quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dilma zangada é garantia de bom desempenho em debates.



Dilma é, tão-somente, caloura na política. Jogá-la em um debate com raposas como Aécio Neves ou Marina Silva chega a ser covardia. A inexperiência e o quadro político adverso dificultam ainda mais a vida de quem não está habituado com a cara-de-pau que a política exige.

Políticos, antes de tudo, têm que ser frios. Ser cara-de-pau ajuda muito. Permite a estratégia de Marina Silva, por exemplo, que não diz nada e consegue ser entendida devido às expressões faciais, que anunciam que está dizendo alguma coisa sem que diga absolutamente nada.

A inexperiência em debates e o momento político difícil constituem-se em enorme problema para Dilma; ela sempre começa os debates nervosa. Desta vez, no debate do SBT/UOL, inclusive, reconheceu o nervosismo ao errar nomes daqueles aos quais perguntaria.

Dilma sempre começa os debates gaguejando. Faz pausas intermináveis durante as frases, dando a impressão de que esqueceu o que iria dizer. Mas ela tem um botão anti-pânico e os marqueteiros precisam encontrar uma forma de acioná-lo para que ela se saia bem na oratória tanto em comícios quanto em debates.

Aliás, quem conhece um pouco melhor a história recente de Dilma se lembra da sova que ela deu no demo Agripino Maia no Congresso ao responder a ele sobre por que disse, em uma entrevista, que mentia “muito” aos torturadores da ditadura militar, ponderando que mentir sob tortura é quase uma obrigação.

Dilma, quando indignada, se supera. Não foi diferente no debate do SBT/UOL.

Marina, por exemplo, após fazer uma interpretação escandalosamente pessimista da situação do país, pergunta a Dilma: “O que deu errado em seu governo?”. Dilma, visivelmente indignada, faz aquele ar de impaciência – que chega a ser engraçado – e dispara: “O que deu errado é que tiramos 30 milhões de brasileiros da miséria”.

Bingo! Só os trejeitos da presidente, ao indignar-se, já deixam o adversário constrangido. É a linguagem corporal instintiva.

Mas não é só. Zangada, Dilma não gagueja. As palavras fluem, ganham naturalidade. É outra pessoa, quando provocada.

Com Aécio Neves foi a mesma coisa. Ele disse que o governo federal não manda dinheiro para seu Estado – Minas Gerais, não o Rio de Janeiro, como muitos podem pensar – e Dilma, indignada com a mais do que comprovável mentira, fez o mesmo ar de impaciência e disse que ele, além de ter “memória fraca”, é “desinformado”.

É mais como ela disse do que o que ela disse. Foi engraçado e soou verdadeiro. Zangada, Dilma passa a quem a vê que aquilo é indignação diante de uma mentira.

De resto, foi divertido. Levy Fidelix xingando a mídia e fazendo um discurso inflamado e panfletário como qualquer estudante universitário devido a seu partido ter sido chamado de “legenda de aluguel” pelo jornalista Kennedy Alencar, foi impagável.

Eduardo Jorge dizendo que não tinha nada que ver com a briga dos dois, foi antológico.

O “pastor” Everaldo citando várias vezes “estrupo”, apesar de patético também foi engraçado.

Não dá para esperar mais do que isso em debates nesses moldes, com tantos debatedores. Não será aprofundado tema algum. Nesses debates, a mise-em-scène vale mais do que as palavras. Ninguém presta atenção no que é dito, mas em COMO é dito.

Não se pode afirmar, mas é mais provável que o debate desta segunda-feira não tenha sido vencido por ninguém. Na verdade, entre o primeiro pelotão, talvez Dilma tenha marcado alguns pontos devido às respostas atravessadas a Marina e a Aécio.

Dar respostas atravessadas dificilmente é uma boa tática. A menos que seja na situação particular em que Dilma as deu nesse debate, ou seja, após sofrer o bombardeio de quase todos os candidatos e de ter sido agredida por aqueles aos quais respondeu.

Se os marqueteiros encontrarem uma fórmula para que Dilma já chegue zangada aos debates e comícios, não vai ter para ninguém. E se o que as lendas tucano-midiáticas dizem for mais do que isso, não será preciso muito para zangar a presidente. Tomara que seja verdade.


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Que ¨nova política¨é essa que une Marina e Malafaia ?!




Marina Silva vem alardeando que sua candidatura simboliza algo que chama de “nova política”. A despeito de tal proposição, o fato é que não pode haver uma política nova. Pode haver, sim, uma política melhor, que não seja feita à base de acordos espúrios com gente que não presta, mas não há o que inovar na política.

