Prisão de Alan Gross vinha sendo um impasse no lento degelo nas relações diplomáticas entre Cuba e EUA. Publicado na bbc.
Prisioneiro em Cuba nos últimos cinco anos, o americano Alan Gross foi um ponto de tensão na relação entre os Estados Unidos e Cuba.
Agora, sua libertação simboliza uma mudança histórica, depois que as lideranças dos dois países anunciaram a disposição de reatar essa relação, depois de mais de 50 anos.
Gross, de 65 anos, viajou para Cuba em 2009, como funcionário da Usaid, agência americana de desenvolvimento internacional. Ele era responsável por levar equipamentos, incluindo satélites de internet, para a comunidade judaica em Cuba.
Mas o governo cubano o acusou de ser espião dos Estados Unidos e de fomentar a dissidência, dizendo que suas atividades eram, na verdade, uma fachada para uma tentativa de derrubar o regime.
Washington defendeu que o projeto no qual Gross trabalhava tinha como objetivo promover a democracia e que ele não havia cometido nenhum crime.
A prisão de Gross vinha sendo um impasse no lento degelo nas relações entre Estados Unidos e Cuba, de acordo com a jornalista da BBC Barbara Plett, especialista em diplomacia americana.
“A detenção do americano minou as esperanças de críticos do embargo a Cuba de que Barack Obama tomaria uma decisão ousada para lidar com o impasse”, disse Plett.
Gross passou a maior parte de sua carreira trabalhando no desenvolvimento de organizações internacionais. Em 2001, ele começou sua própria empresa, que levava acesso à internet por satélite e outros meios de comunicação a países em desenvolvimento.
Ele trabalhou com projetos em locais como Palestina, Quênia e Gâmbia, além do Iraque e Afeganistão.
Em Cuba, ele acabou chamando a atenção das autoridades locais após viajar para o país cinco vezes em nove meses.
Dois anos após sua prisão, ele foi condenado a 15 anos de prisão por cometer “atos contra a integridade do Estado” por instalar conexões de internet, desrespeitando as leis cubanas.
Em pronunciamento nesta quarta-feira, Gross agradeceu os esforços de congressistas americanos e de Obama por sua libertação. “Foi crucial para minha sobrevivência saber que não tinha sido esquecido”, declarou.
Gross afirmou que mantém seu “profundo respeito pelo povo de Cuba” e disse lamentar que o este seja tratado “de forma tão beligerante” pelos dois lados.
Fazendo piadas, também pediu que, a partir de agora, sua privacidade seja respeitada.
Desde sua prisão, Gross perdeu 45 quilos e sua saúde piorou drasticamente. Seu advogado disse que ele tem problemas nos quadris, ficou cego de um olho e perdeu vários dentes.
Vários políticos americanos visitaram Cuba para pressionar por sua libertação.
O prisioneiro americano também ampliou, ele mesmo, a pressão sobre seu caso. Quando fez 65 anos, em maio, ele disse que se recusaria a passar outro ano na prisão, indicando que se suicidaria se não fosse libertado.
Há um ano, ele fez um apelo direto a Obama, dizendo que “havia perdido quase tudo na vida” e que sua família havia “sofrido imensamente”.
“Está claro para mim, senhor presidente, que apenas seu envolvimento pessoal vai levar à minha libertação”, disse Gross em sua carta. Ele voltou para os EUA nesta quarta-feira.
A política de Obama para Cuba foi na contramão da abordagem rígida de seu antecessor, George W. Bush, segundo Plett, analista da BBC.
Ele retomou intercâmbios culturais e acadêmicos, permitiu que cubano-americanos viajassem para Cuba e enviassem dinheiro para seus parentes. E também deu início a conversas bilaterais em temas de interesse mútuo.
“No entanto, Obama não havia tomado, até então, nenhuma medida para amenizar as sanções financeiras e comerciais dos Estados Unidos a Cuba”, diz Plett.
“Não está claro se ele teria ido nessa direção caso Gross não tivesse sido preso.”
