sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Os delegados da Lava Jato agem como políticos e não como policiais.

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Palmas, de pé, à jornalista Julia Duailibi, pelo artigo publicado no Estadão de hoje.
Julia jogou luz onde há escuridão, uma das missões mais nobres do jornalismo – e menos seguidas, lamentavelmente, pelas grandes companhias jornalísticas brasileiras.
As luzes iluminaram a completa, abjeta, despudorada falta de isenção dos delegados da Polícia Federal incumbidos da investigação do caso Petrobras.
Julia teve acesso a mensagens que eles compartilharam durante a campanha – e a investigação — em grupos fechados na internet.
O conteúdo das mansagens é brutalmente incompatível com o espírito isento que deve nortear investigações.
Eles ali já condenaram antes de apurar.
Imagine entregar um caso policial que envolva políticos à redação da Veja: é, na essência, o que vem acontecendo na Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Os delegados têm que ser imediatamente afastados dessa investigação, e substituídos por policiais que concluem apenas depois de apurar os fatos.
A dúvida é se a PF foi deliberadamente aparelhada por grupos políticos antipetistas ou se a ela costumam acorrer, como na época da ditadura militar, pessoas para as quais a esquerda come criancinha.
O delegado Igor Romário de Paula, sob o qual trabalham policiais incumbidos da Lava Jato, participa de um grupo no Facebook chamado Organização de Combate à Corrupção.
O símbolo deste grupo, conta Julia Duailib, é “uma caricatura de Dilma, com dois grandes dentes incisivos que saem da boca, e coberta por uma faixa vermelha na qual está escrito: Fora, PT!”
Paula responde diretamente ao superintendente da Polícia Federal do Paraná, Rosalvo Franco.
O coordenador da Lava Jato, o delegado Marcio Anselmo, se referiu a Lula numa mensagem como “anta” – termo usado por muitos anos pelo colunista da Veja Diogo Mainardi.
Fica claro como chegou à Veja a “informação” de que Dilma e Lula sabiam de tudo. Ação entre amigos, irmãos de fé — e uma acusação com credibilidade abaixo de zero, como se comprova agora.
A Polícia Federal deveria, em tese, ser uma solução para o Brasil.
É, na realidade, um problema, e um problema de enormes proporções.
O que a jornalista Julia Duailibi revelou aos brasileiros foi um dos maiores escândalos da história recente do país.
Não basta fazer uma reforma superficial na PF.
Ela tem que ser reinventada para que seus agentes se comportem como policiais – e não como políticos que, longe dos holofotes, conspiram contra a democracia.
Tudo da Lava Jato tem, agora, que ser revisto à luz das informações de Julia Duailib.
Mais uma vez, palmas para ela.
De pé.

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Exército Brasileiro está de prontidão diante da eminente invasão bolivariana.

Soldados do exército dançando samba.


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O papel cada vez mais estranho da Policia Federal no caso HELICOCA.

O flagrante no helicóptero dos Perrellas no Espírito Santo.

Na esteira da denúncia de que delegados da Polícia Federal envolvidos na operação Lava Jato fizeram campanha para Aécio Neves, vale a pena relembrar um episódio recente e rumoroso em que a PF teve um papel, no mínimo, estranho. Falo do Helicoca.
O helicóptero da família Perrella foi apreendido com 445 quilos de cocaína numa fazenda no interior do Espírito Santo em 24 de novembro de 2013. Vai fazer um ano.
Apenas quatro míseros dias depois, a ligação dos Perrellas com o crime foi descartada. Segundo o delegado responsável, Leonardo Damasceno, não existiam indícios de participação dos parlamentares.
“Pará nós, essa questão está encerrada”, disse ele. “O deputado [Gustavo, filho de Zezé] não estava no local e a contratação do frete foi feita pelo copiloto, que subcontratou o piloto”.
No inquérito, o proprietário do local onde ocorreu o pouso foi inocentado também, sem uma explicação convincente. A Superintendência da PF em Minas ouviu Gustavo, mas apenas como testemunha. “Hoje não há nada que indique que ele tivesse conhecimento sobre a droga”, afirmou Damasceno.
Uma escala num hotel fazenda em Jarinú (SP), onde, de acordo com documentos, ficaram 50 quilos do entorpecente, foi ignorada. O juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa relacionou algumas questões sem resposta: “Há realmente diversos aspectos que dependem de investigação, como a origem da droga apreendida, a dúvida sobre a internacionalidade, o papel dos envolvidos e a possível participação de terceiros”.
Quem é Leonardo Damasceno? Ele formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e é pós-graduado em Direito Público e Processual pela Consultime-Unives, de Vitória. Em 1996, foi nomeado para o cargo de agente fazendário em Belo Horizonte.
Fez carreira em terras capixabas. Em janeiro, assumiu a secretaria de Defesa Social do município de Serra, o mais populoso do ES e um dos mais violentos do Brasil. O prefeito é Audifax Barcelos (PSB), que trabalhou pela reeleição de Renato Casagrande (derrotado). Ambos apoiaram Aécio.
Damasceno ficou cerca de três meses na função e teria saído por causa de conflito de interesses. Ele esteve à frente de operações como “Duty Free”, que desbaratou um bando especializado em crimes ligados à área do comércio exterior, e “Calouro”, que apanhou fraudadores de mais de 50 vestibulares em 30 instituições de ensino superior privadas.
O jornalista Joaquim de Carvalho falou com o policial na série de reportagens sobre o Helicoca publicada no DCM. Escreve Joaquim: “Leonardo Damasceno é de uma família de funcionários públicos. Seu irmão, auditor fiscal em Minas Gerais, ocuparia um cargo de confiança no governo mineiro. Sobre a hipótese de conflito de interesses, já que Zezé Perrella, dono do helicóptero, é aliado político de Aécio Neves, Leonardo diz:
– Não tenho ideia do que fazem meus irmãos. Ilações todo mundo faz. Dizem, por exemplo, que por eu ser Galo (torcedor do Atlético Mineiro) não poderia defender alguém que é do Cruzeiro (Zezé Perrella era presidente do clube).
Parecia empenhado na investigação, mas o fato é que, depois da entrevista em que isentava Perrella, entrou de férias e quem assina o relatório final do inquérito é a delegada Aline Pedrini Cuzzuol.”

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