sábado, 28 de fevereiro de 2015

Justiça vai bloquear bens de tucanos envolvidos na Lava Jato.

No Haras Pedra Verde, tucanos investem pesado na raça Mangalarga
No Haras Pedra Verde, tucanos investem pesado na raça Mangalarga.


Agentes do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) investigam o Haras Pedra Verde, de propriedade da família do ex-senador Sérgio Guerra, e o envolvimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) na lavagem de dinheiro proveniente da propina que corria solta na Petrobras, desde o governo de FHC até o primeiro mandato da presidenta Dilma. Segundo o Correio do Brasil apurou, junto a fontes no MPF, o espólio do ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra será alvo de um pedido de bloqueio de bens, nos próximos dias, como forma de garantir o ressarcimento de valores desviados da estatal brasileira de petróleo.
Da fortuna do ex-líder tucano consta um dos mais ricos haras do país, o Pedra Verde, em Limoeiro (PE). Atualmente, a propriedade conta com mais de 200 cavalos da raça Mangalarga Marchador, entre eles alguns campeões nacionais, cuidados por veterinários, geneticistas e cerca de 40 outros funcionários. Segundo apuram os agentes da PF designados para a Operação Lava Jato, o Pedra Verde seria uma espécie de lavanderia para o dinheiro arrecadado em comissões ilegais, por meio de transferências vultuosas com a exportação e importação de animais.
Avaliado em torno de R$ 250 milhões, segundo cálculos estimados por especialistas, o Haras Pedra Verde realiza apresentações de cavalos premiados e leilões que movimentam altas quantias. Os bens sofisticados que integram a propriedade, porém, foram omitidos na declaração de Imposto de Renda de Sérgio Guerra, em 2002, quando eleito senador da República. Na época, apesar de todos os benefícios constantes da propriedade rural, o valor atribuindo ao Pedra Verde foi de R$ 22 mil, declarado como “terra nua”, sem qualquer tipo de benfeitorias ou construções.
No rol de bens do usineiro pernambucano consta, ainda, dezenas de imóveis, uma frota de automóveis de luxo, entre eles vários automóveis da marca BMW; além de jóias, aplicações financeiras em bancos e prováveis contas em paraísos fiscais, como Liechtenstein e Suíça, segundo apura a PF. Após sua morte, em março do ano passado, seus herdeiros, passaram a enfrentar uma ação indenizatória da União.
Entre suas posses, Guerra mantinha uma coleção de arte contemporânea com obras de Cícero Dias, Cândido Portinari, Vicente do Rêgo Monteiro, Di Cavalcanti, Gilvan Samico, Carybé, Manabu Mabe, Djanira e Tarsila do Amaral, em valores que atingem a marca dos R$ 20 milhões.
Guerra, tanto no Senado quanto na Presidência do PSDB, foi um dos mais radicais opositores dos governos Lula e Dilma. As denúncias contra ele, no entanto, remontam aos anos 80, quando apontado como um dos integrantes da quadrilha que desviava recursos públicos e beneficiava empreiteiras, na Comissão do Orçamento do Congresso. Os processos criminais contra o político tucano se encerraram com a morte dele, mas seus bens seguem anexados aos processos cíveis.
Relator do Orçamento da União também no final dos anos 80, Sérgio Guerra chegou a viajar em um jato Dassault Falcon da Construtora Camargo Correia – uma das principais envolvidas no escândalo da Petrobras – para Londres, onde teria se hospedado em uma luxuosa propriedade do também falecido empreiteiro Sebastião Camargo. Guerra viajou acompanhado de toda família e por duas semanas teria frequentado restaurantes e lojas de grifes de luxo na capital inglesa. Ainda assim, foi o único parlamentar a sair ileso do escândalo que derrubou colegas influentes, na época, como Genebaldo Correia, Manoel Moreira, Cid Carvalho e Pinheiro Landim, além do líder do grupo, João Alves.
Dias envolvido
Ainda de acordo com dados levantados por investigadores da Operação Lava Jato, o senador Álvaro Dias também está na mira da Polícia Federal pela compra de terras, no Rio de Janeiro, por R$ 3 milhões. Após a aquisição do terreno, cerca de seis meses depois, a área foi vendida à Petrobrás por R$ 40 milhões. Apesar do foro privilegiado, que assegura ao senador paranaense ser investigado e julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), dados vazados da Lava Jato ligam Dias e Guerra ao enterro de uma outra Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado, sobre a Petrobras.
Em 2009, em troca da propina de R$ 10 milhões de reais, ambos teriam combinado de se desligar da investigação, em um protesto que surpreendeu até os seus pares, contra o que chamaram de um “jogo de cartas marcadas”. Com a retirada destes dois parlamentares, a CPI foi encerrada sem produzir nenhum resultado efetivo.
Com os R$ 10 milhões que a dupla dividiu, segundo informações dos investigadores, R$ 5 milhões teriam sido repassados ao senador Álvaro Dias para investir R$ 3 milhões na área hoje investigada por promotores do MPF. Este, no entanto, é apenas mais um dos processos que pesam sobre um dos principais líderes tucanos.
Álvaro Dias responde, civil e criminalmente, por autorizar o uso da cavalaria da PM contra uma manifestação de professores, entre outros crimes contra a administração pública, no STF. Dias também segue arrolado no processo originado pela Operação Castelo de Areia, por receber recursos indevidos das construtoras Camargo Corrêa e a Norberto Odebrecht.
O senador paranaense também teria omitido de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral R$ 6 milhões em aplicações financeiras. Em 2006, Dias declarou um patrimônio de R$ 1,9 milhão, dividido em 15 imóveis: apartamentos, fazendas e lotes em Brasília e no Paraná. O patrimônio dele, porém, seria quatro vezes maior. Álvaro Dias alega que o dinheiro não consta em sua declaração porque queria se preservar.
“Não houve má intenção”, afirmou, à época.
http://correiodobrasil.com.br/…/justica-vai-bloque…/752639/…

