Aécio no G1. O momento mais engraçado da sabatina de Aécio no G1 veio da imagem de um internauta escolhido para fazer uma pergunta. A pergunta foi gravada num vídeo. Sem a menor cerimônia, como se estivesse numa roda na praia, o internauta fez sua pergunta sem camisa. O descamisado queria saber se os impostos para games iriam diminuir. Não que os entrevistadores devessem estar de paletó e gravata. Eu mesmo sempre me vesti casualmente. Mas sem camisa? Pausa para rir. Outro instante divertido foi quando Aécio deu um furo. Anunciou, orgulhoso, a criação de um Ministério da Infraestrutura, na hipótese de vencer a eleição. Minutos depois, o entusiasmo de Aécio com seu novo ministério diminuiu consideravelmente. É que alguém lembrou que Collor criou o mesmo Ministério das Minas e Energia. Justo ele, Collor? Nova pausa para rir. Mas o que a sabatina do G1 mostrou de mais valioso foi quanto é complicado para Aécio o caso do aeroporto, por mais que a mídia o poupe. Quando lhe perguntaram por que demorara dez dias para admitir que usara o aeroporto, ele simplesmente não encontrou resposta. Enrolou. Disse que esperara ficar claro que o terreno do aeroporto fora desapropriado e já não pertencia a seu tio-avô. O moderador do G1, Tonico Ferreira, lembrou que isso foi esclarecido logo nos primeiros dias. Mas essa informação não deteve Aécio. Ele atropelou Ferreira e insistiu com sua justificativa, aspas. Aécio foi além de não responder por que demorou dez dias. Ele tentou, também, mudar o foco do problema do uso da pista. Ele está fingindo que a questão é que ele utilizou um aeroporto não homologado pela Anac. Seria uma falha burocrática, e não uma falha moral. Então ele aproveita para jogar a culpa na própria Anac — e portanto no governo — por não ter homologado a pista rapidamente. Não é verdade. O problema é o uso em si, com ou sem homologação. Porque fica a suspeita – para usar uma palavra branda, quase generosa — de que o aeroporto foi feito, ou refeito, para utilização pessoal de Aécio, já que ele tem uma propriedade ali por perto e sua viagem fica bem mais cômoda. Neste caso, você tem uma despesa pública – 14 milhões de reais – para fins privados. O aeroporto de Claudio é um drama para Aécio porque mina o discurso moralista que está na base de seus ataques a Dilma e ao PT. Poucas coisas são mais patéticas que um moralista pego em flagrante. O povo perdoa o pecador, mas implica com o cínico. Até aqui, como ficou patente na entrevista do G1, Aécio não achou uma explicação que se sustentasse de pé – provavelmente porque não existem mesmo palavras que justifiquem o injustificável. http:// *** *** *** Alckmin, o Fantástico, a falta d`água e a arte de tratar o paulista como idiota. Ele Geraldo Alckmin voltou a dizer, numa sabatina do Estadão, que São Paulo não precisa de racionamento de água. Não seria “tecnicamente adequado”. Segundo ele, há uma exploração política do tema. Seu governo teria feito investimentos vultosos nessa área. A balela é derrubada pelos fatos. Já existe racionamento, de maneira mais ou menos escamoteada, em diversos bairros da capital. Santana, Vila Mariana, Vila Madalena, Lapa, Butantã, Casa Verde, Perus, Itaquera, Cidade Líder convivem com corte à noite. No interior, a situação é mais dramática. Em Itu, por exemplo, o fornecimento ocorre apenas entre as 18h e as 4h. Em Holambra, toda uma economia voltada para o cultivo de flores está comprometida. As causas, do ponto de vista ambiental, têm sido discutidas no DCM por nosso colaborador Edson Domingues numa série de posts. Edson apontou as fragilidades do Sistema Cantareira e a inação da Sabesp. O uso político da crise é feito por Alckmin e não pela oposição. A razão para não falar em racionar e não dar respostas decentes é eleitoreira. Em janeiro, quando foi revelado que o Palácio dos Bandeirantes consumiu 22% a mais do que em dezembro, ele atribuiu o gasto ao calor excessivo. Mais tarde, revelou ao mundo que tem adotado práticas revolucionárias no banho e na hora de escovar os dentes (ele desliga a torneira). Ora é o verão mais quente das últimas décadas, ora é o “fato climático atípico”. É uma manobra covarde. Em 2001, São Paulo passou por um racionamento. O que se apreendeu da experiência? O que ele pode contar sobre isso? Digamos que ele encampe a tese de que a questão é a seca recorde. Ou o aquecimento global. Se assim for, ele precisa avisar a população de que algo precisa ser feito. A título de ilustração: a Califórnia passa por uma seca histórica. O Projeto Hídrico Estadual, responsável pela distribuição, avisou que terá de fechar as torneiras pela primeira vez em 54 anos. Empresas e casas têm uma meta a cumprir. Gado morre nos pastos e há níveis de poluição alarmantes em algumas cidades. O governador Jerry Brown não mentiu, não atribuiu nada a Odin ou contou que lava as mãos uma vez por semana com suco de laranja Maguary. Num encontro sobre desenvolvimento sustentável, fez um apelo: “Peço a todos os californianos, agências hídricas municipais e qualquer um que utilize água para fazer todo o possível para conservá-la”. Alckmin faz o que faz porque conta, ainda, com a enorme complacência e ajuda dos suspeitos de sempre. No domingo, o Fantástico fez uma reportagem sobre a falta de água no estado. Mencionou a recomendação do MP Federal para começar de imediato um racionamento. O nome de Alckmin simplesmente não é citado. Em compensação, ficou registrado que Guarulhos é administrada pelo PT, Saltinho, pelo PDT, e Itu pelo PSD. No final, ao falar da “região abastecida pelo sistema Cantareira, que inclui a cidade de São Paulo”, é lida uma nota da Sabesp, garantindo “o abastecimento de toda região até março de 2015” graças ao apoio da população e a uma “série de medidas adotadas pela companhia”. Se Alckmin cresceu de algum maneira nessa crise, foi num outro setor: no talento de tratar o eleitor como um idiota, chova ou faça sol. http:// |
TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Quanto mais Aécio fala no aeroporto, menos explica.
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