sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Em termos de encrenca nada supera o avião de campanha do PSB.




Continua envolto no mais denso mistério o avião de campanha do PSB.
Parodiando o ex-presidente Lula em sua frase preferida, “nunca houve antes neste país” uma aeronave usada por candidatos em campanha eleitoral tão difícil de explicar, com tantos rolos pelo meio e justificativas tão pouco convincentes quanto este Cessna PR-AFA usado pelo partido da candidata Marina Silva.
Ninguém consegue explicar direito a origem, o uso, o meio e o fim desse avião. O partido dá uma explicação e se contradiz em seguida. A candidata Marina Silva, na única vez que falou a respeito, transferiu a responsabilidade pelo uso e explicações ao comitê de campanha. E saiu pela tangente, dizendo que o que interessa saber é as causas da queda da aeronave em Santos no dia 13 de agosto, na tragédia que matou o candidato Eduardo Campos.
Melhor dizer, na única vez que seu companheiro de chapa, o candidato a vice-presidente da República, Beto Albuquerque, deixou Marina falar  - ele, ao lado dela, sempre avoca para si dar as explicações que não explicam nada – ela não disse nada.
Aeronave some e aparece nas prestações de contas.
Na 1ª prestação parcial de contas de campanha do PSB à justiça eleitoral o avião até sumiu. Apareceu agora. Na 2ª parcial entregue pelo partido  ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o PSB incluiu apenas o avião, mas a assessoria do partido explica que a quantidade de voos e os custos de sua operação na campanha serão lançados apenas na prestação de contas final, a ser entregue ao Tribunal dia 25 de novembro.
A compra e uso do avião continuam sob investigação, inclusive pela Procuradoria da República. Por enquanto, o que se descobriu, ou se sabe a respeito, é que a aeronave foi vendida por usineiros de Ribeirão Preto (SP) cujas empresas enfrentaram problemas com a fiscalização e comprado por empresas laranja, ou fantasmas, de Pernambuco. Também com problemas com o Fisco, com sedes nebulosas, em residências que não são sede de firma nenhuma e até por empresa com sede em terreno baldio.
No último dia 22, O Globo revelou que o avião Cessna PR-AFA que caiu em Santos não poderia ter sido usado na campanha do PSB. Por quê? Porque ainda está registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)  em nome da AF Andrade – um grupo de usineiros de Ribeirão Preto – mas, pela resolução 23.406 do TSE, uma empresa só pode doar produto ou serviço relacionado a suas atividades fins. E não há registro de que a AF Andrade atue como empresa de táxi aéreo.


