quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Aécio, o povo e os aloprados que xingaram a senadora no Congresso.

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“População é retirada à força da galeria da Câmara neste momento. Base da presidente Dilma não quer a presença do povo no casa que é do povo!”
Assim o PSDB se referiu à mixórdia no Congresso durante a votação do projeto do Executivo que prevê mudanças nas regras do superávit primário – que vai desobrigar o governo de cumprir a meta atual.
Povo? Vejamos.
Boa parte das duas dezenas de manifestantes que xingaram a senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, admitiu ser ligada ao PSDB.
Vanessa teria sido chamada de “vagabunda”, segundo sua colega Jandira Feghali. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, afirma que não era bem isso: o coro era o imortal “Vai pra Cuba!”, a palavra de ordem do coração de todo idiota médio.
Renan Calheiros convocou a polícia legislativa para retirar aquelas pessoas. Políticos da oposição subiram até a plateia e fizeram uma espécie de “cordão de isolamento” para protegê-las.
Briga de futebol. Uma senhora de 79 anos levou uma gravata de um segurança. O professor de história Alexandre Seltz foi imobilizado com uma descarga de arma de taser. Estava lá também o líder dos “Revoltados Online”, Marcelo Reis, figura manjada dos atos pelo impeachment.
Havia ainda membros do “Movimento Brasil Livre”, que apoiou Aécio Neves. A página do MBL no Facebook tem fotos fofas com Ronaldo Caiado. O próprio professor Seltz, aliás, faz o que define como vídeos-desabafos. A maioria contém “apelos às Forças Armadas, à maçonaria, à ala conservadora da Igreja Católica” para que ajam antes que os “comunistas filhos da puta” tomem conta do Brasil.
Não, isso não significa que ninguém mereça tomar choque. Mas daí a chamar um grupo de baderneiros levados por parlamentares de “povo” vai um oceano.
Em sua já proverbial falsa indignação, Aécio, que continua em campanha, afirmou que Calheiros impediu “o povo brasileiro de participar” e, por isso, “radicalizou-se o clima”. Mais: “E é uma ilusão porque o povo está participando nas redes sociais, em casa, nas universidades e vai participar cada vez mais. Faltou a meu ver, aqui hoje, respeito à democracia”.
Faltou.

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Banzé no Congresso durante a votação da LDO.

Confusão no Congresso durante votação da LDO.


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Como um Ministro do STF tem poder para segurar uma ação por 8 meses ?

Um estranho conceito de justiça
Um estranho conceito de justiça.

Eu só queria entender o seguinte: é possível um ministro do STF pedir vistas de uma ação e segurá-la um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete – oito meses?
Isso quando vários de seus colegas já a examinaram e votaram?
É uma pena para a sociedade, mas a resposta é sim. É possível engavetar por Deus sabe quanto tempo uma ação.
É o que Gilmar Mendes – ele, sempre ele – está fazendo com um ação da OAB que propõe o fim do financiamento privado das campanhas políticas.
Fora da plutocracia, interessada em perpetuar um sistema em que ala afinal maneja o universo político pelo dinheiro das “doações”, existe um consenso de que o sistema atual de financiamento é a raiz da corrupção no Brasil.
Não existe almoço gratuito, na definição brilhante do economista Milton Friedman, e muito menos doação gratuita.
Como uma pessoa no STF tem o poder de reter por tanto tempo uma ação sem dar a menor satisfação à opinião pública?
Pergunto: seus colegas não fazem nada? Assistem, simplesmente, a essa magnífica protelação?
Não há limites, não há prazos, não há regra nenhuma quando se trata de pedido de vistas, ainda mais quando ele tem origem suspeita porque o autor tem sabidamente interesse na história?
O interesse público tem que ser colocado acima de tudo numa sociedade avançada. Como um ministro do STF pode julgar que está em suas atribuições segurar uma ação infinitamente?
As motivações são claramente políticas.
Mas então este juiz tem que fazer política, e isto é em outra esfera. Deve enfrentar o julgamento dos eleitores nas urnas e aí sim se dedicar à política.
Gilmar Mendes é o homem errado, no lugar errado, na hora errada.
Me incomodava ouvir a expressão “herança maldita” quando petistas falavam de FHC. Mas Gilmar, indicado por FHC, é isso mesmo, uma herança maldita.
Mas o que mais choca, em tudo isso, é que ele, sendo um em onze, tenha tanto poder para fazer as coisas que faz.
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Sem o fim do financiamento privado de campanhas todo combate à corrupção vai fracassar.

