MALAFAIA e BOLSONARO.
O amor, a amizade e o respeito não unem as pessoas tanto quanto o ódio a alguma coisa, dizia Tcheckhov.
Aécio Neves recebeu o apoio da hidrofobia ostensiva de Silas Malafaia e Jair Bolsonaro. Previsível?
Malafaia, depois do beijo da morte em Marina Silva, depois de afundar o Pastor Everaldo, se diz agora “Aécio desde criancinha”. Um cafajeste medieval, que pede aos fieis que lhe dêem parte do dinheiro do aluguel, capaz de apresentar um vídeo sobre o Estado Islâmico com imagens de crianças degoladas — relacionando tudo ao suposto “diálogo de Dilma” com os terroristas –, afirma que Aécio vai nos salvar da “roubalheira”.
Bolsonaro, uma piada trágica de extrema direita, anunciou que “mesmo que ele não queira, voto no Aécio Neves”. Para JB, “se Dilma conseguir a reeleição, não fugiremos de uma ida para Cuba sem escala na Venezuela”.
Deputado mais votado do Rio de Janeiro, Bolsonaro encontrou espaço caluniando, desrespeitando, mentindo, ameaçando. “A maioria dos gays é fruto do consumo de drogas”, declara. Defende torturadores, elogia um presídio como o de Pedrinhas, chama índios de “pestilentos e mal-educados”.
Não é à toa que os dois tenham se aliado ao que Aécio Neves representa. Não é à toa que se juntem às hostes de cidadãos que não enxergam nada demais em sugerir que se jogue uma bomba atômica no Nordeste.
Não é apenas um projeto conservador de país o dos malafaias e bolsonaros. É um chamado para que qualquer avanço sobre as liberdades seja atirado no lixo. São autoritários que, cinicamente, estimulam o desprezo e a violência numa “ditadura comunista” enquanto falam o que lhes dá na telha.
Aécio ganha um reforço de medo e ressentimento que vai lhe servir de combustível no segundo turno. Eles vão continuar pregando o terror porque pessoas com pavor não pensam com clareza.
Essa é a plataforma que Aécio está herdando. A histeria como patrimônio.
É importante se vitimizar. Malafaias e bolosonaros são perseguidos por ativistas LGBT, por socialistas, por negros. A família está sendo destruída por um bando de veados e cubanos.
O Brasil verdadeiro precisa resistir a esse massacre. Aécio é o caminho.
Esse lixo está sendo dado ao candidato do PSDB como presente. Os bolsonaros e malafaias o ungiram líder para conduzí-los ao paraíso. Ele que os embale.
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O helicóptero.
O vídeo “Helicoca – o helicóptero de 50 milhões de reais”, produzido pelo DCM a partir de um projeto de crowdfunding, foi retirado do ar pelo YouTube.
Ele estava com mais de 130 mil visualizações. É a história de uma das maiores apreensões de droga do Brasil. Quase meia tonelada de pasta base de coca foi encontrada pela Polícia Federal no Espírito Santo na aeronave da família Perrella.
Os Perrellas são velhos aliados de Aécio Neves em Minas Gerais. O repórter Joaquim de Carvalho esteve em três estados, entrevistou policiais, suspeitos, advogados e juízes para esmiuçar o caso.
Na última terça-feira, recebemos um alerta, vindo de leitores, de que o “Helicoca” não estava mais disponível.
Na tela, aparece o aviso de que foi uma “reivindicação de direitos autorais”. O nome de quem teria feito a “denúncia” é Jorge Scalvini.
Nós procuramos saber quem é Scalvini. Seu email é zerobeta000@gmail.com. Enviamos uma mensagem nesse endereço. Não obtivemos resposta.
Tudo indica que se trata de um perfil fake. Scalvini possui uma conta no Twitter, aberta em 2012, sem nenhuma postagem. Seu perfil no Facebook é vazio, com curtidas em páginas como as da “TV Revolta”, “Mensaleiros na Cadeia” e “Chega de Corrupção”.
Há também uma conta no YouTube com seu nome. A última movimentação foi há três meses. Está inscrito em canais como os da TV Cultura, Roda Viva, Romário, TV Senado, PT e PSDB. Para que o YouTube retire um vídeo do ar, é preciso que o denunciante preencha uma ficha. Ou seja, existe alguém — ou um grupo — por trás disso.
Há um mês, recebemos uma notificação judicial para que três matérias relativas ao escândalo fossem removidas do site. Estamos recorrendo na Justiça.
No dia em que houve a remoção, o jornalista Bruno Paes Manso publicou um artigo em seu blog no Estadão sobre o “Helicoca”.
