segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Parece que desta vez o PT decidiu não apanhar calado.

"Por que só eu?"
“Por que só eu?”

O Petrolão é o novo Mensalão.
Tudo é parecido, a começar pelo comportamento da imprensa.
Mas deu já para perceber que uma coisa é completamente diferente: a atitude do PT.
No Mensalão, o PT ficou acuado. Agora, como que cansado de apanhar calado, resolveu partir para o contra-ataque.
É dentro dessa nova estratégia que devem ser entendidas as palavras de Lula na festa de 35 anos do PT.
Lula falou em pretensões golpistas da oposição, um “atalho” para o poder. E disse que a imprensa está ocupada primordialmente em “incriminar” o PT. Destacou, ainda, o caráter “político”, muito mais que jurídico, da Operação Lava Jato.
Você pode dizer, com razão: esperava-se que o PT renovasse a pantanosa política brasileira, e isso lamentavelmente não ocorreu.
O PT se juntou ao “sistema”, em nome da governabilidade, em vez de mudá-lo, e só a história poderá dizer se foi um gesto brilhante de sobrevivência na selva ou um ato de completa pusilanimidade.
Mas há na argumentação petista, nestes tempos, um ponto incontestável: há um rigor em relação a tudo que diga respeito ao PT que absolutamente não se vê para os demais partidos.
Isso tem pelo menos dois efeitos.
Primeiro, desmoraliza, deslegitima as acusações contra o PT. Mesmo quando elas têm fundamento, a injustiça de tratamento retira a força dos ataques.
Segundo, você acaba dando ao agredido, paradoxalmente, uma aura de perseguido.
As regras têm que valer para todos, para que a luta pela ética não seja farisaica.
Quer dizer o seguinte, trazidas as coisas para o cotidiano.
Enquanto FHC pontificar sobre a moralidade, ele que se elegeu depois da compra despudorada de votos para a emenda da reeleição, ninguém vai levar a sério a pregação anticorrupção veiculada pelas grandes empresas de mídia.
Elas mesmas: enquanto a Globo – flagrada num delito de sonegação milionária – se atrever a dar lições de moral, a hipocrisia estará triunfando.
Ainda em relação à mídia. Enquanto um jornal como a Folha fugir covardemente da obrigação de cobrir o crime fiscal da Globo, ele estará moralmente impedido de falar de esticar o dedo acusatoriamente para os outros.
Você não pode exigir decência quando age indecentemente. Um dos exemplos mais notáveis disso é Aécio.
Ele não explicou o aeroporto de Cláudio. Não se desculpou por ter colocado dinheiro público nas rádios da família, pelas mãos da irmã, como governador de Minas. Não esclareceu como podia falar tanto em meritocracia quando dava grandes empregos a tanta gente de seu círculo íntimo.
E mesmo assim, com todo esse passivo moral, ousa posar de Catão. E só tagarela porque os amigos lhe estendem o microfone continuamente sem que uma única cobrança lhe seja feita.
Poucas coisas demonstram tanto a miséria do jornalismo nacional como nenhuma empresa de mídia haver coberto o caso do helicóptero de um amigo de Aécio flagrado com 450 quilos de pasta de cocaína.
A omissão, aí, só se entende pelo empenho mórbido em poupar o amigo Aécio.
A mesma especulação já foi feita milhares de vezes, mas ei-la novamente: e se o helicóptero fosse de um amigo de Lula?
É por esse conjunto obsceno de coisas que mesmo pessoas sem vínculo com o PT – eu, se querem um caso – não se comovem em nada com as acusações que jorram dos suspeitos de sempre.
Existe apenas uma coisa pior do que não combater a corrupção. É você fingir que está combatendo-a, como em 1954 e 1964 – com finalidades inconfessáveis.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/parece-que-desta-v…/

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O GOLPISMO E A ÚLTIMA PESQUISA DATAFOLHA.

pesquisa-eleitoral-1

O impeachment é um processo que qualquer deputado pode pedir à Mesa da Câmara baseado em parecer jurídico? Sim. Porém, como o próprio Ives Gandra Martins reconheceu no parecer que fez sob encomenda de um dos diretores do Instituto FHC, publicado na Folha de S.Paulo e responsável por levar o tema novamente para o fogo alto, a conclusão é sempre muito mais política do que jurídica.
E é com essa perspectiva que todo um cenário favorável ao pedido da derrubada de Dilma se articula através de um golpe travestido de impeachment. É um golpe dado no tapetão. Se depois absolvido, como foi Collor, daí paciência. O objetivo terá sido alcançado.
Como se cria esse cenário, quem é o principal estimulador e proprietário do tapete? É complexo, mas o maior responsável é aquilo que se chama “grande mídia”.
Uma pesquisa divulgada neste domingo, revelou o estrago que a forma de informar praticada por esses oligopólios faz na cabeça do cidadão comum.
Segundo a pesquisa, 81% dos entrevistados acredita que a inflação irá subir. De onde vem essa percepção profética e catastrofista? Todo mundo agora é versado em economia e futurologia? Não. Quem fomenta esse clima de pessimismo é a grande mídia. A campanha alarmista da subida de taxas, tarifas e impostos é intensa, porém nem sempre verdadeira e completa.
O IPTU não iria subir para todos em São Paulo (só para uma minoria privilegiada ao passo que para outros haveria até redução) mas isso nunca era informado nos telejornais. Criar pânico é uma forma de terrorismo executado à perfeição por esses veículos. Vide os Datenas da vida e suas bem sucedidas carreiras.
Martelar o tema corrupção exaustivamente associando-o exclusivamente a um único partido e à estatal fazendo com que o problema seja visto, ao lado da saúde, como o que mais preocupa os brasileiros e que quase a metade (47%) das pessoas avaliem Dilma como “desonesta” sem haver ainda nenhuma prova de que ela seja mentora ou mesmo beneficiária é resultado dessa maquinação.
Não estou defendendo Dilma, o PT, ou alegando inocência total no caso. Há fortes indícios de que os desvios se confirmem. Mas a disparidade de tratamento é absurda e visivelmente manipuladora. A “formadora de opinião do brasileiro médio” tem veiculado obsessivamente apenas o que atinge a presidente. Nada se vê ou ouve acerca da Alstom, do cartel do metrô paulista, da irresponsabilidade na Sabesp. Neste último exemplo, a massa foi levada a acreditar que a culpa é da falta de chuvas.
Por tratar-se de um recurso natural e vital para a sobrevivência, penso que a maneira como governo do estado de São Paulo e a Sabesp trataram a questão da água deveria ser considerada crime contra a humanidade. Isso é muito mais sério e de consequências muito mais graves do que ficar noticiando que o dólar subiu, a bolsa de valores caiu, as ações X desvalorizaram. Quem tem esses investimentos? Que implicação isso tem na vida da imensa maioria? Nenhuma, só aduba o solo propiciamente ao que se quer plantar.
Ainda segundo a pesquisa, 60% dos paulistas concordam com a implantação do rodízio no abastecimento de água. Mas antes do povo acatar bovinamente e se submeter a mais um sacrifício, foi informado qual o percentual de água potável é destinada ao consumo direto e quanto é direcionada para o agronegócio, a indústria e a mineração? Ou preparou-se um terreno de modo a não causar uma revolta popular contra quem é do time da mídia?
Dirão que exagero, mas a chamada grande mídia exerce hoje um papel idêntico àquele que a igreja católica teve durante o fascismo na Italia. Deseja manter tudo como está de modo a ser a reconhecida como “religião única” e ganhar seu “estado” em forma de concessões.
Ela sente-se ameaçada pela possibilidade de uma regulação que irá minar sua força e por isso hoje articula a saída da atual governante. Ninguém quer perder o que já tem e é isso que é explorado através dessa prática. O povo sentir-se sob ameaça facilita que personagens como Mussolini se sobressaiam e ganhem voz.
Será portanto abastecido desse tipo de desinformação que muito provavelmente milhares de pessoas tomem as ruas no próximo dia 15 de março para pedir o impeachment de Dilma Roussef. A dúvida que fica é se querem entregar o posto a Michel Temer ou se nem pensaram sobre isso.

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