Aécio Mario Couto.
Antes mesmo daquele velho cantor barbudo e verborrágico, as hordas que pedem o impeachment já tinham um modelo, um homem que fez o que se espera de gente honrada: Mário Couto.
Em abril, o senador pelo PSDB do Pará protocolou um pedido de abertura de processo de impedimento de Dilma Rousseff em razão dos “prejuízos” causados pela compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
Afirmava que a presidente cometeu crime de responsabilidade ao autorizar a operação em 2006, quando era presidente do conselho de administração.
É uma figura folclórica. A campanha deste ano teve uma mãozinha de Aécio Neves, que declarou num vídeo que se tratava “dos amigos mais próximos que fiz na política. A sua coragem, ao lado do seu amor ao Pará e a sua gente, serão decisivos para que nós possamos iniciar, no Brasil, rapidamente, um novo ciclo, onde a decência e a eficiência possam caminhar juntas. Eleger Mário Couto é eleger o lado bom da política brasileira.”
O protomuso do impeachment — que chamou, certa vez, os colegas de “ladrões” — tem uma carreira, para usar um eufemismo, controvertida. Apesar de Aécio usar o termo “decência” para se referir ao chegança, Couto está envolvido em diversos escândalos.
O mais recente se refere a doações de assessores parlamentares para senadores. Pelo menos 56 funcionários deram aproximadamente 230 mil reais para seus chefes.
O principal beneficiário foi Mário Couto, que levou 71 mil reais de nove estafetas. Uma assessora garantiu ao Congresso em Foco que estava orgulhosa de doar mais do que o valor de seu salário. “Tenho umas economias”, falou.
Em novembro de 2012, ele teve os bens bloqueados pela Justiça do Pará, acusado de improbidade administrativa. Segundo o Ministério Público, houve contratações suspeitas em sua gestão na Assembleia Legislativa, entre 2003 e 2007. Uma empresa de tapioca foi acionada para prestar serviços de engenharia. Os desvios somavam 13 milhões reais. A história recebeu o sugestivo apelido de “tapiocouto”.
Edisane Gonçalves, que trabalhou como sua assistente-administrativa, também o denunciou por abuso de autoridade. Couto a teria chamado de “preta”, “safada”, “macaca” e “vagabunda”. De acordo com o Diário do Pará, Edisane fora agredida porque se recusou a fazer propaganda política. Vingativo, Couto teria perseguido o companheiro de Edisane, acusando-o de manter carne imprópria para consumo em seu açougue.
Com o impeachment na moda, o nome de Mário Couto foi relembrado. Aos fãs, ele deixou uma mensagem no Facebook: “Meu pedido foi apresentado à Câmara dos Deputados, mas não foi acolhido. Portanto, foi engavetado. Mas diante das muitas perguntas aqui, indico essa página para vocês começarem a mobilizar todas as pessoas insatisfeitas com o atual governo. Não vamos nos dispersar.”
Mesmo com a força de Aécio e a vaquinha dos funcionários, Mário Couto não se reelegeu. Mas a sua luta continua.
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*** *** GILMAR MENDES é o maior exemplo de que o STF tem que mudar. Gilmar Mendes com o presidente da Globo: um deveria fiscalizar o outro.
Sou obrigado a lembrar, aqui, de uma frase de Wellington.
Quem acredita nos bons propósitos do ministro do STF Gilmar Mendes acredita em tudo.
Wellington me ocorreu depois de ler a entrevista que Mendes concedeu à Folha. Nela, ele chama a atenção dos brasileiros para o risco de um STF “bolivariano”, que faça o que o Executivo quer.
Que é necessário rever os critérios de nomeação para o STF, não está em discussão.
Mas Gilmar é a prova viva desse drama nacional.
Ele foi nomeado por FHC por suas afinidades extraordinárias com o PSDB, comprovadas ao longo de todos estes anos.
Tivesse FHC, ou algum sucessor tucano, a oportunidade e o tempo de nomear todos os juízes do STF, teríamos 11 Gilmares.
E agora, só agora, ele se dá conta de que é preciso desatrelar os juízes do Executivo?
Isso é demagogia. Isso é cinismo.
Num mundo menos imperfeito, a Folha, na entrevista, teria questionado Gilmar sobre sua própria indicação por FHC.
Mas este mundo, e a nossa mídia, é pleno de imperfeições.
Num antigo e altamente elogioso perfil para uma revista da Folha feito por Eliane Cantanhede, as simpatias de Gilmar pelo PSDB eram destacadas, e num tom triunfal, positivo, meritório.
Dou um passo adiante em relação ao STF.
Os juízes não podem ter a relação cúmplice que ao longo destes anos todos mantiveram com a imprensa.
Gilmar se deixou fotografar, feliz, ao lado de jornalistas como Merval Pereira e Reinaldo Azevedo em lançamentos de livros claramente partidários.
Numa democracia, a Justiça fiscaliza a imprensa e a imprensa fiscaliza a Justiça.
No Brasil destes últimos anos, a Justiça e a imprensa viveram num ambiente de absoluta, vexatória, despudorada cumplicidade.
O juiz Ayres de Britto, hoje aposentado, chegou ao cúmulo de prefaciar um livro de Merval sobre o Mensalão.
Isso conta muito sobre o caráter de ambos.
Em algum momento em que a sanidade se restabelecer sobre a República, se entenderá a gravidade da parceria Merval-Ayres Britto.
Nestas eleições, Gilmar foi o Gilmar velho de guerra.
Rejeitou, com um argumento risível, uma decisão do TSE de conceder direito de resposta à campanha de Dilma depois de uma daquelas já clássicas denúncias sem provas da Veja.
Seu argumento, essencialmente, era que o acusado teria que provar a inocência para merecer retratação.
Atendeu a um telefonema de FHC em favor de um candidato ficha-suja ao governo do Distrito Federal, ele que se dissera escandalizado quando alegadamente foi procurado por Lula em 2012 sobre os prazos de julgamento do Mensalão.
Alguma coisa séria tem que ser feita na composição do STF.
O Supremo tem que estar acima de partidos.
Gilmar é o maior exemplo disso.
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Mesmo com porte, Eduardo Bolsonaro violou a constituição ao levar arma a uma manifestação.
Eduardo Bolsonaro, armado, em cima do carro de som na Paulista.
“Sou Policial Federal e tenho porte de arma. Ñ caiam na desinformação por parte da esquerda p/ manchar as manifestações”.
Assim o deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro respondeu a quem se interessou em saber como e por que ele carregava uma pistola na cintura durante protesto na Paulista.
Bolsonaro pode ter autorização, mas e daí? Ele precisa ler o que diz a Constituição.
“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.
Como lembra um jurista ouvido pelo DCM: “A Constituição Federal de 1988 é o livro que está hierarquicamente acima de todos os outros em nível de legislação no Brasil.”
O filho de Jair Bolsonaro, portanto, estava violando uma regra constitucional. Ponto.
Terá sido a primeira vez que aparece armado num ato público? Muito provavelmente, não. Por que faz isso? Ora, porque acha que pode. Se alguém disser que infringe a lei, é coisa da ditadura bolivariana.
“Tenho o dever de proteger a sociedade e a mim mesmo, já que muitos colegas são atacados também fora de serviço”, afirmou.
Balela. Ele simplesmente não tem esse dever e nem esse direito.
O decreto número 6715, reproduzido no site da PF, estabelece o seguinte: “O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de eventos de qualquer natureza”.
Vai ficar por isso mesmo?
Vai.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
O senador Mário Couto, “amigo próximo” de Aécio, é muso inspirador do impeachment.
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