O DCM tomará as providências legais cabíveis para garantir a nossa liberdade de expressão e a você o direito de se manter informado. Entramos em contato com o YouTube, que promete uma resposta em até dez dias. É um procedimento absurdo: para evitar processos por copyright, o YouTube acata denúncias sem apurar se são verdadeiras.
Enquanto isso, assista o documentário no canal abaixo.
Helicoca O helicóptero de 50 milhões de reais.
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¨Os sistemas políticos atuais favorecem aqueles que já tem o poder e o dinheiro¨
Publicado na bbc
Muito se falou do poder da tecnologia para mobilizar milhares de pessoas em torno de causas sociais.
Da Primavera Árabe, passando pelo Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, e pelos protestos de junho de 2013 no Brasil, foi principalmente por meio das redes sociais e de outras ferramentas online que muita gente se uniu a um movimento e foi às ruas protestar por mudanças.
No entanto, essas ‘armas’ digitais podem ser uma faca de dois gumes na tentativa de mudar a política, segundo a socióloga turca Zeynep Tufeckci.
Ela estuda como essa mobilização digital afeta as estruturas tradicionais de poder e defende que, quando a passeata acaba, o verdadeiro trabalho está apenas começando – e que esta parte crucial do movimento por mudanças muitas vezes é deixada de lado.
Em sua palestra no TED Global, conferência de projetos inovadores atualmente em curso no Rio de Janeiro, ela argumentou que não basta aos movimentos digitais ir às ruas.
É preciso, segundo ela, se organizar e fazer pressão sobre políticos no longo prazo para conseguir realmente transformar o sistema.
A seguir, Tufeckci explica em mais detalhes seu ponto de vista à BBC Brasil.
BBC Brasil – Em sua palestra, a senhora disse que a tecnologia pode empoderar e ao mesmo tempo enfraquecer as manifestações sociais. Por que isso ocorre?
Zeynep Tufeckci - As democracias estão sendo estranguladas por algumas forças poderosas. Em vez de termos democracias que representam vários interesses, os sistemas políticos atuais favorecem aqueles que já têm poder e dinheiro e que, por isso, têm muita influência sobre os políticos.
Como resultado, as pessoas estão abandonando a política, porque não acreditam mais nela. Acham que nada mudará. Então ocorre uma fagulha, e as pessoas que estão orfãs de instituições políticas decidem usar tecnologias digitais para se organizar rapidamente. Atingem grandes números, porque há muito descontentamento.
Mas, como fazem isso sem ter instituições políticas por trás, não sabem o que fazer a seguir. São como pequenas empresas que crescem muito rápido. Nestes casos, porém, há investidores que prestam socorro às empresas. Agora, se um movimento político cresce muito rápido, o governo se volta contra ele. Sem conseguir dar o próximo passo, os movimentos desaparecem, e as pessoas ficam ainda mais descontentes.
Além disso, os diferentes movimentos não sabem trabalhar em conjunto e começam a discordar entre si. E como não criaram uma forma saudavel de lidar com as discordâncias, eles se autodestroem ou ficam empacados em torno de uma demanda. No fim, a política se torna ainda mais corrupta. Quando ocorre um novo movimento, as pessoas têm ainda menos fé que as coisas podem mudar. É um ciclo vicioso.
BBC – O que é preciso fazer, então, para mudar a política de fato?
Tufeckci - Se vamos mudar sistemas políticos, não podemos fazer só as coisas legais. É preciso fazer o trabalho tedioso também. Há muitas ações empolgantes, como protetsos e ocupações, mas a chave está no trabalho chato, como se organizar para votar em eleições e criar a mesma pressão sobre os políticos, como fazem aqueles que têm poder e dinheiro.
O movimento americano de direitos civis é um exemplo. Conseguiu se organizar para fazer pressão e manter seus membros unidos. O resultado não veio em uma semana, mas em um ano. Não dá pra pensar que uma semana de passeatas mudará o sistema. Para isso, é preciso entender como pressionar o sistema no longo prazo.
Isso não é tão excitante quanto estar na rua respirando gás lacrimogêneo, mas, se isso não ocorre, os partidos e poderes politivos existentes tem paciência, recursos, dinheiro e pessoal para esperar a turbulência passar. As ruas não são mágicas. Elas têm poder se sinalizam que há algo a ser levado a sério pelos políticos. Se eles sabem que os manifestantes sairão da rua breve e não têm capacidade de se mobilizar politicamente, basta eles esperarem os manifestantes se cansarem.
BBC – No Brasil e na Turquia, os protestos foram intensos e depois acabaram sendo realizados com menos gente e de forma esparsa. Os protestos em grande escala podem voltar?
Tufeckci - Claro, mas aqueles que estão no poder não se importam se você vai às ruas. Eles se importam se isso signifca que há algo importante que eles devem levar em consideração. A passeata é um sinal, mas o que se está sinalizando? Que os manifestantes irão pra casa em uma semana? Ou que irão se organizar para tirar os políticos do poder? Para colocar pressão sobre eles?
Na maioria dos países, não vivemos mais em ditaduras ou monarquias. Há formas de mudar o sistema. Mas, como há muita corrupção, as pessoas desistiram de pressionar o sistema e, por isso, ele se torna ainda mais corrupto.
BBC – Como o governo turco lidou com os protestos?
Tufeckci - O governo polarizou o país dizendo que a metade da população que estava nas ruas eram traidores e que eles não importavam. O governo formou uma base com metade do país e decidiu governar para esta metade. Isso é horrivel e algo insustentável no longo prazo.
Em outros países, é ainda pior. Governa-se apenas para 20% do povo. Criar estas divisões é algo comum. E, assim, o governo e seus apoiadores passam a viver numa bolha, lendo só a midia que os apóia, ouvindo só aqueles que estão a seu lado. Isso pode neutralizar os protestos, mas não neutraliza o descontentamento.
BBC – Uma reforma política pode resolver essa desconexão entre os políticos e a sociedade?
Tufeckci - Sim, mas as pessoas não querem entrar na politica tradicional. Isso é ainda mais complicado na Turquia, porque os partidos de oposição são fracos e incompetentes, e o Brasil sabe muito bem como é isso.
Uma ditadura militar enfraquece uma democracia por décadas, mesmo depois de acabar. Trinta anos depois, ainda sentimentos na Turquia o efeito da ditadura. Porque a ditadura destruiu a oposição e o que a subsitutiu são partidos fracos com líderes corruptos.
A Turquia precisa de uma reforma política, assim como o Brasil. Mas isso exige trabalho duro. Eleger um Congresso. Mudar a Constituição. E a oposição não se organiza para isso. É deste trabalho chato que falo.
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As primeiras pesquisas foram um meia vitória para Dilma e uma meia derrota para Aécio.
E agora?
Os petistas têm razão para, se não comemorar, pelo menos respirar aliviados com a divulgação das pesquisas Datafolha e Ibope que acabam de sair.
O empate técnico – 46% Aécio, 44% Dilma – é uma meia vitória, dadas as circunstâncias.
Qual o tamanho da onda que empurrou para a frente, na etapa final do primeiro turno, Aécio?
Ninguém sabia, mas o receio entre os petistas era que Aécio abrisse uma ampla distância neste início de campanha do segundo turno.
O momento, afinal, era de Aécio, depois de sua épica deslanchada no primeiro turno. Adesões como a do PSB e a de Eduardo Jorge, intensamente celebradas na mídia, ajudaram a criar uma impressão de Aeciomania na vida política nacional.
Uma pesquisa divulgada ontem por um certo Instituto Paraná, e encomendada pela revista Época, trouxe oito pontos de vantagem para Aécio.
O temor era que o Ibope e o Datafolha apresentassem números parecidos. Não foi o que ocorreu.
Neste sentido, o empate técnico, se é uma meia vitória para o PT, é uma meia derrota para Aécio e aliados.
Se no auge do entusiasmo as coisas estão tão equilibradas, que poderá acontecer depois, quando as coisas se assentarem?
Era importante, sob a ótica do PSDB, um resultado expressivo de cara para tentar minar os ânimos da militância petista, que faz sempre uma tremenda diferença.
Agora, pedras começam a aparecer no caminho de Aécio, um sinal de que seu momento pode estar passando.
Marina, por exemplo, cujo apoio já vinha sendo comemorado pelo PSDB, impôs condições que dificilmente serão aceitas.
Ela quer que Aécio tire de seu programa a redução da maioridade penal. Quer também que Aécio se comprometa mais com programas sociais.
Em suma: quer que Aécio não seja Aécio.
Quando saíram os resultados do primeiro turno, escrevi que os tucanos (e antipetistas em geral) iriam comemorar naquela noite enquanto os petistas iriam estudar, preocupados, o que fazer.
Agora, a situação é outra: as duas partes têm que começar a trabalhar imediatamente, porque esta parece que será a disputa pela presidência mais acirrada em muito tempo.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Por que malafaias e bolsonaros estão com Aécio Neves.
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