Costa na CPI: ninguém é santo
Costa na CPI: ninguém é santo.
Você quer combater de verdade a corrupção?
Então leve a sério a frase do delator Costa pronunciada hoje na CPI da Petrobras. “Isso aconteceu em todos os governos. Todos!”
“Isso” são os sistemas de propinas utilizados para irrigar políticos e partidos.
Você quer fingir que combate a sonegação?
Então faça o seguinte: finja que tudo de ruim aconteceu depois da chegada do PT ao poder.
Na primeira opção, você estará combatendo o bom combate. Na segunda, estará fazendo demagogia barata.
É isso, demagogia barata, que vem fazendo figuras como FHC, Aécio e Gilmar Mendes.
Eles não contribuem em nada para o avanço do país.
É o oposto disso que vêm fazendo figuras como Luciana Genro e Ivan Valente ao se bater pelo fim do financiamento de campanhas por empresas privadas.
Porque é aí que está a raiz da corrupção. É quando, para usar uma expressão recente do Nobel de Economia Paul Krugman, a plutocracia toma de assalto a democracia.
Ninguém dá dinheiro de graça. Seja para Aécio, seja para Dilma, seja para o Pastor Everaldo, seja para quem for.
É uma troca: eu dou dinheiro e depois você, caso ganhe, me retribui.
Dilma voltou a falar que é contra o financiamento privado de campanhas. Falta passar à ação, e o primeiro passo para isso é deixar isso claro de forma categórica em algo como um pronunciamento em rede nacional.
Mas que ninguém se iluda.
Está claro que reformas que conduzam ao avanço da sociedade só serão alcançadas com mobilizações nas ruas, como as Jornadas de Junho.
Se você deixar por conta dos Aécios, dos Eduardos Cunhas, dos Serras e dos Gilmares, passarão o céu e a terra — mas não passará o dinheiro bilionário que as grandes empresas dão a políticos para que atendam aos interesses delas, delas e ainda delas.

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Marcello Reis, do grupo REVOLTADOS ON LINE, líder da FUZARCA no Congresso, esclarece que não é do PT.


Nota de esclarecimento_ Marcello Reis_ Fundador Revoltados ON LINE.


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Porque as manifestações Pró Impeachment são coniventes com os golpistas.


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Quem passou pela Av. Paulista no último sábado deu de cara com mais uma manifestação pró-impeachment. Aparentemente com menos força ou menos ânimo, mas lá ainda.
Eu fui, desavisado, para a Rua Augusta, e acabei cruzando com a passeata. Notei um detalhe: não havia placas pró-ditadura desta vez – ou não que eu tenha visto.
Achei interessante e perguntei. A maioria, que não apoia a tal intervenção militar, pediu para que a turma que apoia se retirasse ou escondesse os cartazes, porque “a mídia estava usando eles para deslegitimar as manifestações”.
Isso quem me disse foi uma senhora que voltava para casa com suas roupas de cores da bandeira nacional. “A manifestação não pede isso”, disse.
Gostei do que ouvi, porque impeachment é parte da democracia, e golpe, não. Eu posso até achar ridículos os pedidos de impeachment, mas é algo, ao menos, dentro de uma legitimidade mínima. Reacionários também podem se manifestar, e eles estão ali defendendo seus interesses.
Ao descer a Rua Augusta, comecei a montar um quebra-cabeças mental com as informações que a senhora me havia dado.
Encontrei uma falha nessa versão.
A manifestação não pede uma intervenção militar?
Bem, há vídeos de pessoas que por qualquer motivo (em geral uma roupa vermelha) são maltratadas no evento. Chamados de comunistas, várias delas inclusive pareciam correr risco de linchamento.
Pode parecer que isso não tem nada a ver com o assunto, mas tem. Eis o parâmetro do que é inaceitável naquele grupo: ser (ou parecer) comunista é inaceitável. Vale uns sopapos. Ser apoiador de um golpe militar, não. Ali, eles foram incluídos enquanto faziam número, e foram excluídos quando “deslegitimaram” o movimento.
Onde estão as pessoas agredindo os golpistas com a mesma animação com que agridem os comunistas?
Não há.
Com quem clama por golpe, pede-se que esconda as placas e ainda dá-se um argumento, se é verdade o que me contou a senhora que descia a Rua Augusta para o lado dos Jardins.
Trocando em miúdos, um golpe de direita pode não ser o que pedem os organizadores do evento, mas é, naquele ambiente, mais aceitável do que uma democracia de esquerda, ou do que eles consideram ser esquerda/comunismo/marxismo/cuba.
Eu, evidentemente não defendo agressões a qualquer pessoa. Gostaria que não houvesse para nenhuma delas, mas devo apontar a diferença de tratamento.
Juntando esse quebra-cabeças, e, depois de um sopro de esperança, novamente bateu a vontade de chorar pela humanidade. Eu então desci a Rua Augusta e, ainda de dia, me enfiei num bar escuro para só sair quando o sol iluminasse a casa dos avós do meu querido LH Tashibana no Japão.

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Contra o Impeachment, detonando a paranoia bolivariana-até quando JÔ vai sobrar na GLOBO ?

Ele
ELE.

Talvez pela simples e excelsa vontade de falar o que acha que tem de ser falado, talvez por um certo fastio, talvez para servir como contrapeso ao direitismo paranoico do concorrente Danilo Gentili — seja lá por que razão, Jô Soares tornou-se uma voz política sensata na Globo.
Nesta semana, durante um debate com suas “meninas”, o apresentador defendeu a aprovação da LDO. “Torcer para que essa lei não seja aprovada é torcer contra o Brasil. Não tô falando que tá certo. Mas de repente a Dilma ser atingida por uma lei dessas é uma catástrofe para o Brasil”, disse.
Criticou o surto de impeachment. Após Lilian Witte Fibe mencionar a “roubalheira”, perguntou se ela não achava que era “uma generalização quando se fala em governo corrupto”.
Esgrimiu com uma Ana Maria Tahan exaltadíssima, que comparou o governo Dilma ao de Collor, insistindo na tese de “má gestão”. Fez a distinção entre as duas épocas.
Não foi a primeira vez. Recentemente, Jô partiu para cima da idiotia que vê bolivarianismo debaixo da cama. Chamou de absurda a possibilidade de virarmos uma Venezuela ou uma Cuba e elogiou Evo Morales, lembrando que devia ser difícil para a minoria branca aceitar um índio no governo. “A gente está se socializando da forma mais democrática”, disse.  Praticamente uma heresia.
Jô está fugindo do script não apenas no seu programa, diante de suas convidadas e de seu público, mas sobretudo em sua emissora — o império dos jabores, dos alexandres garcias, mervais, jabores e waacks, cada vez mais apocalípticos por causa, entre outras coisas, da possibilidade de o governo encampar a regulamentação da mídia.
Dado o pensamento único estabelecido, Jô Soares está sobrando, no melhor sentido. A prosseguir nessa toada, ninguém terá o direito de se surpreender se ele, repentinamente, for aposentado.
Sabe como é. Essas coisas acontecem. De qualquer modo: taca-le pau!

Jô Soares sobre a atual situação política do Brasil - novembro de 2014.

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