quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A asa delta de Archer e o helicóptero dos Perrelas.

O helicóptero é apreendido na aterrissagem no Espírito Santo
O helicóptero é apreendido na aterrissagem no Espírito Santo.


Certas coisas despertam a nossa atenção para absurdos dos quais nem sempre nos demos conta na hora em que ocorreram.
Por exemplo: os 13,4 quilos que levaram ao fuzilamento do brasileiro Marco Archer, na Indonésia, são uma insignificância em relação à meia tonelada de pasta de cocaína descoberta no helicóptero dos Perrelas.
Você, pela tragédia de Archer, tem uma ideia da omissão da mídia e da polícia brasileira no caso do helicóptero.
O interesse público, mais uma vez, foi para o fim da fila.
Se meia tonelada de cocaína não é notícia, não é manchete, não é motivo para investigações frenéticas da mídia e para pressões de repórteres sobre a polícia, então o que é?
Você pode dizer, com cinismo e descaro, e estará certo: depende de quem seja o portador. Meio quilo no carro de um amigo de Lula receberia uma cobertura estrepitosa.
Ninguém, na grande mídia, fez nada decente sobre o helicóptero dos Perrelas.
Na internet, graças à generosidade e ao ativismo dos leitores que financiaram nosso trabalho, mergulhamos no caso.
Não é fácil fazer jornalismo independente no Brasil. Nosso documentário sobre o ‘Helicoca’, por obra de alguma força oculta, foi abruptamente retirado do YouTube, para onde só voltou há pouco graças a nossa teimosia e perseverança.
O repórter Joaquim Carvalho teve acesso a um documento da Polícia Federal no qual estava a informação de que o helicóptero pousara num hotel antes de seguir viagem e ser interceptado pela polícia.
A informação foi confirmada pelo piloto, numa entrevista gravada por Joaquim.
Mesmo assim, diante de tais fatos, o hotel entrou na Justiça e fomos obrigados a retirar do ar os textos em que seu nome aparecia.
Como meia tonelada virou nada para a mídia?
A hipótese mais provável é a seguinte. Os Perrelas são ligados a Aécio, e Aécio é amigo dos donos das empresas jornalísticas.
Mexer no assunto, segundo essa lógica, poderia atrapalhar a campanha do amigo Aécio.
Sem o helicóptero a fama de playboy de Aécio já era um problema suficientemente grande em sua tentativa de subir a rampa do Planalto.
Apenas a título de especulação. Imagine que Archer, na Indonésia, tivesse dito que a cocaína transportada em sua asa delta não era dele. Alguém pôs isso lá, acreditem.
No Brasil, a mídia aceitou, sem questionamentos, a versão de que a cocaína nada tinha a ver com os donos do helicóptero.
Teria sido apenas uma coincidência que, entre tantos helicópteros que voam no Brasil, alguém tivesse escolhido exatamente o dos Perrelas para depositar a cocaína.
Pode ser verdade, aliás. Mas a sociedade teria que ser cientificada disso com informações convincentes e confiáveis.
Não foi o que ocorreu até aqui.
E, se não o episódio não foi esclarecido até agora, esqueça: o helicóptero entrará no museu dos enigmas que ninguém quer resolver.
Moral da história.
A mídia que deu tamanho espaço a um caso que envolvia 13,4 quilos de cocaína simplesmente desprezou outro com uma carga mais de 30 vezes maior.
Pobres leitores, pobres telespectadores, pobres ouvintes.

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A VOLTA DO HELICOCA.


Helicoca - O helicóptero de 50 milhões de reais.


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O ESTRONDOSO SILÊNCIO DE AÉCIO E DO PSDB NO CASO DO BRASILEIRO EXECUTADO NA INDONÉSIA.

Eles
Eles.

