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Por Marcos Doniseti
O que a classe média mais deseja para desfrutar de um prestígio social elevado e poder se diferenciar dos trabalhadores assalariados? Ter seus próprios empregados domésticos. Assim, a classe média poderia vender a ideia de que havia algo em comum entre ela e a burguesia: ambos possuem empregados. Lula e Dilma estão começando a minar isso, daí o ódio mortal da classe média aos seus governos e ao PT.
No livro 'Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo', Eric Hobsbawm, o genial historiador britânico marxista e grande amigo do Presidente Lula, diz algo muito interessante que, a meu ver, ajuda a entender porque grande parte da classe média é tão reacionária, principalmente em momentos históricos nos quais os trabalhadores começam a melhorar as suas condições de vida, como acontece no Brasil neste momento. Em seu livro, ele diz que, na época da Revolução Industrial, muitos trabalhadores perderam os meios de produção que dispunham até aquela época (exemplos: pequenas propriedades rurais e oficinas de artesanato), limitando-se, a partir daquele momento, a ter que vender a sua força de trabalho para poder sobreviver, tornando-se uma mão-de-obra assalariada. E a classe média, cada vez mais numerosa, o que fazia para se diferenciar dos trabalhadores assalariados? Simples: Ela mesma tornava-se empregadora, contratando empregados domésticos. ![]()
Com tantas escolas técnicas federais, universidades e extensões universitárias construídas pelos governos Lula e Dilma, porque alguém teria, como meta de vida, ser um empregado doméstico (cujo trabalho é digno e honrado, sem dúvida alguma) de uma classe média com mentalidade escravocrata? É muito melhor se esforçar, estudar bastante e virar médico, advogado, engenheiro...
Oras, como sabemos muito bem, os governos Lula e Dilma começaram um processo de inclusão social, política e econômica que tem, como um dos seus principais resultados, o acesso de uma parcela crescente dos trabalhadores assalariados brasileiros ao ensino técnico e, também, ao ensino superior completo, devido à adoção de programas como o Pronatec, a construção de 422 Escolas Técnicas Federais, a criação do ProUni, a ampliação do Fies, a política de cotas para ingresso nas Universidades Públicas, a expansao das Universidades Federais (18 novas foram construídas em 12 anos), bem como a aprovação da PEC das Domésticas. Com isso, um número cada vez maior de pessoas irá seguir uma carreira profissional que exige conhecimento e qualificação profissionais. E daí não haverá mais tantas pessoas dispostas a trabalhar como empregados domésticos. Afinal, porque ser um empregado doméstico, se uma pessoa com força de vontade e talento poderá se tornar médico, advogado ou engenheiro? Ou ainda poderá abrir seu próprio negócio, graças aos empréstimos com juros baixos (subsidiados) do BNDES?
O ProUni já beneficiou mais de 1.920.000 estudantes entre 2005 e 2013. E com tantas pessoas chegando à faculdade e se formando, é claro que não haverá mais tantos empregados domésticos disponíveis para a classe média explorar, né?
Então, a classe média sabe que se esse processo de mudanças, que foi iniciado por Lula e que tem continuidade com Dilma, prosseguir, será cada vez mais difícil contratar empregados domésticos, certo? Aliás, já não são conhecidos casos de domésticas que voltaram a estudar e conseguiram se formar em cursos técnicos e até em faculdades? Então, o que incomoda muito a classe média brasileira mais conservadora (e que sempre teve empregados domésticos em abundância à sua disposição) é que justamente aquele fator que permitia que ela se diferenciasse dos trabalhadores assalariados, que é o fato dela ter condições de possuir empregados domésticos, não será mais viável caso as atuais mudanças que se desenvolvem no país continuem. ![]()
Como se não bastasse o número de empregados domésticos estar diminuindo, eles ainda passaram a contar com uma série de direitos trabalhistas, devido à aprovação da PEC das Domésticas (PEC 66). Para a classe média de mentalidade escravista, isso é obra de comunista, é claro.
E daí essa classe média terá que se olhar no espelho e se ver como ela realmente é: uma classe intermediária, que pode até desfrutar de boas condições materiais de vida, mas que não terá mais à sua disposição aquele elemento que permitia que ela se diferenciasse das classes assalariadas e que fazia com que ela se identificasse muito mais com a burguesia endinheirada do que com os trabalhadores assalariados. Isso ajuda a explicar, no meu entendimento, muito do ódio que essa classe média tradicional e reacionária expressa contra Lula, Dilma e o PT. http:// |
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segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Afinal, porque a classe média mais conservadora tem tanto ódio de Lula, Dilma e do PT?
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