Os mecanismos da política derivam dos ditames da democracia. Político busca maioria entre os votantes, busca maioria nas casas legislativas e, para obter tais maiorias, faz acordos com outros políticos. E é só. Não há como fugir desse modelo, ao menos na democracia.

Quando Marina fala em “nova política”, portanto, o que se pode depreender é que pretende inovar dentro do modelo que a política impõe. Inovar como? Um bom começo, como foi dito acima, seria o “novo político” não se aliar a gente que tem a palavra picareta gravada na testa.

E, sim: por estranho que pareça há muita gente que tem a palavra picareta gravada na testa.

Recentemente, a candidata a presidente Marina Silva deu uma pequena amostra do que é a “nova política” que prega: alterou, na marra, ponto de seu programa de governo que apoiava a união civil entre pessoas do mesmo Sexo.

Quem a obrigou a agir assim foi um sujeito chamado Silas Malafaia, um pastor pentecostal carioca que se tornou muito rico e influente através da exploração da fé. Em 2013, reportagem da revista norte-americana Forbes disse que o patrimônio dele é estimado em 150 milhões de dólares.

Pelo Twitter, Malafaia ameaçou retirar o apoio à candidatura de Marina caso o programa de governo dela condescendesse com quem ele considera seu pior inimigo: o movimento em defesa dos direitos dos homossexuais. Com quatro tuítes, o “pastor” conseguiu que a candidata da “nova política” se vergasse.

Malafaia, na mesma rede social, comemorou a vitória.




Em seguida, pregou que os gays abandonados por Marina Silva votem em Dilma Rousseff




Como Marina não pediu aos que abandonou que não fizessem isso, subentende-se que aprova a sugestão do aliado.

Mas quem é Silas Malafaia? Há um vídeo curto no You Tube que, pela eloquência, dispensa maiores considerações. O “pastor” oferece ao seu rebanho uma fórmula para alcançar não o Reino do Céu, mas a “prosperidade” econômica. Ele chama isso de “teologia da prosperidade”.

Diz Malafaia:

– Preste bastante atenção: eu quero desafiar você. Na igreja-sede e nas filiais, durante todo esse ano – é você que vai fazer conforme você quiser fazer -, num envelope especial, você vai oferecer um aluguel seu. Você vai pegar [o aluguel] de um mês. Aí você vai dizer: “pastor, eu estou desempregado. Fiz um biscate e recebi 300 reais”. Ótimo. Então, a tua semente vai ser 90 reais, para um ano. Entendeu? Você vai pegar 30 por cento… Você está empregado. Você ganha 600 reais e vai dizer “Olha, pastor, eu estou vivendo aqui na casa do meu pai”. Ok. 30 reais. De abril a dezembro, você tem 180 reais para você plantar, esses 180 reais. Vai ser a sua semente para que você tenha uma casa.

Abaixo, o vídeo em que Malafaia diz essas coisas.



Uau! Precisa dizer mais?

Agora que já sabemos quem é Silas Malafaia, temos que perguntar: que importância poderia vir a ter esse sujeito se Marina Silva se elegesse presidente da República? Sim, porque se ela o atende tão rapidamente quando faz seus pedidos – como fez no caso dos homossexuais –, não seria lícito especular que ele poderia se tornar ministro desse eventual governo?

Marina poderia criar para ele o Ministério dos Costumes, que trataria de evitar “homossexualismo”, “casamento gay” e, quem sabe, formas heterodoxas de fornicação. Imagine só, leitor:

Ministério dos Costumes adverte: sexo só para procriação. Está proibido, também, fazer sexo oral, anal, de quatro, de ladinho e até canguru perneta. É permitida a posição “papai e mamãe” desde que a luz seja mantida apagada e o dízimo esteja pago. Em dia.

Brincadeiras à parte, o temor reverencial que Malafaia inspira em Marina deixa claro que em um temido governo dela esse sujeito teria muito poder. Tornar-se-ia ministro? E que outras ordens daria à então presidente da República? Nem é bom pensar…

Dirão que “pastores” como esse se relacionam com governos tucanos, petistas etc. É verdade. Esse é um dos preços da política. Qualquer líder político tem que levar em conta a representatividade que até alguém como esse Malafaia tem. Afinal, ele não obriga seus trouxas… Ou melhor, não obriga seus fiéis a lhe darem o pouco dinheiro que têm.

Como se viu no caso dos homossexuais, a obediência de Marina a esse tipinho é praticamente instantânea. Não demandou nem uma reuniãozinha. Malafaia mandou por Twitter e foi obedecido instantaneamente. Chegou a hora, pois, de Marina explicar em que consiste sua “nova política”. Aliás, passou da hora.



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