No dia 22 de outubro de 2014, em São Paulo, no Largo da Batata, a campanha de Aécio Neves promoveu uma manifestação de apoio à sua candidatura presidencial.
Leitor que prefere não se identificar passou pelo local e assistiu a uma cena triste, mas indicativa do clima de ódio e preconceito que tomou parcela do povo paulistano.
O senhor “distinto”, cabelos brancos, meia idade, para seu carrão importado junto aos manifestantes que já vinham chegando. Junto com ele, descem três moças muito brancas e loiras.
Segundo relato do leitor, as pessoas que ali estavam pareciam conhecer o homem e as moças loiras. Em meio aos cumprimentos, o homem deu uma declaração patética e revoltante:
“Olhem minhas filhas. São lindas e loiras. Vocês acham que elas votam na Dilma”?
O vídeo abaixo é resposta de uma filha linda e loira ao eleitor de Aécio. Trata-se da filha deste blogueiro, Gabriela. À diferença daquelas moças, não foi criada por um idiota.
Loiras também votam em Dilma.
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*** *** Jornal distribuído no metrô de SP ironiza apoio de nordestinos a Dilma.
Em tese, se um jornal paulista da capital publica na capa as fotos de dois candidatos à Presidência da República e faz montagem na foto de um deles com uma intenção bastante óbvia de vinculá-lo ao Nordeste, só pode estar querendo ajudar esse candidato. São Paulo é um Estado repleto de nordestinos ou descendentes de nordestinos…
Porém, há anos que os paulistas vêm sendo acusados de preconceito contra nordestinos por conta de uma parcela de sua população que não faz a menor questão de esconder verdadeira ojeriza que tem ao povo do Nordeste, tanto no que diz respeito à cultura da região quanto ao fato de haver mais nordestinos negros do que brancos.
Episódios recentíssimos de manifestação de preconceito em redes sociais contra o povo do Nordeste por votar majoritariamente em Dilma acabaram mostrando que a grande maioria dessas agressões partiram de paulistas, sejam da capital ou do interior de São Paulo.
Por esse ângulo, a capa do jornal gratuito Metro News, em sua edição de 22 de outubro, induz a crer que a intenção na montagem que o leitor vê no alto da página pode não ter sido a de favorecer a presidente da República ao associá-la ao povo nordestino, já que acusações de que paulistas e paulistanos (Metrô News é da capital) repudiam esse povo são comuns.
Só para lembrar: a mais notória condenação de alguém por crime de preconceito contra nordestinos foi de uma jovem estudante de Direito de Bragança Paulista, interior de São Paulo. Em 2010, ela pregou no Twitter que matassem os nordestinos que votaram em Dilma e os “culpou” pela primeira eleição da atual presidente da República.
Para entender melhor a intenção do jornal haveria que, para começar, ler as páginas seguintes, apesar de, por estarmos em período eleitoral, ser vetado que um impresso distribuído gratuitamente em um aparelho do Estado controlado pelo partido do adversário de Dilma, tomasse partido desse adversário.
Na terceira página do jornal, duas matérias sobre o confronto Dilma/Aécio: a primeira, “Dilma Caminha com Mulheres”; a segunda, “Aécio contesta Datafolha”.
A matéria sobre Aécio dispensa comentários; o título diz tudo. A matéria sobre Dilma, apesar do título simpático, diz que ela “critica” e “acusa” Aécio, quem, na matéria sobre si, aparece vitimizando-se, dizendo-se prejudicado por pesquisas inidôneas que o colocam atrás da adversária nas intenções de voto da corrida sucessória.
Na quarta página, mais duas matérias: a primeira, “Ataques mútuos e propostas”, continua na linha de mostrar Dilma como agressora de Aécio; a segunda, “Pesquisa não indica desidratação de Aécio”. Abaixo, reprodução da matéria do Estadão republicada no jornal gratuito.
O jornal distribuído gratuitamente no metrô de São Paulo costuma publicar textos críticos ao PT e favoráveis ao PSDB, sobretudo ao governo Geraldo Alckmin, que controla o Metrô.
Abaixo, mais algumas capas do Metrô News
*** *** Pesquisas põem PSDB em desespero; Veja tenta última cartada.
A previsível subida de Dilma nas pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas no fim da tarde de quinta-feira 23 se fez acompanhar de indícios de que o PSDB e a parcela mais engajada de seu eleitorado – inclusive uma boa parcela que milita nos grandes meios de comunicação – podem se recusar a aceitar um resultado das urnas que não seja o que desejam.
Enquanto colunistas tucanos como Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli já falam em derrubar Dilma no segundo mandato, Veja antecipou em dois dias a capa de sua edição que só deve sair no próximo sábado para tentar contaminar a tempo a parcela do eleitorado que ainda não se decidiu ou que for mais suscetível a manipulações de última hora.
Detalhe: Magnoli publica seu artigo golpista no site de um “Clube Militar” e Azevedo diz, em seu texto não menos golpista, a seguinte pérola:
“(…) Se Dilma for reeleita e se for verdade o que diz o doleiro, DEVEMOS RECORRER ÀS LEIS DA DEMOCRACIA — não a revoluções e a golpes — para impedir que governe”
Azevedo sugere que a oposição tentará pedir o impeachment de Dilma com base em suposta declaração de um meliante. Já Magnoli afirma que, mesmo vencendo a eleição, Dilma não terá “legitimidade para governar”.
Quanto a Veja, o de sempre: sem provas, acusa a presidente da República e o ex-presidente Lula de saberem de um suposto esquema de desvio de dinheiro na Petrobrás. É a última cartada.
A teoria de Veja é a seguinte: como a eleição supostamente estaria “apertada”, qualquer denúncia que não puder ser rebatida a tempo por Dilma pode levar os mais suscetíveis a mudar de voto.
Paralelamente, o centro de São Paulo viu ocorrer no mesmo dia agressão odiosa de militantes do PSDB contra militantes do PT. Parte de um grupo de 500 militantes tucanos invadiu uma manifestação de cerca de 50 petistas no centro da capital e os agrediu. Os petistas reagiram e foi necessária intervenção da Polícia Civil para separar os contendores.
Como se vê, vencer a eleição nem chega a ser o maior problema de Dilma, que, apesar da tentativa desesperada da Veja, dificilmente será derrotada com ou sem a denúncia irresponsável da revista, que espera que a presidente e seu padrinho político sejam condenados preliminarmente, sem apelação, de preferência até o próximo domingo.
Não vai rolar.
Mas o que se percebe é que a campanha eleitoral deixará cicatrizes. O PSDB não vai querer conversa. Se a mídia vai entrar na dos tucanos e participar de uma tentativa de sabotar o segundo governo de Dilma ao ponto de provocar seu impeachment, como sugere Reinaldo Azevedo, é outra história.
A impressão que se tem é de que alguns veículos já buscam se dissociar do extremismo da Veja e do próprio PSDB, que parece achar que pode ganhar a eleição se gritar bastante.
Seja como for, alguém deveria dizer a Azevedos, Magnolis, Vejas e Aécios que o Brasil é uma democracia e, em democracias, cara feia de perdedores de eleição é fome. Essa gente aproveitaria melhor seu tempo se começasse a planejar já alguma estratégia para 2018 que convença este povo a lhe dar nova chance de governar o Brasil.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Manifestação tucana: “Minhas filhas são loiras. Elas não votam na Dilma”
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