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Falta um craque na articulação política do governo, que seja capaz de inspirar um time que não cria situações de gol…
A derrota para Eduardo Cunha na eleição para a presidência da Câmara Federal, apenas explicitou o desacerto de uma área de extrema importância para qualquer administração pública, a articulação política.
A presidenta Dilma Rousseff vem cometendo erros em uma sequência medonha, desde a sua vitória em outubro de 2014.
Um dos primeiros equívocos foi desmobilizar toda a força empenhada para garantir sua vitória, por movimentos sociais, centrais sindicais, lideranças estudantis e partidos de esquerda, tão logo a conquista do segundo mandato, as duras penas, foi confirmada.
Dilma não soube aproveitar toda a onda criada para reverter, em apenas três semanas, uma derrota que se anunciava para o candidato do PSDB, Aécio Neves.
As bandeiras políticas que ora parecem fadadas a derrota, como a regulação econômica da mídia e a reforma política, deveriam ter sido levadas a opinião pública, em forma de conclamação a um pacto nacional, fazendo jus ao mote de sua campanha: “governo novo, ideias novas”. O conselho político deveria ter mobilizado seus mais progressistas apoiadores e ocupado a agenda do Congresso e da sociedade, já no dia seguinte da declaração do TSE.
Mas o que se viu foi o contrário,o esvaziamento dessas forças a esquerda, desmotivadas por um silêncio sepulcral da presidenta. O primeiro mandato encerrou-se prematuramente e daí instaurou-se um vácuo de poder e de liderança.
A segunda gestão iniciou-se velha. Dilma acatou um ministério fisiológico, com nomes sem grande representatividade no meio político, salvo poucas e boas exceções, como Jacques Wagner, Patrus Ananias, Miguel Rosseto e o controverso e Gilberto Kassab.
Este novo plantel não é novo, nem tampouco traz ideias novas em seu bojo, vide a intervenção de Joaquim Levy na área econômica.
O governo parece sofrer de um inacreditável envelhecimento precoce, que ameaça a hegemonia do PT e a continuidade dos seus mais elogiados programas sociais. Isto, também,está em jogo.
A paralisia política e a desconexa comunicação da equipe de governo com setores importantes da sociedade, são sinais desta velhice antecipada.
O ministério montado para agradar a muitos e assegurar o comando do Legislativo demostraram, inquestionavelmente, o fracasso nas duas ações propostas. A constatação de momento é de que a base aliada não cedeu a Dilma e que, agora, mexer no ministério não resolverá a questão.
A fatura apresentada ao Planalto pelo PMDB é de que esta montagem não lhe garante governabilidade, mas serve de penhora para a sobrevivência política, com limitação de ações e monitorada por pesquisas de opinião.
Cunha não é do tipo que se joga, como um jovem aventureiro, em causas controversas. A priori, nem será aliado, tampouco será o pesadelo mais temido do Planalto de imediato. Seu grupo parece mais disposto a cobrar a conta, para qualquer lado que estiver disposto a pagar, da governabilidade limitada ou do impedimento da presidenta, sem qualquer pressa, pois sabe que tem dois anos de possíveis negócios proveitosos pela frente. Seu estilo é de levar adiante negociações que consumam tempo e recursos, comer pela beirada a melhor parte do banquete servido.
A solução para Dilma, se seus mais próximos auxiliares forem capazes de mobilizar, é conclamar a esquerda e a sociedade organizada progressista, para levar adiante reformas essenciais para a modernização do país, mas para isso terá que, forçosamente, acenar para estes grupos com contrapartidas sociais reclamadas e o barramento da agenda recessiva em curso.
Os sinais precisarão ser muito claros e o apelo convincente para conseguir retirar milhões de brasileiros da descrença de que seu governo não mais parece saudável para arrancar, de seus velhos adversários conservadores, mais avanços na área social.
A sustentação política de Dilma terá que vir das ruas e a presidenta terá que comunicar, em alto e bom som, o que pretende.
Os votos que Cunha amealhou para vencer a disputa pela presidência da Câmara, seriam, indubitavelmente, o piso de um processo de impedimento no Congresso, não há espaço para mais trapalhadas políticas.
O governo não conseguiu, até este momento, preservar suas políticas públicas mais vitoriosas, devido aos erros colossais de suas lideranças [ou falta delas].
Não se pode deixar de especular que, pela paisagem arruinada na coalizão, Lula não é ouvido por Dilma, ou seus assessores, em suas intervenções.
Usando uma metáfora futebolística, que tanto tem feito falta em situações como a que se apresenta, é que Dilma comanda um time em que apenas a camisa não é mais capaz de resolver tudo em campo. Faltam articuladores talentosos escalados nas posições corretas. O que se vê nesta formação é uma defesa desarrumada, um meio campo desconexo e um ataque inoperante, que a bola não chega e não volta para marcar.
O craque, fora de campo, que a tudo assiste, não pode ser convocado para resolver este jogo, porque não está inscrito no certame. Mas bem que poderia ser chamado para dar suas imprescindíveis preleções.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Falta um craque na articulação política do governo.
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