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Líder aponta os riscos de uma eleição da candidata do PSB para o país.
Nós aqui do blog do ex-ministro José Dirceu convidamos vocês a lerem, com muita atenção, o pronunciamento feito ontem na tribuna do Congresso pelo líder do PT na casa, senador Humberto Costa (PT-PE). Ele faz uma radiografia das mais precisas, entre as recentemente feitas, sobre os riscos, entre os quais os político-institucionais, a que o país fica exposto caso venha a eleger presidente da República no pleito nacional do mês que vem a candidata do PSB, ex-senadora Marina Silva.
Ao subir à tribuna do Congresso nesta 3ª feira, o líder Humberto Costa, mostrou como a candidata do PSB, ao contrário do que ela diz, faz a  “velha política”, se une a “raposas” que diz renegar e adota o “obscurantismo” em relação a várias posições nas quais a sociedade brasileira cobra avanços e conquistas.
“Essa é Marina. Uma candidata que ora diz uma coisa, ora diz outra. Que não se compromete com nenhuma posição, que promete governar por meio de plebiscito. Que não dá resposta concreta a nenhuma pergunta. Uma candidata que não tem lado. Um presidente precisa assumir posições, ter pulso para enfrentar desafios. Não pode ficar em cima do muro”, criticou Humberto Costa.
“Será uma FHC de saias”
Ele advertiu, ainda, que Marina, se for eleita, vai “baixar a cabeça” ao mercado financeiro e retomar a política neoliberal dos governos Fernando Henrique (1995-2002). “Será uma FHC de saias. A proposta de Marina é deixar que a mão do mercado regule tudo. É dar autonomia total ao Banco Central, coisa que nem o Fernando Henrique deu.”
O senador alertou que a dupla Marina Silva-Aécio Neves (candidato tucano ao Planalto), caso um dos dois seja eleito, vai trazer de volta políticas que os presidentes “Lula e Dilma acabaram”. Segundo Humberto Costa, então, “o desafio é ver esse novo que se apresenta, essa velha política que se propõe progressista, mas que esconde por baixo do xale o que mais de conservador existe.”
No discurso, de meia hora, o senador mostrou o quanto é importante desconstruir já e até o dia 5 de outubro, 1º turno, o discurso e programa de governo apresentado por Marina – este, aliás, ela vem mudando dia a dia. Costa lembrou que a candidata fez “alianças de conveniência” e se uniu a nomes que representam a “velha política”, como Paulo Bornhausen (PSD-SC), candidato ao Senado, filho do ex-senador Jorge Bornhausen, “aquele que queria acabar com a raça do PT”.
Em programa de 242 páginas, Marina dedica so uma linha ao pré-sal.
Acusou, também,  Marina de não ter “controle” sobre o PSB, além de estar disposta a deixar a sigla para criar a Rede Sustentabilidade, seu verdadeiro partido.”Que controle teria ela sobre um eventual governo? Até vereador de Goiás construiu partido nacional, e a senhora Marina não conseguiu criar o seu. Ela já tem até data para saída desse partido: assim que conseguir montar legenda para chamar de sua.”
O parlamentar pernambucano observou que Marina não terá apoio no Congresso para governar e vai adotar medidas para prejudicar a economia do país, como não priorizar o pré-sal, questão que ela nem incluiu em seu programa de governo (dedica 1 linha ao pré-sal, no programa de 242 páginas). Para Humberto Costa, o objetivo de Marina nesse ponto é “deixar de lado” a riqueza natural  do pré-sal, quem sabe com o objetivo real de repassar sua exploração a empresas internacionais.
Segundo o líder, Marina não vai viabilizar a proposta que incluiu no programa de governo, de direcionar 10% das receitas brutas do país para a saúde sem os recursos do pré-sal. O petista afirmou que, nos próximos 30 anos, o pré-sal vai representar mais de R$ 1,3 trilhão para serem investidos em saúde e educação. “Quantos empregos – prosseguiu Costa – serão jogados na lata do lixo por esse obscurantismo ambiental que se propõe a ser progressista? Não há outra razão que leve alguém que for presidente da República a ignorar o pré-sal. Ou é cegueira política, ou é interesse escuso.”
LGBT: respeita-se quem pensa diferente; inaceitável e não ter posição.
O líder petista lembrou, ainda, o fato de Marina ter retirado de seu programa de governo propostas direcionadas à comunidade LGBT.”Eu sou defensor desses direitos, mas respeito quem pensa diferentemente. Aqui, há muitos senadores que pensam diferentemente. O que não podemos aceitar é que alguém não tenha posição sobre o assunto.”
Na mesma linha, Costa antecipou que Marina vai propor plebiscito popular para temas como o aborto e a legalização de drogas leves, o que demonstra que a candidata do PSB tem “volatilidade” em suas posições. “É um discurso para cada plateia. Uma tentativa de equilibrar aquilo que não se pode equilibrar em todas as áreas. A candidata assinou seu programa de governo sem ler, o que demonstra um comportamento extremamente perigoso. Muda de ideia todo tempo de acordo com as conveniências do momento.”
Também a propaganda da presidenta Dilma Rousseff no rádio e TV ontem reproduziu trechos do debate da véspera, da 2ª feira, nos quais ela faz referência ao fato de que, se eleita, sua adversária do PSB terá uma pequena base de apoio no parlamento. “Sem o apoio no Congresso, não é possível assegurar um governo estável, sem crise institucional”, diz a presidenta na cena reproduzida do debate.
No rádio e TV, em seguida, o locutor do programa destaca que “em uma democracia, ninguém governa sem partidos. Ninguém governa sozinho”. Na sequência, ele informa que atualmente a base de apoio à candidata do PSB na Câmara soma 33 deputados. “Sabe de quantos ela precisaria para aprovar um simples projeto de lei? No mínimo, 129. E uma emenda constitucional? 308. Como é que você acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? E será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?”