Agora, crescem as expectativas de que Obama se reúna com o presidente cubano, Raúl Castro, na sétima Cúpula das Américas, que será realizada em abril no Panamá.
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*** *** O GRITO IDIOTA DE ¨VAI PRÁ CUBA¨FOI PARA O ESPAÇO COM A REAPROXIMAÇÃO DE OBAMA. Vai pra #Cuba.
O grito de guerra “Vai pra Cuba” foi ferido de morte na tarde de quarta feira, 17 de dezembro.
Num pronunciamento, Obama anunciou medidas para normalizar as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba mais de 50 anos depois da ruptura.
Parte do acordo incluiu uma troca de prisioneiros: os cubanos libertaram Alan Gross, preso há cinco anos por espionagem, e um agente cujo nome não foi revelado. Os americanos soltaram três cubanos.
“O isolamento não funcionou”, disse Obama. “Está na hora de uma nova abordagem”.
O embargo econômico continua, mas haverá um esforço no sentido de amenizá-lo. Os EUA restabelecerão uma embaixada em Havana. Viagens de americanos serão “flexibilizadas”, o limite de dinheiro enviado sobe de 500 para 2 mil dólares, empresas de telecomunicações poderão se instalar na ilha. Será revisto o status de Cuba como “estado patrocinador do terrorismo”.
De acordo com o New York Times, foi um movimento corajoso de Obama. “Muito provavelmente, a história vai provar que ele tinha razão”, lê-se num editorial intitulado “Um Novo Começo”. Como dizia Solozo, de “O Poderoso Chefão”: “Nada pessoal. É apenas bíziness”.
Mas a reaproximação deixa com a brocha na mão milhares de idiotas. É mais ou menos como o estádio num show de Paul McCartney descobrir que o refrão de “Hey Jude” era dedicado a Hitler. Qual o sentido em cantar?
O “Vai pra Cuba” foi consagrado como o xingamento máximo de reacionários cabeça oca, o apelo ao degredo mais asqueroso, o inferno, o oposto de Miami. Mas como soltar esse berro da garganta agora que o companheiro Obama, o líder da maior nação do mundo livre, comete esse ato de traição?
Aécio, mesmo, pegou carona na onda. Atacou, por exemplo, o porto de Mariel nas eleições. “O seu governo optou por financiar a construção de um porto em Cuba, gastando R$ 2 bilhões do dinheiro brasileiro, enquanto os nossos portos estão aí esperando”, disse a Dilma num debate.
Aécio sabe que seu anticubanismo é papagaiada. Sua irmã Andrea esteve em Havana algumas vezes e registrou sua felicidade em seu blog, misteriosamente retirado do ar depois que foi notícia no DCM. Mas o que valia para Aécio, naquele momento, era agradar aos bolsonaros e denunciar a ditadura socialista do PT.
Cuba se aproximou de Miami. Logo mais surge uma ponte feita pela Odebrecht. O mundo real deu uma rasteira na paranoia.
Agora: haverá um período de luto até que a ficha caia. O “Vai pra Cuba” deve prosseguir por algum tempo no coração de acéfalos inconformados. Os comentários nos portais são uma aula sobre a ausência de limites da estupidez.
“Estão alimentando o monstro comunista. Esse Obama nunca me enganou, é um melancia, verde por fora e vermelho por dentro”, escreve um sujeito no site da Exame.
“TRAIDOR. O que esperar de um socialista??”, escreve outro.
No Uol:
“Obama tem e que bombardear cuba acabar com todos os cubanos e Dilma e Lula também”.
“Espero que em 2016 os Republicanos voltem ao poder nos EUA”.
“Se for para invadir e derrubar o sistema e ajudar o povo cubano…”
E um longo, interminável etc. Por enquanto, o papa, articulador do reatamento, está sendo poupado. Francisco avisou que visitará Cuba em 2015. Até lá, tudo pode acontecer, ainda mais se depender de comunistas safados como Obama, Francisco e os Castro.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
O americano que foi chave na reaproximação com Cuba.
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