 2010 o PSDB só elegeu 52 deputados, quantos elegerá em 2014 com Aécio terminando a corrida pela Presidência, por exemplo, com os 15% com que apareceu na última pesquisa Datafolha? A eleição presidencial está indefinida. Em primeiro turno, segundo o Datafolha Dilma e Marina estão empatadas. Em segundo turno, Marina vence por 50% a 40%. Além dos 7% de indecisos, se Dilma tirar 5 pontinhos de Marina elas empatam em 2º turno. Não existe uma situação desesperadora para o PT, portanto. Dizer que o partido “acabou” é um hilariante autoengano da militância tucana o qual as instâncias partidárias tucanas obviamente não compartilham, até porque sabem que quem está acabando é o PSDB. Quantos deputados o PSDB deve eleger neste ano? Em uma “conta de português”, pode-se dizer que se Aécio tiver um terço da votação que Serra teve em 2010 a nova bancada de deputados federais tucanos será de uns 15 ou 20. Enquanto isso, na eleição presidencial o reduzido contingente de indecisos mostra que a situação chegou a um ponto de quase cristalização. Em segundo turno, da pesquisa anterior do Datafolha (no dia 18) para cá Marina cresceu 3 pontos, mas, descontada a margem de erro, pode ter crescido só 1 ponto, ou seja, pode não ter crescido nada. Em 10 dias, a situação em segundo turno mudou muito pouco. A subida de Marina pode parar por aí, pois com 7% de indecisos não há muito espaço para ela crescer mais. Mas, na hipótese de Marina vencer a eleição (toc, toc, toc), há que ver quanta importância terão PT e PSDB para lhes ser proposta composição com o eventual novo governo. Afinal, Marina pode até vencer, mas terá que negociar absolutamente tudo com o Congresso. Aliás, esse é um dos grandes temores dessa terrível possibilidade, pois Marina seria uma presidente fraca em termos de apoio parlamentar, ainda que, nos primeiros meses de uma sua eventual gestão, pudesse contar com o apoio da opinião pública. Contudo, como está sendo vendido pela campanha de Marina que, vencendo, ela iria resolver problemas seculares que o PT obviamente não teve tempo de resolver, o apoio da opinião pública tende a se desfazer rapidamente. E não só pelos problemas existentes, mas pelos que seriam criados. A aplicação do ideário econômico e administrativo do grupo político que circunda Marina seria um desastre, com arrocho salarial, aumento do desemprego etc. Ou alguém conhece outro jeito de baixar drasticamente a inflação que não seja arrochar salários e reduzir empregos? Marina anunciou que, se vencer, haverá abandono do pré-sal, o BNDES voltará a financiar só grandes grupos econômicos – e bem menos do que hoje –, o Banco Central será independente e o Estado deixará de ser indutor da economia. O que impediu que os brasileiros sentissem a crise econômica foi justamente o papel do Estado na economia, com os PACs, o incentivo do BNDES e o aumento da atividade gerado pela exploração do pré-sal. Mas tais desgraças só ocorreriam se Marina vencesse, o que ainda falta muito para se ter certeza de que irá acontecer, ainda que o voluntarismo de alguns tente pintar como favas contadas o que não passa de uma mera e assustadora possibilidade. http:// |
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domingo, 31 de agosto de 2014
No Datafolha, segundo turno entre Marina e Dilma continua quase igual.
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