quarta-feira, 1 de outubro de 2014

As altas confusões de Hulk, Marina, Meirelles e Malafaia.

hulk
Corta!

Já não vinha sendo uma semana das mais felizes para Marina Silva. Queda nas pesquisas, ataques de Dilma e Aécio, a esquisita teimosia com a questão da CPMF (que ela garante ter votado a favor, embora os anais do Senado teimem em registrar o contrário).


Eis que surge um alento: o apoio do ator Mark Ruffalo, ícone da Hollywood liberal, sempre com a barba malfeita, o olhar carente, canastrão gente fina. Uma espécie de Wagner Moura sem arrogância, campeão das boas causas. Ganha dinheiro como o Hulk nos longas da Marvel, mas o prestígio vem com filmes como “The Normal Heart”, dramalhão que lhe rendeu uma indicação ao Emmy pelo papel de um ativista gay.

Não ia render dez votos, mas seu endosso, num vídeo, foi comemorado como um sucesso estrondoso pelos marinistas. “Marina representa um novo tipo de paradigma no mundo. O sistema político como é hoje, não é sustentável”, dizia ele, fofíssimo. MS era uma “dessas pessoas muito muito especiais”.

Bem, não durou 24 horas.

Sabe-se lá quem lhe soprou o que nos ouvidos, mas Ruffalo retirou o que falou num post em seu blog. “Veio até meu conhecimento que a candidata brasileira à presidência Marina Silva pode ser contra o casamento gay. Isso me colocaria diretamente em conflito com ela”.

Prosseguiu: “Eu não posso, de forma consciente, apoiar uma candidata que tenha tal abordagem de extrema direita com relação a questões como casamento gay e direitos reprodutivos das mulheres, ainda que esta candidata tenha intenções certas sobre as questões ambientais.”

No final, pediu desculpas pelos transtornos causados.

A equipe de Marina se pôs, imediatamente, a tentar explicar o inexplicável para Ruffalo através das redes sociais. Mais uma vez, o problema eram as mentiras e calúnias espalhadas pelos adversários. O estrago, porém, já estava feito.

Malafaia deu o beijo da morte em Marina. Nenhum candidato sobrevive incólume ao abraço de um cafajeste medieval. O recuo na questão LGBT foi o primeiro e o mais escandaloso de várias idas e vindas clamorosas.

Hoje, Marina e sua Rede condenaram veementemente o discurso de Levy Fidelix no debate da Record. “Nós manifestamos publicamente o repúdio diante das declarações homofóbicas, segregacionistas e pseudo-científicas do candidato Levy Fidelix”, lê-se no site. O partido (partido?) estuda entrar com uma ação.

Ok. Mas por que agora? Malafaia e Feliciano, dois aliados, detonam homossexuais e ativista LGBT diuturnamente, numa obsessão doentia, para não dizer suspeitíssima — e Marina nunca levantou uma sobrancelha.

O que explica a indignação seletiva?

A saída de cena de Ruffalo é um vexame para Fernando Meirelles, o gênio do cinema brasileiro que ofereceu seus préstimos à campanha marinista e, suponho, deva ter costurado o contato com Ruffalo, que trabalhou em seu “Ensaio Sobre a Cegueira” (imagino Meirelles, exasperado, no FaceTime: “Que isso, Mark! É grupo dos caras! Confia!”).

Seja lá o que o povo de MS possa alegar, está na hora de assumir alguma responsabilidade sobre as besteiras cometidas. Quando até o Hulk fica nervoso, é porque nem Jesus salva.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-altas-confusoes-de-hulk-marina-levy-e-malafaia/


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Por que partidos ‘nanicos’ têm tanto espaço no debate eleitoral?


Fidelix
Fidelix

Já Francisco Teixeira, professor de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que o Brasil deveria adotar a cláusula de barreira.
Ele defende que somente partidos que obtenham 5% dos votos em ao menos sete Estados possam eleger congressistas e participar de coligações.
Os que não cumprissem os requisitos, diz ele, poderiam continuar existindo, mas fora do Legislativo.
Teixeira afirma que hoje muitos partidos pequenos lançam candidatos à presidência na esperança de futuramente elegê-los para o Congresso ou Assembleias Legislativas. Com a cláusula de barreira, segundo ele, essa prática seria abandonada.
O professor defende, ainda, que partidos barrados pela cláusula de barreira percam suas fatias de horário eleitoral gratuito.
“Não é justo que a população pague o horário gratuito para um partido que não consegue ter representação”