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A velha polarização: agora é com Marina.
A disputa eleitoral mudou de patamar e de adversário, mas não superou a tendência de polarização entre dois candidatos e duas propostas para o Brasil. O PSDB e seu candidato dificilmente irão para o 2º turno, mas as pesquisas já consolidam uma “nova polarização”, agora entre o PT e Marina, que assume o papel que até aqui foi de candidatos do partido dos tucanos. Como mostra seu programa de governo, Marina está cada vez mais próxima da cartilha tucana derrotada nas três últimas eleições presidenciais.
Como pesquisa não é urna, e sim uma tendência, há espaço para conter o crescimento de Marina e mostrar o que a candidatura dela de fato representa, desde que atuemos e lutemos com a experiência que temos em eleições, em vitórias e derrotas. Sabemos que a campanha não se resume a TV e rádio, muito menos aos debates. A  prova disso é Marina Silva.
Marina, ao apresentar seu programa de governo, abriu um flanco para a crítica. Sua identificação com a política econômica tucana e seu conservadorismo religioso confrontam-se com temas caros à juventude e ao seu eleitorado das grandes cidades. A proposta de reforma política do PSB-REDE é um grave retrocesso político: coloca fim na reeleição, nas eleições a cada dois anos, no voto proporcional, esvazia os partidos e elimina as minorias da vida política institucional do país.
Sua imagem moralista fica frágil se confrontada com os rendimentos das palestras (R$ 1,6 milhão nos últimos anos) e a constituição de uma empresa para pagar menos impostos. Também com o uso do avião irregular do PSB, com seus apoiadores do Itaú e da Natura e com as alianças que o PSB fez nos Estados com a “velha política”.
Sua defesa radical do tripé macro econômico e da independência do Banco Central segue a cartilha do PSDB e na prática assume o modelo de crescimento neoliberal. Devemos, sem medo, confrontar os dois projetos de país e de crescimento, os dois projetos de reforma política e tributária, reafirmar nossa política de distribuição de renda, mercado interno, prioridade para a infraestrutura econômica e social, para o pré-sal, para a integração sul americana e para a democratização.
Mudança, com Dilma.
Os fatos indicam que cresceu a vontade de mudança na sociedade brasileira, porém a maioria do eleitorado, como também mostram as pesquisas, enxerga em Dilma a candidata mais preparada – e com experiência – para as mudanças que o Brasil ainda tem pela frente, mesmo depois de todas as conquistas dos últimos três mandatos.
Isso indica que devemos continuar expondo as ações do governo e da presidenta, sem deixar de fazer a disputa política com as propostas de Marina e o que ela representa de fato. Mais política e mais propostas de mudança. “Futuro” é um conceito abstrato para a maioria dos cidadãos e eleitores, mas mudança é o sentimento nacional majoritário.
Política é confronto de ideias e propostas, de personalidades, de fatos. E luta política e social. Campanha é mobilização da militância e dirigentes, dos apoiadores na sociedade, das lideranças começando no nosso caso por Lula. A disputa nesse momento exige um esforço concentrado de todo partido e aliados, de todos os dirigentes e lideranças, de toda a militância a partir de um plano de trabalho com base nas pesquisas e na nossa realidade partidária e eleitoral.
É preciso reverter situação em São Paulo e consolidar no Nordeste.
É preciso reverter a situação em São Paulo, manter o quadro em Minas, no Rio de Janeiro e na Bahia. Isso significa priorizar esses Estados. No Nordeste, o papel de Lula é ainda mais decisivo, e é onde temos nossa principal base social e eleitoral para crescer e compensar o resultado no Sudeste. O eleitorado de 2 a 5 salários mínimos precisa ser disputado no dia a dia da campanha e da TV.
A situação nos Estados nos é favorável, pois temos fortes campanhas no RS, AC, MS, PI, BSB, BA, MG, RJ e RR, aliados fortes no AM, PA, CE, RN e AL. Mesmo no PR, RO, SE e SC temos candidatos ao governo que não são do PT, mas apoiam Dilma. No ES, temos um candidato competitivo ao Senado, como em São Paulo e outros estados – RS, PE,PA, PB,BSB,RN,SE,GO. Nossos aliados disputam o Senado no AC, BA, AL, TO, MT, com campanhas fortes e competitivas que impulsionam a campanha presidencial nestes locais onde se concentra nosso maior problema e enfrentamos a maior rejeição, com uma campanha ainda em aquecimento.
Temos bancadas fortes e expressivas em termos eleitorais de deputados e senadores em todo país, prefeitos e vereadores que podem e devem nesses próximos 30 dias mobilizar nossa militância e suas bases eleitorais para reverter a atual tendência do eleitorado.
O desafio do PT agora.
O desafio do PT nas próximas semanas é defender, na campanha no rádio e na TV, mas também nas ruas do país afora, os avanços e conquistas tão valiosos ao povo brasileiro, como a geração recorde de empregos, a manutenção da estabilidade econômica com a inflação dentro da meta e sobretudo o crescimento econômico com inclusão social da última década.
São essas conquistas que agora estão em xeque diante do mal disfarçado discurso neoliberal que domina o programa de Marina. Ela  mostra certo desprezo pela destinação da riqueza do pré-sal para a saúde e a educação e acena com medidas que irão afetar a renda e o emprego do trabalhador. Marina, como se vê, se afastou dos ideais de quando tomou posse como ministra do presidente Lula e hoje ofusca o PSDB usando o próprio e velho receituário tucano para se opor a presidenta Dilma.


