quinta-feira, 19 de março de 2015

Qual a diferença entre os 13% de aprovação de Dilma e os 13% de FHC?

Palpiteiro
Palpiteiro.

E eis FHC palpitando sobre os 13% de aprovação de Dilma segundo o Datafolha.
Como tem acontecido sempre, FHC jogou mais sombras onde já as havia em quantidade copiosa.
Dilma estaria perdendo as condições de governar, afirmou, ao melhor estilo de Carlos Lacerda, o Corvo. (Aliás, o C de Cardoso poderia, já faz algum tempo, pelo C de Corvo.)
No caso em questão, FHC traria alguma luz ao debate se lembrasse que ele também passou exatamente pelos 13% de aprovação.
Foi em setembro de 1999, segundo o mesmo Datafolha. Para quem gosta de comparações, foi uma queda de cerca de 70% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Acabou o mundo? Acabou o governo FHC?
Não, tanto que, quinze anos depois, ei-lo pontificando.
Comparemos as circunstâncias. Dilma bate em 13% numa pesquisa realizada logo depois de um protesto orquestrado descaradamente pela Globo, e em meio a um noticiário manipulador que tenta associá-la ao caso Petrobras e à palavra “corrupção”.
FHC chegou aos 13% com a blindagem monumental da mesma mídia que massacra agora Dilma.
FHC jamais foi cobrado, por exemplo, sobre a compra de votos, em 1997, para a emenda da reeleição.
Ao longo dos tempos, ele tem oscilado entre negar e distorcer a realidade.
Às vezes, FHC nega a compra. (Recentemente, o único repórter que contou a história, Fernando Rodrigues, disse que colheu não evidências, mas “provas cabais”.)
Outras, ele tergiversa. Em determinada ocasião, admitiu que “provavelmente” votos foram comprados. Mas não pelo PSDB. Era coisa, segundo ele, de governadores, também beneficiados com a emenda.
Invoco Wellington aqui. Quem acredita nisso acredita em tudo.
FHC também jamais foi apertado pelo nepotismo. Genro, filha, a lista de parentes empregados é longa.
Mas, claro, quando se trata de FHC, assim como acontece com Aécio, nomeações na família obedecem à mais estrita meritocracia.
Qual teria sido a aprovação de FHC se ele tivesse, diante de si, uma mídia tão empenhada em jogar para baixo quanto a enfrentada por Dilma?
Melhor: qual seria o índice de popularidade dele se a imprensa fosse, simplesmente,honesta?
Tudo isso posto, qualquer presidente oscila nas avaliações. Em momentos em que a economia cresce, o prestígio sobe. Em tempos de crise, é o oposto.
O Brasil passa por uma crise, e então é natural que baixe a aprovação.
O ponto é que a queda, agora, é amplamente estimulada por uma mídia que tenta enganar o público com a versão de que a crise é exclusividade do Brasil.
Estamos diante de um abjeto estelionato editorial.
Até a BBC do Brasil mostrar a queda geral das moedas mundo afora diante do dólar, nossos “especialistas” econômicos empurravam para as pessoas a versão de que o problema acontecia só no Brasil.
Acresce a tudo um fato que me intriga, e para o qual já chamei a atenção. Também a esquerda parece intoxicada pelo catastrofismo maroto e calculado dos conservadores.
Ora, há uma crise global. Até a China reduziu pela metade a expectativa de crescimento.
Nenhuma grande economia do mundo – nenhuma – está imune à crise.
O governo está tentando enfrentar as dificuldades, concretamente.
Mas o maior obstáculo não é econômico, e sim mental. É imperioso um choque positivo, algo que devolva a sanidade a pessoas – de direita, centro e esquerda — que parecem prestes a cortar os pulsos.
O que está ocorrendo, hoje, é a síndrome do desastre anunciado.
Não ocorreu nada, mas de tanto falar em desastre vão se criando as condições para que ele se materialize.
Quanto a FHC, recomendo uma frase de Sêneca: “Quanto penso nas coisas que disse, sinto inveja dos mudos.”
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/qual-a-diferenca-e…/

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CID GOMES MITOU EM SUA MISSÃO SUICIDA.

Cid Gomes é demitido depois de falar a verdade.

Cid Gomes mitou em sua missão suicida na Câmara. Por alguns longos minutos disse o que todo o mundo sabe e pegou de surpresa os que esperavam um ato de contrição.
Gomes fora convocado pelo Legislativo para “explicar” uma declaração dada na Universidade Federal do Pará, numa clara demonstração de intimidação. “Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles”, falou num palestra. “Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”.
Ao invés de desculpas, partiu para cima. Saiu do plenário já demitido, depois de um massacre que culminou com Sérgio Zveiter (do PSD-RJ, que se livrou de uma ação por abuso de poder econômico e utilização indevida de meios de comunicação) o chamando de “palhaço”. Sintomaticamente, quem anunciou a saída de Gomes foi Eduardo Cunha.
Em seus instantes de sincericídio, o ex-ministro da Educação conseguiu dizer o seguinte:
. “Sempre tive respeito pelo Parlamento. Isso não quer dizer que eu concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos que mesmo estando no governo, com seus partidos participando no governo, tenham uma postura de oportunismo”.
Mentira?
. “Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo”.
Mentira?
“Prefiro ser acusado por ele de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque”, disse ainda, apontado o dedo para Cunha.
Na sequencia, os deputados fizeram fila para lhe bater, sob o comando do presidente da Câmara, visivelmente consternado (o rosto de Cunha tem um tom aflitivamente rosado). Lembraram até da sogra de Gomes. De volta à tribuna, ele atacou: “Uns tinham cinco e agora têm sete [ministérios]. Logo vão querer a presidência. Tenho convicção de que Dilma é vítima de setores da sociedade, como políticos e empresários”.
Leonardo Picciani (cujo patrimônio declarado foi de R$ 365.624,60 em 2000 para R$ 9.885.603), líder do PMDB, ficou feliz com o desfecho da história: “Não esperávamos outra atitude que não fosse essa [a demissão]. O que ele demonstrou aqui foi falta de formação democrática, de formação republicana. Ele saiu daqui como um fanfarrão”, disse o fanfarrão.
Não saberemos como Cid Gomes teria se saído como ministro, mas no papel de manifestante contra a corrupção ele fez bonito.

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