No último domingo, o candidato do PRTB à Presidência, Levy Fidelix, gerou grande polêmica ao fazer um discurso que classificou como de ‘enfrentamento’ aos homossexuais durante o debate organizado pela Rede Record. Em declarações consideradas homofóbicas pela comunidade LGBT, o presidenciável disse que “homossexuais precisam receber tratamento psicológico” e convidou a população a ‘combatê-los’.
“O Brasil tem 200 milhões de habitantes, daqui a pouquinho vai reduzir para 100 [milhões]. Vai para a avenida Paulista, anda lá e vê. É feio o negócio, né? Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los.”
O discurso teve grande repercussão nas redes sociais e até mesmo o jornal britânico The Guardian noticiou o assunto. Levy Fidelix, que não chega a ter 1% das intenções de voto, literalmente, roubou a cena do penúltimo debate entre os presidenciáveis.
Mas, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, isso só pode acontecer por causa de uma falha no sistema eleitoral brasileiro. É ela que permite que partidos com pouca representação na sociedade tenham acesso ao fundo partidário e espaço em debates e no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão.
Na próxima semana, Levy Fidelix verá seu nome nas urnas mais uma vez. Será a segunda ocasião em que ele disputará o cargo máximo do Executivo, mas ele também já concorreu a prefeito, governador, deputado federal e vereador. Jamais se elegeu.
O presidenciável do PRTB é um dos cinco candidatos à Presidência que, de acordo com as últimas pesquisas, não alcançam sequer 1% das intenções de voto. Os demais são José Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB), José Maria Eymael (PSDC) e Rui Pimenta (PCO).
Segundo o último levantamento do Datafolha, a corrida é liderada por Dilma Rousseff (PT), com 40%, seguida por Marina Silva (PSB), 27%, e Aécio Neves (PSDB), 18%. Em seguida, empatados com 1% cada, vêm Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV).
A legislação eleitoral garante a todos os partidos tempo para propaganda eleitoral gratuita e recursos do fundo partidário – 5% do fundo é distribuído em partes iguais a todos os partidos registrados, e 95%, conforme o número de votos obtidos pela sigla na última eleição para a Câmara.
Dentre os partidos que disputam o último lugar na corrida presidencial, o PRTB de Fidelix, que elegeu dois deputados federais, recebe a maior fatia, cerca de R$ 110 mil por mês. O menor valor é destinado ao PCO de Rui Pimenta, R$ 42 mil mensais.
Em um mês, todas as siglas abocanham R$ 25 milhões do fundo partidário. As maiores porções vão para o PT (R$ 4,2 milhões) e PMDB (R$ 3 milhões) – partidos com maiores bancadas na Câmara.
Para Maria do Socorro Souza Braga, professora de ciência política da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), o fundo partidário é uma das razões para a existência do que ela chama de “partidos de aluguel”, que sobrevivem sem apoio popular em um sistema bastante competitivo.
Outro motivo, diz ela, são as coligações partidárias. A legislação permite que siglas se unam em disputas para o Executivo ou Legislativo.
Nas eleições para o Executivo, partidos grandes buscam os pequenos para ampliar sua fatia de tempo de TV. Em troca, afirma Braga, as siglas grandes podem convencer financiadores a doar para os pequenos, transferir-lhes recursos ilegalmente ou, em caso de vitória, recompensá-los com cargos.
“As negociações para a formação de coligações são uma caixa preta”, afirma Braga.
E nas disputas para o Legislativo, siglas pequenas podem eleger candidatos que recebam poucos votos, desde que estejam em coligações bem votadas. Isso porque, segundo a fórmula eleitoral, o total de votos recebidos por uma coligação tem peso importante no preenchimento das vagas.
Na última eleição para a Câmara, em 2010, os votos recebidos por Ana Arraes (PSB-PE), por exemplo, ajudaram a eleger outros 20 deputados da coligação, que incluía PP, PDT, PT, PTB, PSC, PR e PC do B.
Deputado mais votado, o palhaço Tiririca (PR-SP) ajudou a eleger outros três congressistas de sua coligação. Neste ano ele deve se reeleger e arrastar outros deputados para a Câmara.
Para Braga, a possibilidade de que partidos se coliguem em eleições para o Legislativo ajuda a explicar por que candidatos como Levy Fidelix se candidatam à Presidência mesmo sem chances de vencer.

Ela diz que a candidatura dá projeção nacional aos candidatos e a seus partidos, fazendo com que sejam procurados nos Estados por outras siglas em busca de alianças para o Legislativo.
Representantes de partidos pequenos, no entanto, rejeitam o rótulo de ‘nanicos’ ou de legendas ‘de aluguel’ e afirmam que seu fraco desempenho se deve a distorções causadas pela legislação eleitoral, que permite grandes doações a candidatos e favorece as agremiações maiores.

Para Braga, as propostas de reforma política devem incluir mecanismos para barrar o que ela chama de “partidos de aluguel”. Ela afirma, no entanto, que as principais medidas em discussão para resolver o problema poderiam gerar outras distorções.
Uma das medidas é a criação de cláusulas de barreira. A proposta impediria que partidos que não obtivessem um percentual mínimo de votos em determinado número de Estados elegessem candidatos para o Congresso.
A outra medida é a proibição das coligações.
Para Braga, as duas medidas reduziriam drasticamente o número de partidos, favorecendo poucas siglas. “Alimentaria uma espécie de cartel entre partidos que já são muito fortes e que formariam uma ‘partidocracia’”.
Para barrar os partidos ‘nanicos’, a professora defende que no preenchimento de cadeiras no Legislativo se considerem apenas os votos direcionados a cada sigla, independentemente de estarem coligadas.
Publicado na bbc.


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Cenas inéditas: Levy Fidelix improvisa durante o debate na Record.


------ APARELHO EXCRETOR NÃO REPRODUZ MAS FAZ SCAT! ------
Levy Fidelix fez uma resposta imensamente escrota à Luciana Genro no debate do dia 28/09. Eu apenas consertei achando que seria bem melhor assim.


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E Levy virou herói de Lobão e da direita brasileira.


Levy Rules
Levy Rules

Fidelix rules!!
Assim reagiu no Twitter Lobão à diarreia homofóbica de Levy Fidelix no debate da Record.
Numa tradução livre, Fidelix brilhou.
Você pensa que Lobão não pode ser mais obtuso, mas ele sempre surpreende e encontra novos limites para a estupidez e o reacionarismo.
Lobão é uma amostra expressiva de como a direita respondeu a Fidelix. Com embevecimento diante de alguém que disse verdades à “ditadura gayzista”, um herói que ousou desafiar o pensamento “politicamente correto”.
Levy Fidelix, o candidato que era uma piada até virar uma infâmia, é, hoje, um ídolo da direita brasileira. Isso mostra o panorama desolador do conservadorismo nacional.
Roger Moreira, também no Twitter, admirou a coragem de Fidelix. Quer dizer: Fidelix não foi vulgar, não foi obsceno, não foi idiota. Foi, para Roger, um exemplo de bravura.
Outro reacionário notório, Reinaldo Azevedo, torturou o jornalismo e a língua portuguesa ao falar sobre o caso. Ele se referiu a uma “suposta” homofobia.
Portanto, no Planeta Azevedo, podemos discutir se as palavras de Fidelix foram – ou não – homofóbicas. Há sempre a possibilidade, segundo esta ótica peculiar, de que Fidelix tenha elogiado os homossexuais ao dizer que eles têm que se tratar, mas longe de nós.
O cuidado extremo com que Azevedo se referiu a Fidelix só vale, naturalmente, para a direita.
Dias antes, eles escrevera, a propósito do caso Petrobras, que o delator REVELARA – ele usou maiúsculas – coisas terríveis contra Dilma.
O delator não afirmou, não disse. Ele REVELOU. No Planeta Azevedo, acusações contra adversários de seus patrões não são acusações. São REVELAÇÕES. Você pula a etapa da investigação, da defesa, da exibição de provas, se as houver, e da decisão da justiça.
Importante: isto para os inimigos.
Dias atrás, o jornalista Ricardo Kotscho escreveu que a origem da raiva de Roberto Civita contra Lula reside na diminuição da publicidade do governo federal para a Abril.
Está errado dizer, segundo o jornalismo decente, que Kotscho REVELOU. O certo é registrar que Kotscho “afirmou”.
Mas, sejam quais sejam as origens do ódio da Veja a Lula, o fato é que o jornalismo decente deixou de valer faz muito tempo para a revista, substituído por uma patética panfletagem sem nenhuma credibilidade senão para um público limitado de analfabetos políticos.
No caso de Fidelix, outro argumento da direita em favor do seu bestialógico recorre à liberdade de expressão, como se você pudesse dizer qualquer coisa e invocá-la.
Em maiúsculas, como Azevedo, Malafaia congratulou Fidelix no Twitter. “PARABÉNS, LEVY FIDELIX, POR VOCÊ FALAR O QUE PENSA. ESTAMOS EM UMA SOCIEDADE LIVRE. O ATIVISMO GAY QUER IMPLANTAR A DITADURA DA OPINIÃO! VALEU!”
Bom, pelo menos parece que Mafalaia saiu da fase da “ditadura bolivariana” para admitir que vivemos numa “sociedade livre”.
Há regras para a liberdade de expressão, como para tudo. Nos dias de hoje, por exemplo, caso alguém em solo americano se manifeste publicamente a favor dos Estados Islâmicos irá, rapidamente, para a cadeia.
Um juiz americano colocou isso de forma didática. Imagine um teatro lotado. Se alguém gritar “fogo”, pode gerar um pânico que leve a mortes. É inútil invocar depois, na justiça, a liberdade de expressão para poder gritar “fogo”.
Por mais que os conservadores queiram, Levy Fidelix não foi destemido, não foi iconoclasta, não foi brilhante.
Foi apenas sem noção, ou, para quem gosta de definições mais diretas, um perfeito idiota.

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