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Lula: ¨Nós temos uma escolha, que é votar na Presidenta Dilma¨.


Dilma e Lula em SBC (Foto: Roberto Stuckert/IL)



As declarações do ex-presidente Lula, ao lado da presidenta Dilma Rousseff, durante a carreata no centro de São Bernardo do Campo, merecem destaque. Sem citar nomes ou pesquisas, o ex-chefe de Estado fez um alerta, dependendo de quem elegermos presidente no mês que vem,  sobre os riscos de subordinação do Brasil aos interesses do sistema financeiro e à necessidade de darmos continuidade a conquistas como a geração de empregos.
Disse o ex-presidente: ”Se nós quisermos o bem deste país, que ele continue andando de cabeça erguida, que continue sendo um país produtivo, gerador de emprego, gerador de empresas e não subordinado ao sistema financeiro, nós não temos duas escolhas e nem uma e meia. Nós temos uma escolha que é votar na presidenta Dilma”.
Ovacionados e em meio à militância e simpatizantes nas ruas de São Bernardo, berço político do ex-presidente, ele e a presidenta Dilma manifestaram sua confiança na razão, no coração e no reconhecimento do povo: ”Eu tenho fé nesse povo, em Deus, que no dia 5 de outubro valerá a razão, o coração e o reconhecimento do povo brasileiro a uma mulher que apanhou, foi torturada na ditadura, foi massacrada por um setor da imprensa desse país e nem assim essa mulher se curvou”.
O ex-presidente criticou, também, a atuação eleitoreira da imprensa contra a reeleição da presidenta Dilma. Com experiência de causa, após dois mandatos sob artilharia pesada dos jornalões que jamais aceitaram um trabalhador no comando na Nação, o ex-presidente Lula afirmou que certa mídia não suporta ver os pobres brasileiros se desenvolverem.

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