segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Queda na popularidade: é a economia estúpido!

FHC em 1999 experimentou a maior queda de aprovação de um presidente pós Collor, chegando a ter 56% de ruim e péssimo, a causa? A deterioração da economia
FHC, em 1999, experimentou a maior queda de aprovação de um presidente pós Collor, chegando a ter 56% de ruim e péssimo, a causa? A deterioração da economia [clique na imagem para ampliar]

Apesar de todo fogo cruzado do noticiário sobre a operação Lava Jato respingando em Dilma, não creio que seja este o motivo maior da queda acentuada de popularidade da presidenta.

De uma maneira geral, é possível verificar que o descontentamento da população brasileira não é apenas com o governo federal ou com o PT. Em uma mesa de bar se alguém perguntasse, em uma espécie de pesquisa informal, se as pessoas confiam nos políticos ou no sistema político vigente, a maioria poderia dizer que não confia, independente do partido ou da administração.
Em São Paulo o governador Geraldo Alckmin teve uma queda de 10% em sua aprovação, mesmo sendo poupado pela imprensa na crise de abastecimento de água que levou os paulistas a experimentarem um racionamento velado. Neste caso, a pauta da corrupção da grande mídia não atingiu o tucano, até porque não se lêem ou se vêem matérias acusando o PSDB com tanta ênfase ou de maneira sistemática. Mas uma ação, ou falta de, de seu governo comprometeu o conforto e o bem estar de parcela considerável do povo de São Paulo.
É o que penso sobre o aumento da desaprovação do governo Dilma.
O Planalto perdeu mais apoio por conta de suas duras medidas de “ajuste”, do que por conta da pauta da corrupção, que também deve ter contribuído com o recuo da sua popularidade.
Mas ao reajustar os combustíveis, por exemplo, em menos de dois meses isto acendeu o sinal amarelo da opinião pública sobre o controle da inflação e da estabilidade da economia, conquistada a duras penas durante os governos petistas, que em 11 anos seguidos cumpriram a meta inflacionária.
O reajuste da energia elétrica e a promessa de novos aumentos na conta de luz, mas com índices elevados para os padrões recentes, também deixaram classe média e mais pobres ressabiados com os rumos do governo. O que resultou, pela primeira vez em 12 anos, em um índice inflacionário de um dígito em um mês, 1,24% em janeiro, e estourar a meta de inflação do Copom.
Aqui não se propõe a fazer o juízo desses ajustes, apenas isto é colocado como um elemento significativo para explicar que a avaliação negativa de Dilma tenha ocorrido mais por conta dessas medidas amargas, entre tantas outras, amplificadas pela mídia como sinal de desgoverno.
Quanto a estas medidas da equipe econômica, quanto mais o governo se disponha a explicar os seus motivos, mais terá a perder.
A crise de popularidade do governo ou de governos, passa principalmente, pela via da economia e se determinados ajustes ou reflexos de uma política econômica provocam queda do padrão de vida do povo. Isto será sentido, com mais ou menos intensidade, na aprovação popular.
Alckmin perdeu popularidade por ter sido incapaz, ao longo de anos, de ter investido no sistema de abastecimento de água de São Paulo, para evitar o racionamento que ora se apresenta como inevitável. Quando a população, apesar de ter lido alguma coisa sobre o escândalo do trensalão, começou a perceber que a água escasseou em suas torneiras e virou-se contra o governador, fazendo despencar de sua alta aprovação.
Dilma, apesar das notícias sistematicamente pinçadas contra ela na mídia, não teria tido esta perda se não fosse preciso reajustar os combustíveis e a energia elétrica com tanta força, porque atinge em cheio setores da sociedade que mais lhe apoiavam. A inversão entre os que consideravam ótimo e bom em dezembro, para os que consideram agora o governo ruim e péssimo, mostra que parte de seus apoiadores migraram da aprovação máxima para a reprovação total. Mexeu no bolso, perdeu na popularidade e criou desconfianças.
A queda recorde de popularidade de FHC
FHC no início de seu mandato chegou a ter 56% de ruim e péssimo e apenas 13% de ótimo e bom, recorde negativo de um presidente desde Fernando Collor, isso ocorreu em setembro de 1999, segundo o Datafolha, o mesmo instituto que divulgou a recente pesquisa.
O tucano despencou após o anúncio da maxi desvalorização do real, que era veementemente negada pelo ex-presidente durante a campanha da reeleição, apesar dos claros sinais da economia e dos avisos da oposição de que a moeda estava sendo mantida valorizada artificialmente. Quando chegou janeiro de 1999, três meses após as eleições, FHC desvalorizou fortemente a moeda em único dia, sua aprovação virou pó e os reflexos desta medida na inflação e no emprego o levaram para uma espiral de sérias crises econômicas e políticas até o final de seu mandato.
Para Dilma a situação é ainda mais complicada, apesar de não ter chegado ao fundo do poço que FHC chegou. Ao contrário do tucano, hoje a presidenta enfrenta um Congresso opositor, uma base aliada pouco confiável e uma mídia hostil.
Os dados apresentados pelo Datafolha ouriçam golpistas que, sem voto nas urnas, apelam para artifícios golpistas envernizados pelo judiciário e orientados por pesquisas de opinião pública.
O que resta ao governo?
Cercar-se de seus legítimos aliados na sociedade organizada, acenar mudanças nos ajustes econômicos que não penalizem a classe média e os mais pobres, comunicar-se melhor e fazer o inadiável enfrentamento político.
Da mesma forma que a aprovação foi perdida, poderá ser reconquistada, desde que a economia apresente sinais de melhora, a inflação recue e Dilma apresente medidas que compensem a dureza daquilo que já foi feito. Assim como houve a transposição de apoiadores para reprovadores, estes podem, ao menos, se posicionar como aqueles que considerem a administração atual como razoável e dar novo voto de confiança, mas o certo que isto não virá mais de graça, é preciso mostrar novos caminhos e autocrítica.
Assim como Alckmin poderá também recuperar seu apoio se as chuvas caírem em volume que elevem os níveis dos reservatórios e lhe de tempo para executar obras que normalizem o bastecimento de água ou reduzam os prejuízos para o paulista.
É o bem estar social que, prioritariamente, condiciona os juízos do povo sobre as administrações públicas.

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ANIVERSÁRIO DO PT PRECISA SER INSPIRADOR PARA DILMA.

Aniversário do PT precisa ter para Dilma o efeito de oxigenar seu governo e inspirador para travar as batalhas políticas e midiáticas

Aniversário do PT precisa ter para Dilma o efeito de oxigenar seu governo e inspirá-lo para as batalhas políticas e midiáticas que se radicalizam a cada dia.


Pena para o governo que eleições e aniversário do PT não ocorram mensalmente, pois se assim fosse, Dilma teria a possibilidade de externar suas considerações, ideias e defesas com mais ênfase e destaque para muito além de seus eleitores ou militantes.
A comemoração pelos 35 anos do PT é uma evidência, inconteste, da capacidade de articulação e de comunicação de Lula. Para o bem de seu partido e da presidenta, precisa ser movimento inspirador para que o governo saia do silêncio institucional e trave a batalha da comunicação, politizando o debate.
A equipe de Dilma precisa vazar seus pontos de vista e discursos tão bem quanto a Polícia Federal, do ministro José Eduardo Cardozo, que vaza informações exclusivas para a Globo.
O Planalto precisa oferecer a população brasileira um manancial de opções políticas e narrativas diferentes daquelas que a grande imprensa recolhe, “em off” e com exclusividade, de assessores muito próximos da presidenta.
Ou seja, a festa do partido se encerrará e Dilma não pode se dar ao luxo de voltar a mudez de antes, sob pena de ser derrotada por seus próprios sabotadores, os mesmos que praticam vazamentos seletivos para os seus maiores adversários.
A comunicação é ainda o calcanhar de Aquiles do Executivo, é neste terreno que as versões apresentadas pela mídia oposicionista precisam confrontadas, com destemor e clareza.
Afinal o medo de ser duramente atacada pela imprensa por conta de ações independentes já são favas contadas, visto que já ocorrem há cerca de 12 anos ininterruptos e que, com o passar do tempo, só tem piorado o cerco midiático hostil aos governo do PT.

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