Um silêncio estrondoso foi o que Aécio Neves e o PSDB ofereceram no caso da execução do brasileiro Marco Archer na Indonésia, apanhado com 13 quilos de cocaína. Nenhum pio sobre Archer e nem sobre a atuação de Dilma.
É uma mudança de paradigma inédita para uma oposição acostumada a criticar qualquer coisa, especialmente em relação à diplomacia.
Dilma divulgou uma nota se dizendo “consternada e indignada”. O embaixador brasileiro foi chamado para consultas, o que representa um agravo. Na sexta, fez um apelo ao presidente Joko Widodo pelo telefone — rechaçado.
O secretário geral do Itamaraty reuniu-se com o embaixador indonésio e manifestou sua “profunda inconformidade”, afirmando que a pena de morte representava “uma sombra” nas relações.
Nesse período, Aécio, Aloysio, Serra e seu governo paralelo no eixo Leblon-Higienópolis-Transilvânia não abriram a boca. Por quê? Férias?
Quando o Brasil foi chamado de “anão diplomático” por um estafeta de Israel, Aécio se locupletou. O país não deveria ter dado “palavra mais clara de convocação ao cessar-fogo” entre israelenses e palestinos.
“Temos que condenar o uso excessivo de força de Israel, mas também temos que condenar as ações do Hamas com lançamento excessivo de foguetes. O Brasil se precipitou, ao meu ver”, declarou.
Sobre o Estado Islâmico, ele foi mais duro. “Fiquei estarrecido com as declarações da presidente da República na ONU”, falou. “A presidente propõe diálogo com um grupo que está decapitando pessoas”.
O que teria feito Aécio Neves se acoelhar? Ainda que Dilma tenha acertado no episódio, há sempre um flanco a ser atacado para quem vive disso. Comparar a indignação com a Indonésia à complacência com Cuba nos direitos humanos, por exemplo?
Ou, como fez Rachel Sheherazade, avisar que Dilma Rousseff pode “bater o pé, mandar voltar o embaixador, mas não tem poder de interferir na decisão judicial de um outro país”. Para Rachel, Archer “deu azar de ser flagrado num país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga.” (Essa tara por justiceiros ainda vai dar muita alegria à cada vez mais aloprada Sheherazade).
Aécio Neves e seu partido ficam devendo a seus eleitores uma resposta sobre por que ficaram na moita e deixaram Dilma solar num capítulo de gigantesca comoção nacional.
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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/



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JE SUIS GLOBO: E SE OS BRASILEIROS SE REVOLTASSEM COM A DEPORTAÇÃO DA EQUIPE DA EMISSORA ?

Amados
Amados.


Raras vezes se viu tamanha comoção nacional.
A deportação da equipe da Globo na Indonésia mostrou o quanto os brasileiros amam a empresa da família Marinho.
Inspirados  no movimento que galvanizou o mundo depois do massacre dos cartunistas do Charlie Hebdo, brasileiros em copiosas cidades do país saíram às ruas para protestar contra o governo indonésio.
Cartazes uniram o país num só brado indignado: “Je suis Globo”.
Certos manifestantes preferiram especificar sua solidariedade. “Je suis Bonner”, “je suis Merval”, “je suis Míriam Leitão”, “je suis Faustão” eram alguns dos cartazes que se observaram nos protestos.
Aqui e ali, provavelmente num processo de identificação com a Globo, foi possível também ver cartazes que diziam: “Je suis Aécio.”
A polícia teve dificuldade em conter as pessoas no momento em que, em muitas cidades, elas decidiram ir para o aeroporto com o objetivo de voar para a Indonésia e, lá, cobrar satisfações do governo.
Há, agora, uma grande pressão sobre Dilma para que ela dê um ultimato para o presidente Jokowo.
A ideia é esta: se ele não pedir perdão em 24 horas para a Globo, é guerra.
A reportagem do DCM quis entender por que se optou pela língua francesa para expressar o apoio à Globo.
Uma senhora patusta e rosada respondeu a nosso repórter: “O português não está à altura da Globo.”
A conversa dos editores do DCM com o repórter foi, lamentavelmente, breve. “Chefe”, disse ele pelo celular a seu superior. “Agora tenho que desligar.”
O chefe, que ainda tinha perguntas a fazer, quis saber o que o levava a querer desligar tão rapidamente o celular.
“É que vou-me juntar também aos manifestantes. Mais que jornalista, sou um cidadão. E neste instante, como todo o Brasil, je suis Globo.”
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