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Visados na CPI do HSBC, tucanos voam para o mais longe possível.


Aécio (E) cumprimenta Aloysio, com Álvaro entre eles (C) e todos eles evitaram assinar o requerimento para a instalação da CPI do HSBC
Aécio (E) cumprimenta Aloysio, com Álvaro entre eles (C) e todos eles evitaram assinar o requerimento para a instalação da CPI do HSBC.


Uma vez instalada, nesta sexta-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o escândalo do banco britânico HSBC, a ‘CPI do Suiçalão’ o PSDB passa da condição de pedra para vidraça. A presença de líderes e simpatizantes do neoliberalismo, no país, na lista de sonegadores vazada por ex-funcionário do HSBC, inibiu a presença da agremiação partidário entre os signatários do requerimento lido em Plenário, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Os senadores do PSDB, Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira e Álvaro Dias – notórios defensores da caça aos corruptos – não assinaram o pedido de CPI.
O senador do PSOL conseguiu, prontamente, 33 assinaturas, seis a mais que o mínimo necessário para a instalação da CPI, que terá 11 membros titulares e seis suplentes. Segundo Randolfe Rodrigues, os tucanos podem ficar à vontade para contribuir com a Comissão, “que tem interesse suprapartidário e não se destina a fomentar disputas desta natureza”, afirmou. A intenção, disse o senador, é “desmantelar pela raiz” um grande esquema criminoso.
– Esse escândalo é de dimensão mundial. De acordo com o Financial Times, trata-se do maior caso de evasão fiscal do mundo. É necessário que o Parlamento brasileiro também se manifeste e instaure um procedimento de investigação – afirmou Randolfe.
Líder do PSB, senador João Capiberibe (AP) disse entender como prudente o fato de os senadores assinarem o pedido. Para ele, os escândalos da Petrobras já estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, motivo pelo qual o partido resolveu esperar a conclusão das investigações.
– A (CPI) do HSBC não tem processo judicial em curso, não tem investigação em curso, não tem nada – reparou Capiberibe.
Signatário do requerimento, o senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso, afirmou que o Brasil precisa combater a sonegação e aumentar a formalização nos vários setores da economia, motivo pelo qual a CPI é importante. Segundo afirmou, a jornalistas, a legislação do sistema financeiro já é muito avançada, mas pode passar por aperfeiçoamentos.
– É exatamente por isso que eu assinei essa CPI. Além de identificar aqueles que cometeram erros, o que eu quero, principalmente, é construir uma legislação para superar essas falhas – afirmou o senador.
Sobre a habitual polarização entre governo e período eleitoral nas CPIs, Pimentel disse esperar que a investigação não se limite a isso. O período, diz o senador, favorece o trabalho da CPI, já que é início de legislatura e as próximas eleições só serão realizadas no ano que vem.
Desvio bilionário
O britânico HSBC, em sua sede na Suíça, admitiu a gestão fraudulenta para encobrir a origem de possíveis recursos ilícitos nas contas de clientes de peso, entre eles empresários, socialites e políticos. O Brasil é o quarto na lista, em número de contas suspeitas.
Swissleaks, como é chamado o escândalo, internacionalmente, tem como fonte original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani. Segundo ele, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões, que em grande parte podem ter sido ocultados do fisco brasileiro.
Em seu requerimento para a instalação da CPI, Rodrigues o classifica como “um arrojado esquema de acobertamento da instituição financeira, operacionalizado na Suíça, que beneficiou mais de 106 mil correntistas”, de mais de 100 nacionalidades. O total de recursos manejados dentro do esquema, segundo Randolfe, pode superar US$ 100 bilhões, no período de 1998 a 2007.
Randolfe Rodrigues acredita, ainda, que a lista dos titulares das contas certamente guarda estreita relação com outras redes de escândalos do crime organizado do país e do mundo. O senador lamentou que “o escândalo do Suiçalão”, como foi batizado aqui, no Brasil, venha sendo sistematicamente ignorado pela mídia conservadora. Segundo Randolfe, essa seletividade denuncia o envolvimento de personagens poderosos, que podem sempre se servir da benevolência de setores da imprensa.

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