sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Bolsonaro acha que ser estuprada por ele é algum tipo de prêmio para as mulheres?

"Combatemos a cultura do estupro, todos os dias, pra vir um boçal com essa declaração e incitar ainda mais casos de violência?"
“Combatemos a cultura do estupro, todos os dias, pra vir um boçal com essa declaração e incitar ainda mais casos de violência?”

Gostaria muito que as pessoas entendessem a diferença que existe entre liberdade de expressão e discurso de ódio. Você acha que é um desejo modesto? Na real é uma necessidade urgente que, atualmente, parece inatingível visto que temos que vivenciar fatos absurdos.
Como escutar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) dizer em alto e bom som no plenário que “não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não merece”. Ó céus, deputado, e alguém merece ser estuprado? Esse lamentável episódio só mostra como o machismo ainda impera em nossa sociedade, principalmente na nossa política.
É comum escutarmos o discurso torto de que “as mulheres já conquistaram os mesmos direitos que os homens, afinal entraram no mercado de trabalho e podem votar e etc e etc”, mas aí, quando acontece de um deputado em pleno discurso no plenário dizer tal atrocidade ainda sair impune, aí eu me pergunto: cadê essa tal igualdade? Cadê o respeito?
Há uma falsa ideia de simetria de direitos entre homens e mulheres. Recentemente, nas eleições desse ano tivemos três candidatas mulheres à presidência, mas apenas UMA delas teve peito pra defender abertamente as pautas feministas.
Além disso, houve uma abordagem bem diferente entre os candidatos. Sobre as três mulheres teceram-se comentários estritamente estéticos: “Nossa como ela é feia, nossa como ela é gorda, ai ela tá tão magrinha, que feio esse blazer hein, nossa passa uma chapinha nesse cabelo, nossa solta esse cabelo”, enquanto os candidatos homens foram consideravelmente poupados desse tipo de crítica.
Por que, antes de escutar essas mulheres, devemos dar ou não aprovação à sua aparência? Estou interessada nas ideias dessas mulheres e não no seu manequim!
A cereja do bolo para celebrar esse sexismo velado veio com a declaração do Bolsonaro. Ele ainda teve a pachorra de dizer que sua fala serviu pra “colocar uma mulher no lugar dela”. É essa a representação feminina que nós temos: a de que uma mulher no plenário está fora do seu “habbitat natural”, ela tá tão errada que “não merece nem ser estuprada”.
O Bolsonaro acha que ser estuprada por ele é algum tipo de prêmio para as mulheres bem comportadas? Fazer chacota com dor, com o trauma pelo qual passam 50 mil mulheres anualmente em nosso país é um insulto à dignidade de todas as brasileiras.
É deixar claro que a gente tem na Câmara, como representante, um ser desprezível que pensa igual aos estupradores. Combatemos a cultura do estupro, todos os dias, pra vir um boçal com essa declaração e incitar ainda mais casos de violência?
Ninguém merece ser estuprado e ninguém é obrigado a ter uma aberração dessas como congressista. É realmente fantástico alguém como o Bolsonaro ser reeleito, ainda mais como o deputado mais votado em todo o estado do Rio de Janeiro, é um verdadeiro fenômeno social de masoquismo.
E é por isso que ainda precisamos do feminismo, porque não somos obrigadas a ouvir atrocidades como essas. Precisamos do feminismo enquanto milhões de pessoas continuarem idolatrando esse homem que se acha “mártir da democracia contra a ditadura gayzista dos PTralhas”. Precisamos do feminismo para que os opressores não saiam impunes. Pela imediata punição desse deputado, assine a petição de cassação no Avaaz. ‪#‎FORABOLSONARO‬
***
***
***
BOLSONARO JR. TENTA INTIMIDAR VEREADOR DO PSOL NA CÂMARA DO RJ.

Vereador Bolsonaro tenta intimidar Renato Cinco.

***
***
***

A JOVEM PAN SE TRANSFORMOU NUMA CÉLULA DE PROPAGANDA DA DIREITA RAIVOSA.

Joseval Peixoto e Sheherazade, juntos na Jovem Pan
Joseval Peixoto e Sheherazade, juntos na Jovem Pan.

A Jovem Pan deixou de ser uma rádio. É, hoje, um centro de propaganda de ideias terrivelmente reacionárias.
Os ouvintes são bombardeados com comentários de extrema direita produzidos por Joseval Peixoto, Reinaldo Azevedo, Rachel Sheherazade e José Neumanne, para citar alguns.
Por trás disso está o dono, um eterno adolescente conhecido como Tutinha, ao qual se atribui a autoria da infame foto em que um herdeiro do Estadão, numa passeata pró-Aécio, erguia uma placa na qual mandava a Venezuela “se foder”. Se agiram em dupla, Debi e Loide não fariam coisa melhor.
Rádio é uma concessão pública, assim como tevê. Mas ao longo dos anos, no Brasil, emissoras de rádio e tevê foram sendo usadas para defender as ideias, e sobretudo os interesses econômicos, de seus donos, como é o caso da Jovem Pan.
Quando falo em concessão pública, entenda: o negócio caiu no colo de amigos do poder. Ganharam de graça a concessão, e com ela anúncios, financiamentos – tudo aquilo, enfim, que deriva do dinheiro do contribuinte.
O caso clássico é Roberto Marinho.
Nas memórias da Globo, o atual diretor geral do grupo, Carlos Shroeder, se derrama em bajulações ao companheiro Roberto Marinho. Nas palavras maravilhadas de Schroeder, Marinho construiu a Globo depois dos 60 anos.
Um dia essa história terá que ser contada direito.
Até um macaco faria a Globo, com as mamatas que Roberto Marinho recebeu da ditadura militar em troca de, para usar as palavras dele mesmo, ser o “melhor amigo” dela na imprensa.
Concessão, publicidade federal copiosa, financiamentos a juros maternos, certeza de impunidade em qualquer problema jurídico ou tributário: quem não faria uma emissora nestas condições?
Enquanto não dispôs de privilégios de ditadores, Roberto Marinho foi o que foi realmente: o dono de um jornal secundário no Rio, uma caricatura diante do líder Jornal do Brasil.
De volta à Jovem Pan.
Seus ouvintes são bombardeados por mensagens raivosas ultraconservadoras. Quem anuncia? O dinheiro público marca, como sempre, presença. No site, vi a Sabesp – de bolso raspado para dar água ao paulista, mas com recursos para colocar na Jovem Pan – e a Câmara Municipal de São Paulo.
Imagino que a publicidade da Câmara seja inercial, e tenha vindo dos dias de Serra e Kassab.
Mas hoje o presidente é José Américo, do PT. Ele já viu como o PT é tratado na rádio que ajuda a bancar?
“A gestão de Haddad é uma piada”, peguei ao acaso no site da rádio. O autor é Reinaldo Azevedo.
Joseval Peixoto, aos 78 anos o decano dos arquidireitistas, lamenta num comentário que não se fale no Congresso em impeachment pelo “crime de responsabilidade fiscal” de Dilma.
Foi ele que apresentou, num vídeo, Rachel Sheherazade como o grande reforço do jornalismo da Jovem Pan, em novembro passado.
Sheherazade, na Jovem Pan, logo mostrou a mesma graça que exibia no SBT. Num comentário recente, recriminou os brasileiros por terem perdido a capacidade de se indignar.
Isso porque uma pesquisa do Datafolha dizia que para os entrevistados Dilma é quem mais combate a corrupção entre os presidentes brasileiros.
Querida Rachel, ouso discordar de você.
Foi exatamente pela indignação em massa que Silvio Santos transformou você numa morta viva no SBT depois do histórico apoio aos justiceiros.
Zumbi no SBT, Sheherazade, para suas viúvas, pode ser ouvida agora na Jovem Pan.
Como sempre, sob o patrocínio do dinheiro público – e de donos de concessão que usam o presente que receberam para defender os interesses deles, deles e ainda deles.
*

Nenhum comentário: