sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Ives Gandra é a direita sorrateira e FHC aposta no golpismo barato.



Por Davis Sena Filho  Blog Palavra Livre


O cartunista e analista de política Bessinha derrubou, com apenas um tiro, o advogado tributarista da casa grande e do Opus Dei (Obra de Deus) Ives Gandra da Silva Martins de seu voo de corvo udenista. O notório "sábio" do Direito, que sempre teve sua palavra franqueada pelos magnatas bilionários de imprensa, não se conteve e saiu de seu silêncio obsequioso para, dissimuladamente, fazer ode a um golpe de Estado, aos moldes paraguaios, como se o Brasil, a sétima economia do mundo, com 210 milhões de habitantes e uma democracia consolidada fosse uma republiqueta.

Esse modo de agir, evidentemente, reflete o pensamento de Gandra e de quem ele representa: as classes dominantes e seus interesses políticos e econômicos. Acostumado a ver o Brasil como quintal dos Estados Unidos e ex-colônia "eterna" de países europeus, o tributarista, festejado pela imprensa conservadora e empresarial, não dá ponto sem nó, e, simplesmente, realizou uma "consultoria" ao advogado José de Oliveira Costa, que, por coincidência, é conselheiro do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), sendo que o Príncipe da Privataria, também conhecido como Neoliberal I, escreveu artigo em que disserta sobre possível impeachment, por via judicial contra a presidenta Dilma Rousseff.

Fernando Henrique Cardoso sujou sua biografia ao publicar na imprensa historicamente aliada dos tucanos artigo em que fomenta o golpe, e, com efeito, adere ao golpismo, pura e simplesmente, sem quaisquer dramas de consciência ou ruborização de sua face, sendo que o grão-tucano participou no passado da luta pela redemocratização do País e, por seu turno, sabe muito bem o que significa um golpe institucional ou de estado, seja ele por via judicial ou por uma quartelada.

O tucano-mor foi pródigo em sua irresponsabilidade sem precedentes, porque até então o golpismo barato e sorrateiro estava a cargo de políticos de menor envergadura e expressão, a exemplo de Álvaro Dias, Carlos Sampaio e Agripino Maia, que, pautados, vociferam há anos no Congresso a repercussão de notícias da imprensa de negócios privados, principalmente nos dias seguintes ao que foi publicado no fim de semana. É a práxis tucanoide, a rotina de suas diatribes, sem dúvida alguma.

Chega a ser ridícula a dissimulação de FHC sobre seu apoio a um golpe por via judicial. Trata-se de um homem octagenário, a fazer um papel desses que enlameia sua reputação política, pois sua fama de ex-mandatário do Executivo é de incompetência, de entrega das riquezas do Brasil e de subserviência aos Estados Unidos e à União Europeia. O maior vendilhão da Pátria de todos os tempos ainda se acha no direito de fazer ilações que contrariam a civilidade, as regras da democracia e a subordinação ao Estado Democrático de Direito.

E nada como recomendar uma "consultoria" ao doutor Ives Gandra para dar, hipocritamente, uma conotação ilibada e pressupostamente de caráter sério, como se fosse viável no Brasil de hoje apostar em ilegalidades constitucionais cujos propósitos se resumem em derrubar uma presidenta recém-eleita, que não cometeu crimes, além de ser chefe de um governo de perfil republicano, que está a colocar na cadeia ladrões de colarinhos brancos, tanto os corruptos quanto os corruptores, realidades estas que, certamente, um dia também atingirão os personagens blindados do PSDB e os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas.

Ou a sociedade brasileira, à frente os coxinhas, são tão ingênuos ao ponto de considerar que os tucanos e os magnatas bilionários, que venderam o Brasil e governam São Paulo há 20 anos, não são autores ou protagonistas de mensalões, corrupções, sonegações e envolvimentos com doleiros, paraísos fiscais e financiamentos privados e ilegais de campanhas eleitorais? Acredito que não, pois no fundo todo mundo sabe que essa gente age por conveniência política e ideológica, além de jogar pedras somente naqueles que são ideologicamente e politicamente seus antagonistas.

São esses fatores que movem Fernando Henrique Cardoso e seus lugares-tenentes, Ives Gandra e José de Oliveira Costa. A verdade é que o artigo vergonhosamente golpista de FHC — o Príncipe da Privataria — é a senha para a imprensa familiar, posteriormente, publicar a "consulta" de Gandra sobre a viabilidade de um golpe de estado, que, cinicamente, eles denominam como jurídico. Perdem nas urnas e tentam vencer no tapetão, que é o terceiro turno das eleições para os tucanos e seus aliados golpistas.

Entretanto, essas questões são pormenores para a direita escravocrata e também àqueles que não têm compromisso com o bem-estar do povo brasileiro e por isso se associam a qualquer golpismo barato e sorrateiro. Afinal, o que vale mesmo é chegar ao poder, a não importar os meios, como e quando, porque assumir o Governo Federal é uma questão de estratégia para que a burguesia brasileira possa voltar a fazer negócios praticamente com os países de carácteres imperialistas, inserir novamente o Brasil no círculo de influência norte-americana, sendo que hoje o maior alvo dessa direita tupiniquim e alienígena certamente é o pré-sal e seu modelo de partilha, que contraria os interesses das petroleiras estrangeiras e do establishment brasileiro.

A direita está desesperada; mas, como pontuou o chargista Bessinha, "A classe dominante não tem ódio. Tem astúcia. O ódio ela terceiriza". É verdade. O ódio ela deixa para os brucutus de direita, bem como para a classe média coxinha, que entra na conversa fiada de uma "elite" acostumada há séculos a retirar tudo da sociedade, a começar por negar saúde, educação, moradia, emprego e paz de espírito, como sempre fez desde que Pedro Álvares Cabral aportou na Bahia.

