terça-feira, 21 de outubro de 2014

Comentarista da Globo News ameaça Dilma antes do debate da Record.



No final da tarde de domingo, poucas horas antes do debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves na TV Record, mais uma vez um jornalista da Globo atuou descaradamente a serviço do candidato tucano contra a candidata petista. Para variar.
Gerson Camarotti, comentarista político da Globo News e repórter especial do Jornal das Dez, da mesma emissora, divulgou informação surpreendente: Aécio teria recebido do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) “relatório detalhado” com o conteúdo das delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.
Segundo supostos “relatos” que o jornalista teria recebido, haveria no tal “relatório” um “tópico específico” em que integrantes da cúpula petista seriam citados como “participantes de esquema de desvio de recursos da estatal”.
A partir daí, Camarotti enviou um recado a Dilma e à sua equipe:

Aécio decidiu guardar esse relatório como uma munição reserva para o terceiro debate entre os presidenciáveis, que acontece hoje à noite. E vai usá-lo caso haja golpe abaixo da cintura preparado pela campanha da petista Dilma Rousseff, candidata à reeleição
A informação, se confirmada, constituiria um escândalo. Como Aécio poderia ter recebido dados que Dilma vem pedindo à Justiça e que esta tem lhe negado?
E o pior: quem, na Polícia Federal ou na Justiça ou no Ministério Público, faria um relatório com tópico específico contra o PT e, o que é mais grave, entregaria ao adversário de Dilma na disputa eleitoral?
Se Aécio tivesse sacado tais informações durante o debate, teria sido um escândalo. Por certo daria curso a um inquérito policial para descobrir quem, na PF, na Justiça ou no MP, entregara a Álvaro Dias documentos sigilosos, sob evidentes intenções políticas.
Aconteceu o debate da Record e Aécio não denunciou coisa alguma. Ora, se tivesse dados comprometedores contra o PT, por que não derrubar Dilma no debate apresentando-os publicamente?
De posse de tais informações, teria vencido facilmente o debate. Dilma não teria o que responder. E mais: esses dados, hoje, ocupariam as manchetes de toda imprensa, gerando forte desgaste para o PT a poucos dias da eleição em segundo turno.
O que aconteceu com Aécio? Por que não usou os dados?
Até prova em contrário, o que se pode deduzir é que Aécio não recebeu relatório algum de Álvaro Dias. Ou alguém acredita que, tendo informações prejudiciais à adversária, ele não usaria?
A postagem de Camarottí soa mais como ameaça a Dilma para que fosse ao debate sob pressão. Contudo, segundo avaliação da ultra tucana Eliane Cantanhêde, da Folha de São Paulo e da mesma Globo News, a intimidação contra Dilma não funcionou. Ela estaria “serena”.

Sim, Dilma estava serena e confiante, como diz a colunista tucana. Talvez por saber que as pesquisas CNT/MDA, Datafolha e Vox Populi de hoje mostrariam que ela está ultrapassando Aécio.
Aliás, a 125ª pesquisa CNT/MDA, divulgada na manhã desta segunda-feira (20), mostrou Dilma com 50,5% dos votos válidos e Aécio, com 49,5%. Por a CNT ser controlada pelo ex-vice de Aécio no governo de Minas, Clésio Andrade, a pesquisa é um ótimo sinal. Para Dilma.


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Dilma poderá derrotar Aécio com votação igual à de 2.010.





Fim da tarde de segunda-feira. Vou com a filha buscar o genro no Aeroporto de Guarulhos. Uma hora e quarenta para rodar trinta e poucos quilômetros. Uma tortura.
Conseguimos pegar a Airton Senna de volta para São Paulo por volta das 21 horas.
Durante o congestionamento, busco no celular notícias sobre o Datafolha.
Dilma 52, Aécio 48.
Solto um PQP que assusta filha e genro.
No caminho, recebo ligação de importante personagem da campanha de Dilma:
Ele — Liguei para cumprimentá-lo pelas pesquisas.
Eu — Achei que não ia dar, apesar de que ninguém ganhou nada, ainda.
Ele – Claro, não ganhamos nada. Mas viramos na hora certa.
Eu – É mesmo?
Ele – Sim. Agora vai por inércia. Além de faltar pouco tempo, os ataques acabaram. O TSE não deixa mais. Quem atacou, atacou; quem não atacou, não ataca mais.
Eu – Entraram na reta final em vantagem, certo?
Ele – Isso. Vantagem significativa. Estamos comemorando. Muito. Liguei para agradecer.
Eu – Eu é que agradecerei, se livrarem o país do PSDB.
O carro volta para casa no piloto automático. O inconsciente dirige em meu lugar. O jovem casal puxa conversa comigo, mas permaneço monossilábico, pensando.
Aqueles números ficavam rondando a mente: 48 e 52, 48 e 52, 48 e 52…
Ao mesmo tempo que fico repetindo os números pró Dilma do Datafolha, penso na razão para a campanha dela estar tão eufórica.
Estou quase chegando em casa quando a luz se faz.
Os números de Dilma e do adversário tucano da vez estão extremamente próximos dos da eleição de 2010, entre ela e Serra.
Em 31 de outubro de 2010 Dilma Rousseff obteve 55.752.529 votos, ou 56,05% dos votos válidos; José Serra obteve 43.711.388 votos, ou 43,95% dos votos válidos.
Voltemos às recém-divulgadas pesquisas CNT/MDA, Datafolha ou Vox Populi. Todas mostram trajetória ascendente de Dilma. Continuará esse movimento de subida?
A tendência é a de que continue. A virada é muito consistente. Mostra uma onda (modesta) como a de 2010, na reta final do segundo turno.
Assim como em 2010, na virada para o segundo turno houve desânimo petista e euforia tucana. Mas no segundo turno, com apenas duas opções, o país resiste a trocar o certo pelo duvidoso.
Agora, o mais importante da reflexão: pela margem de erro do Datafolha, por exemplo, Dilma tem entre 54% e 50% dos votos válidos e Aécio, entre 46% e 50%.
No topo da margem de erro, Dilma está a 2 pontos percentuais de repetir a votação de 2010. Teria hoje 54% contra 46% de Aécio.
Se estiver ocorrendo um movimento de ascensão da campanha petista, ganhar mais dois pontos será moleza.
Até porque, os 6% de indecisos que restam pertencem às camadas mais pobres da sociedade, que tendem sempre a votar no PT.
Claro que é cedo para comemorar, pois a vantagem de Dilma é numérica e percentualmente pequena. Todavia, a virada soa razoavelmente clara.
A esta altura, denota que cada vez mais gente vai refletindo que o risco de trocar tudo o que tem hoje pelas promessas vagas de Aécio é um risco que não vale a pena correr.
Temos que entender que ninguém está penando hoje no Brasil. Muito pelo contrário. Salários continuam subindo, desemprego continua caindo, inflação está controlada e o crescimento começa a ser retomado.
E Aécio, o que promete? Garantiu que, se eleito, não haverá piora da situação das pessoas? Não garantiu. Pelo contrário, falou em “medidas impopulares”.
Dilma, não. Garantiu que, com ela, não haverá arrocho salarial, choque fiscal, monetário ou aumento do desemprego. É o que as pessoas querem ouvir.
E convenhamos: se a conta de Luz, que caiu quase 30%, vier a subir 10%, 20%, não chegaá a ser uma catástrofe.
E a gasolina não sobe faz muito tempo. O brasileiro gasta menos com combustível hoje do que há um ano. Um reajuste, dadas as condições atuais das pessoas, não assusta ninguém.
Veja a ironia, leitor: tanto trabalho que a direita teve com protestos, terrorismo econômico, bombardeio midiático sobre corrupção e pode conseguir, apenas, o mesmo que há 4 anos.
Como diria Shakespeare, “muito barulho por nada”

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