terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Como a Veja foi atacada por seus próprios leitores numa matéria sobre o nazismo na PM.

pm

A Veja publicou uma reportagem na sua última edição com uma denúncia envolvendo um tenente-coronel da PM do Rio chamado Fábio Almeida de Souza, que supostamente teria simpatia pelo nazismo dentro da Tropa de Choque. Ele participou das manifestações de 2013 e pode ter incitado confrontos físicos com black blocs. A publicação reuniu conversas no Whatsapp que estão em um inquérito de 230 páginas da Corregedoria-Geral da Polícia Militar.
Fábio aparece em quatro diálogos, direta ou indiretamente, registrados nos dias 28 de dezembro de 2013, 1º de janeiro de 2014 e, por último, em 7 de janeiro. No primeiro diálogo, um capitão identificado pelo nome de Sanches começa com uma declaração, no mínimo, estranha: “A favor da inquisição, vamos caçar bruxas e fantasmas. Pela raça pura e sem defeitos. Viva o Choque”.
Um policial não identificado pede que seja feita a vontade da maioria. Outro capitão, chamado Gilberto, corrige o colega: “Não é a vontade da maioria. É o certo. É a vontade do Führer”. Outro policial diz que eles farão o expurgo de oficiais do batalhão que “contribuem para a imagem de rataria”.
No segundo diálogo, o então tenente-coronel Fábio aparece afirmando que assumirá o comando da PMRJ em abril de 2015. Os motivos? “Está nas escrituras. Serão quatro anos de inverno nuclear para os peitos de ladrilho. Só cursado terá vez. Choque, Caveira, Cachorreiro ou piloto. O resto será escorraçado”.
O que Fábio quer dizer é que a Tropa de Choque ainda não é admirada, por exemplo, como é o Bope no Rio de Janeiro, a ponto de não serem questionados em suas técnicas brutais de eliminação de civis. Por isso, ele quer adotar o padrão “Alemanha de 1930”, caçando os “infiéis” dentro da própria polícia para endurecê-la.
Num terceiro diálogo, Fábio Almeida de Souza defende que seja utilizada munição de fuzil e estrangulamentos em manifestantes no lugar de golpes com bastões (tonfa). Um oficial chamado Gilberto declara: “Coronel Fábio pela instauração do Reich”. Na última conversa, o tenente-coronel se gaba de ter atirado uma bomba de efeito moral nas costas de um black bloc.
A reportagem afirma que Fábio foi responsável por uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo durante o protesto de 20 de junho de 2013 na prefeitura do Rio de Janeiro. Isso custou para ele o comando da Tropa de Choque, perdendo o posto para o coronel Márcio Rocha. O novo comandante moderou no uso de balas de borracha e de gás durante os protestos, mas aumentou as prisões antes e durante a Copa do Mundo de 2014.
Mesmo assim, Fábio Almeida de Souza foi promovido ao posto de coronel no dia 25 de dezembro do ano passado, durante o Natal, e seus planos de conspiração nos bastidores da polícia vieram à tona.
A PM não acha que há nada de errado em sua promoção, embora exista um inquérito que mostra que ele pode ter incitado pancadaria com manifestantes black blocs, além das declarações abertamente nazistas para expurgar outros policiais dentro da corporação.
O texto da Veja deveria despertar a revolta de seus leitores. Foi o contrário.
No Facebook, declarações absurdas e ataques à matéria abundam. “A Veja está esquerdando. Quando eles destruírem a sede da Abril novamente, quero ver vocês defendendo”, diz um leitor. “Eu fico impressionado como existe gente neste país disposta a defender vagabundo. Black Blocs não passam de massa de manobra deste governo nazista”, complementa outro.
“A Veja tá de sacanagem. Pau na vagabundagem. Salve, salve a tropa de choque da PMERJ!”, frisa um fulano.
Para o leitor que a Veja cativou, o PT é o mal e a polícia é a salvação. Mesmo que os policiais falem abertamente sobre Reich, Führer e o nazismo de Adolf Hitler, não há problema.
Eles apoiam até oficiais que defendam abertamente o fuzilamento de inocentes nas ruas. Porque para eles não importam os meios – numa leitura abjeta da filosofia política do florentino Maquiavel.
Quem lê a revista lembra das reportagens que falavam de “baderneiros”, “arruaceiros” e “vândalos” nas ruas. E esse coitado não consegue entender como sua bíblia passa a contar que existem crimes dentro da própria PM.
O que importa para esses pequenos lobões é tirar o PT do poder, nem que seja para colocar o nazismo no lugar. Se a Veja, que sempre esteve com eles, não entende isso, dane-se a Veja.
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CORONEL DO EXÉRCITO BEM LÔKO DIZ QUE O BRASIL VIVERÁ UMA GUERRA CIVIL.


Coronel do Exército diz que Brasil viverá GUERRA CIVIL e que militares lutarão com tudo que tiverem.


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O ESTRANHO CASO DAS PROMOÇÕES E DEMISSÕES DO CORONEL QUE FAZIA PROPAGANDA NAZISTA.

O coronel Fábio dá entrevista a Luciano Huck
O coronel Fábio dá entrevista a Luciano Huck.


Após o descalabro, vem a bonanza. Ou o cinismo. Com a enorme (e péssima) repercussão da volta do tenente-coronel Fabio de Souza ao comando do BOPE e agora no status de coronel, o secretário de Segurança do Rio José Mariano Beltrame afastou-o novamente na manhã de segunda (5).
Beltrame alega ter tomado conhecimento das denúncias contidas em um Inquérito Policial Militar contra o tenente-coronel Fabio através da imprensa. Contradiz assim o comandante-geral, coronel José Luís Castro, que afirmou ter relatado à época o caso ao secretário.
Quem está dizendo a verdade?
O ano de 2013 já ia ao seu final quando tenente-coronel Fabio de Souza do BOPE foi exonerado por postar mensagens em um grupo de Whatsapp que incitavam a violência e que tinham teor nazista. Segundo José Luís Castro, o secretário José Mariano Beltrame reagiu com um “ok, mande-o para cá” quando soube da exoneração de Fabio de Souza. Sim, isso mesmo. Como consequência de seu viés truculento, Fabio assumiu a chefia da escolta pessoal de Beltrame. Estranho?
Todo o enredo é mais intrigante, acredite se quiser. Ainda em janeiro de 2014, o tenente-coronel Fabio de Souza já havia relatado a colegas que retornaria por cima, bem por cima, dali um ano. Dito e feito.
A volta não era simples e toda uma reformulação foi feita para tal intento. Após esse período chefiando a escolta de Beltrame, deu-se a transação. O então comandante da PM, José Luís Castro, foi retirado, em seu lugar assumiu Alberto Pinheiro Neto (coronel que já estava na reserva e que nos últimos tempos trabalhava como chefe de segurança na Rede Globo). Fabio de Souza é homem de confiança do novo comandante e assim foi reconduzido ao comando do Batalhão de Choque, desta vez promovido a coronel, patente mais alta da carreira.
“Em 2015 assumirei o controle da PMERJ. Está nas escrituras. Serão quatro anos de inverno nuclear para os peitos de ladrilho. Só cursado terá vez. Choque, Caveira, Cachorreiro ou piloto. O resto será escorraçado”, escreveu ele pouco depois de seu afastamento. Como sabia? A quem se referia como ‘o resto’ em tom de ameaça?
Ao ser exonerado, Fabio foi substituído pelo tenente-coronel Márcio Rocha que passou a ser boicotado pelos oficiais ligados a Fabio e que integram o grupo de whatsapp cujas mensagens hoje fazem parte de um Inquérito Policial Militar. Na porta do gabinete do sucessor (e obviamente desafeto de Fabio) foi deixado um despacho de macumba e duas semanas depois ocorreu uma saraivada de tiros de fuzil contra o prédio em que mora Márcio Rocha. Ainda que não haja provas de que seja autor ou mesmo mentor do atentado, Fábio de Souza fez gracinhas com o episódio: “Faltou a galinha preta, as guias, as velas do flamengo, a pipoca e aquela batata cheia de espeto. Viva a macumba.”
Fabio e seu grupo usavam e abusavam de uma linguagem que dá arrepios. “Viva a raça sem defeitos. Depuração total.”; “Padrão Alemanha de 1930”; “Coronel Fábio pela instauração do Reich!”; “Não é a vontade da maioria. É o certo. É a vontade do Fuhrer!”
Nas manifestações é constante o grito acusador de “polícia fascista”. As mensagens do agora coronel Fabio de Souza e seu grupo comprovam que os manifestantes não exageravam. Ele que não tolera manifestantes e se orgulha de ter acertado uma bomba em um deles (“Na última manifestação q fui dei de AM640 inferno azul nas costas de um black bobo no máximo 30 metros!!! Que orgulho!!!”) – cujo caso desconheço mas tenho certeza de que a uma distância dessas o ferimento foi grave – e que ironiza o uso da tonfa para imobilização de manifestantes (“Mata! Assim imobiliza pra sempre… Tonfa é o caralho, 7.62 mata eles tudo”) havia sido exonerado devido seus excessos. E Beltrame havia promovido. Um morde-e-assopra que retrata bem o quadro de fragmentação pelo qual passam as polícias no país.
Se não é justo afirmar que a totalidade das polícias concorde com os preceitos de Hitler, o Inquérito Policial Militar confirma que parte dela tem sim uma identificação nazista subcutânea.
Dezenas de estudos e pesquisas vêm demonstrando o higienismo institucionalizado contra a população negra e jovem praticado por policiais brancos. Hoje está provado que parte deles se considera “raça pura”. E agora? Ou a polícia atua no sentido de limpar a casa ou o que hoje é um grupo de Whatsapp poderá se tornar um Facebook de genocidas. O debate sobre a desmilitarização no Brasil é cada vez mais urgente.
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CARLOS SAMPAIO, DO PSDB, ENTRA COM AÇÃO PARA ENTREGAR ROLLS-ROYCE DA PRESIDÊNCIA A AÉCIO.


Conheça o Rolls-Royce oficial da Presidência da República.


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