Nunca canso de afirmar: A direita é um escorpião ideológico, que não se importa se foi beneficiada economicamente pelos governos trabalhistas, como ocorreu com a explosão do consumo no Governo Lula, com pleno emprego. A casa grande considera irrelevante se seus privilégios seculares, que chegam a ser pornográficos, foram garantidos. Ela sempre vai estar disposta a boicotar, sabotar, conspirar e derrubar governantes legitimamente e democraticamente eleitos pela maioria do povo.

E acrescento: a direita golpeia e derruba. Se possível, mata, ainda mais se os mandatários considerados inimigos são políticos do campo da esquerda e da vertente trabalhista. É fato histórico. Não há como dissimular e manipular esta realidade, como o faz sistematicamente a direita brasileira herdeira da escravidão, que até hoje tenta, inocuamente e em vão, apagar a imagem do estadista Getúlio Vargas da memória do povo brasileiro, por intermédio de "historialistas" e "especialistas" de prateleiras.

Contudo, o que chama a atenção é o Instituto que leva o nome de Fernando Henrique Cardoso, aquele presidente que entregou o patrimônio do Brasil para os estrangeiros. Ressalta-se que o Neoliberal I, seus correligionários e aliados não construíram tão importante e rico patrimônio. Pelo contrário, depois da patuscada entreguista ainda foram ao FMI três vezes, de joelhos, humilhados e com o pires nas mãos, porque quebraram o Brasil três vezes.

A situação do Governo Trabalhista é preocupante. Porém, o Governo tem de entender de vez que tem de resistir e lutar para não perder a luta pela comunicação. A Secom e o sistema midiático governamental, volto a falar, têm de se mobilizar para que a Nação saiba o que ocorre, porque até agora a imprensa burguesa e o PSDB estão a falar sozinhos, como acontece desde a vitória de Lula em 2002. Chega de incompetência. Quem cala, consente.

Denúncias e acusações têm de ser explicadas para o povo, e rebatidas, quando necessário, sistematicamente. É dessa forma que se deve funcionar uma Secretaria de Comunicação e todas suas ramificações. Ponto. Além do mais, o PT e o Governo Trabalhista têm de retomar suas ações junto aos movimentos sociais, como declarou, recentemente, o ex-presidente Lula.
O Partido dos Trabalhadores tem de voltar para suas origens e raízes, alimentar-se de sua essência retratada nos movimentos sociais, nos sindicatos, nas ONGs de esquerda dedicadas aos direitos humanos e de cidadania, além de retomar o diálogo com a Igreja Católica Progressista, que sempre se fez presente nas lutas em prol da emancipação do povo brasileiro.

O Governo Dilma tem de dar uma guinada à esquerda, porque a direita deixou claro que não vai dialogar ou negociar quaisquer coisas, a não ser a queda de Dilma Rousseff, se for possível e se o novo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, conspirar, juntamente com o Judiciário, leia-se STF, e com setores reacionários do Ministério Público, que atuam de forma seletiva, a fim de macular a imagem do Governo Federal.

Lula pode ser o candidato de 2018, e este fator desespera a direita, que poderia experimentar sua quinta derrota eleitoral seguida. Por isso que os setores conservadores da sociedade, por meio de seus porta-vozes, apostam em impeachment, bem como tratam a Petrobras como a Geni, que é alvo de pedradas e escarradas, sem poder se defender à altura, porque as mídias privadas pertencem à direita brasileira, além de a comunicação do Governo Dilma ser péssima.

O Brasil de hoje lembra muito o Brasil pré-golpe de 1964. A história não se repete, mas quando se "repete" é em forma de farsa. Todavia, muitas situações de 2014 são muito parecidas com as daqueles tempos, a notar, com a cooperação do prezado Gustavo Mello: a extinta UDN reapareceu em três agremiações: DEM, PPS e PSDB; o velho PSD, de Tancredo Neves, é exemplificado no PMDB, com Michel Temer em novo papel de "moderador" com perfil conservador; o presidente do Congresso à época, Ranieri Mazzili, atualmente tem seu papel efetivado na pessoa de Eduardo Cunha; os militares de ontem são hoje os juízes do Poder Judiciário, a intervir, indevidamente, na política; e a Imprensa de mercado está a ocupar o seu lugar de sempre, pois porta-voz dos trustes nacionais e internacionais, além de fomentadora de crises artificiais e realidades manipuladas.

Por fim, Dilma Rousseff exerce o papel de João Goulart, o presidente criminosamente deposto. Tudo muito parecido, mas o campo conservador se esquece de uma coisa fundamental: a esquerda é hoje mais poderosa, a democracia está consolidada e os Estados Unidos não meteriam as mãos em um vespeiro do tamanho do Brasil. A verdade é que a história quando se repete é na forma de farsa.


As condições para um golpe têm de passar também pelas Forças Armadas; e a sociedade, em quase seu todo, teria de estar propensa em apoiar tal crime constitucional e contrário aos interesses da Nação. Além disso, a sociedade organizada é hoje muito mais informada, complexa, maior e mais forte do que a daqueles tempos, bem como o político Lula, o mais carismático do País, conhecido internacionalmente e que saiu do governo com 82% de aprovação popular reagiria a um golpe de estado e ocuparia as ruas com multidões, o que, sobremaneira, é um sério obstáculo para a reação conservadora tomar o poder ilegalmente. Ives Gandra é a direita sorrateira e FHC aposta no golpismo barato. É isso aí.

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