Miguel do Rosário, via Tijolaço
Está cada vez mais difícil para o PSDB fingir que não tem nada a ver com o escândalo das empreiteiras. Governando o estado mais rico do país há mais de 20 anos, onde estão sediadas a maioria das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, os tucanos construíram relações políticas nada republicanas com estas empresas.
Igualmente está cada vez mais difícil, para a mídia, recortar a corrupção que envolve Petrobras e empreiteiras a um caso isolado.
Não é. As empreiteiras capturadas nos esquemas da Lava-Jato são responsáveis por todas as obras públicas no país. E provavelmente há corrupção em toda parte.
O país tem agora a oportunidade de combater, pela raiz, a cultura de corrupção, mas somente se não quiser manipular politicamente uma investigação criminal dessa magnitude.
Ninguém acusa o PSDB de ter inventado a corrupção no país. Ninguém quer a “eliminação” do PSDB.
Já a Globo, em editorial publicado no domingo, dia 14/12, em que tenta usar a Lava-Jato para defender a cessão do pré-sal para petrolíferas estrangeiras, fala em “esquema de corrupção montado pelo lulopetismo na estatal”.
Ora, a primeira declaração pública dos promotores responsáveis pela operação dizia que o esquema foi iniciado há 15 anos, portanto em plena era FHC. É simplesmente desonestidade da Globo falar em “esquema montado pelo lulopetismo”.
Também no domingo, na Folha, há uma matéria reveladora de que a corrupção no setor de construção civil está diretamente ligada ao sistema de financiamento eleitoral.
Em meio a uma das vistorias da PF na Operação Lava-Jato, numa das empreiteiras envolvidas, a Queiroz Galvão, encontrou-se uma planilha em que a empresa calcula doações a políticos tucanos de São Paulo de acordo com o preço da obra pública que será realizada pelo governo do estado.
José Serra é citado nominalmente, e a empreiteira confirmou tudo: de fato, o cálculo era assim. O governo entrega uma obra com valor “x” para uma empreiteira, e ela doa um percentual de “x” ao partido político que controla o governo.
Simples como um poema da Cecília Meirelles.
E como o PSDB reage? Dizendo que isso é coisa dos “blogs sujos, financiados pelo governo federal”. A matéria nem foi apurada pelos blogs, e sim pela imprensa familiar.
A reação do PSDB, atacando os meios de mídia mais frágeis e mais vulneráveis (apesar da influência crescente), mostra de onde vem a ameaça real à liberdade de expressão no país. E os jornalistas da grande mídia ainda se prestam ao papel ridículo de falar em ameaça bolivariana à “imprensa livre”.
Ora, se há ameaça, ela vem, como sempre aconteceu na história do Brasil, da direita golpista. É também um alerta ao governo federal: a falta de um sistema de financiamento mais democrático nos joga no pior dos mundos. Só a grande mídia tucana ganha dinheiro do governo, fortalecendo-se dia a dia, ao mesmo tempo em que os tucanos e a mídia trabalham diuturnamente para marginalizar os blogs, tentando lhes bloquear acesso à qualquer publicidade pública ou privada.
Afinal, que empresário anunciará “um blog sujo patrocinado pelo governo federal”? Posso até imaginar uma charge de humor, mas com fundo realista: um blogueiro sujo, esquelético, vestindo trapos e postando embaixo de uma ponte, enquanto passa um ricaço dirigindo seu carrão, ao lado do filho: “Olha ali, filho, este é um blogueiro sujo financiado pelo governo federal”.
|
TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
PSDB e Serra tomaram banho de Lava-Jato.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário