terça-feira, 14 de outubro de 2014

O vergonhoso apoio de Marina a Aécio.


Depois de muita marola e com a mídia já em estado de estresse total, desesperada com o vexame que sofria porque anunciava há uma semana e o apoio não vinha, a candidata derrotada do PSB ao Planalto, ex-senadora Marina Silva, anunciou finalmente seu apoio ao candidato do PSDB-DEM, senador Aécio Neves (PSDB-MG).
O vergonhoso desse apoio de Marina é que ela, apesar de ter se comprometido com seu eleitor a não subir no palanque dos tucanos em hipótese alguma, agora não se limitou  apenas a apoiar, fez mais: deu a escada para Aécio se apresentar como candidato do social, o que é uma definição tão falsa como ela mesma (Marina) que se apresentou como candidata da “nova política” e agora diz que ela e o candidato tucano são a “nova política”.
Seria uma piada, não fosse trágico, um engodo e uma farsa. E tudo por que e para que? Por ódio ao PT, pelo ódio que Aécio e a campanha tucana cada vez mais estimulam contra o partido. Tudo com um único objetivo: tirar o PT do governo. Ao aderir Marina releva tudo.
Divulgou que estabelecia exigências, mas abriu mão de tudo para apoiar.
Na fase de negociações durante toda a semana passada, chegou a deixar seus coordenadores de campanha fazerem correr a versão de que uma de suas exigências era que Aécio abrisse mão de uma das principais bandeiras da direita nas últimas décadas, a redução da maioridades penal.
Aécio não abriu mão da defesa dessa proposta porque ela tramita no Congresso em projeto apresentado por seu companheiro candidato a vice-presidente, senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP). E porque José Serra, tucano eleito senador por São Paulo já anunciou que não quer saber dessa proposta de Aloysio e vai apresentar, ele próprio, um projeto de redução da maioridade penal.
Tudo, então, ficou como dantes, mas para aderir à candidatura tucana, Marina abriu mão dessa questão, mais de uma série de outras propostas divulgadas como condição que impunha a Aécio para apoiá-lo e vem agora com uma justificativa pífia: “Obviamente quando se faz alianças, se faz com diferentes, sem prejuízo de continuar defendendo nossas propostas”.
Marina aderiu a um candidato sem programa e sem rumo para o Brasil.
Foi um vale tudo. Marina aderiu a um candidato sem programa de governo e sem rumo para o Brasil (justo ela que tanto cobrou programa dos adversários). Essa é a verdade desse apoio nesse 2º turno da eleição.
Os argumentos deles, de Marina e de Aécio, inclusive são desmentidos pela realidade, pelos fatos. A presidenta Dilma tem seu governo avaliado como ótimo e bom por 39% dos brasileiros e regular por 38% da população. Ela obteve 42% dos votos no 1º turno e hoje está empatada com Aécio.  Assim, a presidenta Dilma, sim, é vista como a candidata capaz de mudar.
Então, nem a maioria do país identifica o tucano como o candidato das mudanças. Muito menos essa maioria quer a volta dos tucanos. Rejeita-os, rechaça-os com força total como demonstram os números. Ninguém quer a volta dos mesmos tucanos com as mesmas ideias… E pior do que isso, escondendo suas ideias.
Por isso é imperdoável que a ex-senadora Marina Silva tenha se prestado a esse papel de ser fiadora de um cheque sem fundos, fiadora de um Aécio que se apresenta como o candidato dos pobres, do social, como o representante da “nova política”.
A disputa eleitoral está cada vez mais acirrada e os dois candidatos a Presidência da Republica dedicam boa parte do seu tempo para mostrar o que já fizeram em mandatos anteriores. Só que a  presidenta Dilma mostra os avanços que o país conquistou em seu mandato em diversas áreas, como educação, saúde, infraestrutura, etc.. Já o candidato da oposição, o demotucano Aécio Neves apresenta o “choque de gestão” como uma vitrine, uma espécie de grande realização de sua gestão de 8 anos em Minas Gerais.
Aécio apresenta o choque de gestão como como uma tática de governança revolucionária. Mas não se enganem, o choque de gestão não passa de uma experiência mal sucedida do tucano, apresentada com um nome chamativo – provavelmente bolado por um marqueteiro. aliás, não funcionou em Minas e em nenhum outro lugar, como por exemplo no Rio Grande do Sul, onde uma ex-governadora tucana, Yeda Crusius, tentou aplicá-lo e nem em São Paulo onde os governadores José Serra e Geraldo Alckmin tentaram adotá-lo com outros nomes.
O tal choque se resume a ações de corte de gastos para aumento de receitas, por mecanismos óbvios como a alta dos tributos. Seus resultados, porém, mostraram a ineficácia do projeto tucano. Em Minas Gerais – Estado que Aécio insiste em dizer que foi prospero durante seu comando – o choque de gestão só mostrou resultados por um curto período no 1º mandato do mineiro (2003-2006).
Medidas pouco eficazes.
Quando eleito Aécio tomou medidas para ampliar a arrecadação do ICMS, aumentou o valor do IPVA em Minas, introduziu um novo modelo de arrecadação sobre as heranças  e doações e elevou todas as taxas públicas do Estado.  O tucano também cortou gastos do governo, diminuiu o espaço no orçamento para obras, para investimentos destinados ao crescimento econômico, e para projetos sociais e outras despesas indispensáveis para uma boa administração.
Todo esse sacrifico, no entanto,  foi em vão. No 2º mandato de Aécio (2007-2010) os efeitos do tão badalado “choque” foram anulados. Diminuiu a arrecadação e  a dívida do Estado não conseguiu recuar ficando muito próxima ao teto permitido por lei. A política de controle de despesas foi afrouxada. Ou seja, Aécio não conseguiu realizar com sucesso seu “choque”.
O presente assusta os mineiros.
E pior, seu sucessor eleito por ele, Antonio Anastasia (PSDB) não conseguiu receita suficiente para cobrir as despesas do Estado e irá entregar o governo com o primeiro déficit da década. Não é atoa que os mineiros não querem Aécio como governante do país e não querem mais o PSDB no governo do Estado – elegeram o governador do PT, Fernando Pimentel, já no 1º turno. Esperamos que o restante do país perceba logo isso.
***
***
***
Nesta 2ª feira recomendamos que vocês, leitores do Blog que estão constantemente se munindo de informações para o debate politico eleitoral, leiam a íntegra do artigo “Por que votar em Dilma”, de Roberto Mangabeira Unger. Publicado no “Folhão” o texto do ex-ministro e professor de Harvard (EUA) constrói uma ótima linha de raciocínio ao comparar as proposta da presidenta Dilma com as do candidato Aécio nas mais diferentes áreas para o país. Além disso, ver o artigo é importante para quando discutirmos com simpatizantes da candidatura Aécio. Afinal eles idolatram a cultura estadunidense…
O professor Mangabeira Unger parte do principio que os dois candidatos, além do compromisso com a democracia, tem três compromisso compartilhados em comum: com a inclusão social, a estabilidade macroeconômica e o combate corrupção.
Para entender melhor o que cada governo representaria para o Brasil o ex-ministro foge na analise superficial dos programas e propostas de governo. Ele considera as propostas de cada partido dentro do atual contexto sócio econômico e mundial, levam em conta que o perfil do brasileiro já não é o mesmo dos anos 90 ou do inicio do governo Lula.
Justifica a mudança acentuando que agora temos mais acesso a bens de consumo e reivindicamos mais serviços públicos com melhor qualidade. Também lembra que o mundo mudou e a crise financeira global tornou os países, empresas e investidores menos propensos a mandar dinheiro para o Brasil.
Pondo em perspectiva esse cenário não muito animador Mangabeira expõe a reação dos dois candidatos a esse quadro. Ele aborda os principais temas do país – crescimento econômico, capital e trabalho, serviços públicos, educação, política regional, política exterior, Forças Armadas, o público e privado – e compara a reação e a visão de Aécio e Dilma ante cada ponto, para ao final concluir que o programa petista é  mais coerente em todos os pontos.
 Leiam o texto em Por que votar em Dilma
*

Nenhum comentário: