sábado, 6 de junho de 2015

71% dos brasileiros têm os serviços públicos de saúde como referência.



As Unidades Básicas de Saúde foram apontadas como principal porta de entrada da população ao SUS. Dados mostram também que o Farmácia Popular ampliou o acesso a medicamentos.
A maioria dos brasileiros procura pelas unidades públicas quando apresenta algum problema de saúde. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 71,1% da população foram a estabelecimentos públicos de saúde para serem atendidos. Deste total, 47,9% apontaram as Unidades Básicas de Saúde como sua principal porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados também apontam que as políticas públicas cumprem papel fundamental no acesso a medicamentos. Do total de entrevistados, 33,2% conseguiram pelo menos um dos medicamentos no SUS e 21,9%, por meio do Programa Farmácia Popular.
Na avaliação do perfil dos usuários da rede pública de saúde, o estudo mostra que os serviços chegam a quem mais precisa. A proporção de indivíduos que mais tiveram acesso a medicamentos nos serviços públicos sobe para 41,4% na população sem instrução ou com fundamental incompleto e para 36,7% entre os de cor parda. O mesmo acontece com o Programa Farmácia Popular, ou seja, quem mais utiliza este serviço são as pessoas de menor escolaridade. “O estudo destaca o papel do SUS na promoção da equidade e os resultados do esforço do governo federal em expandir os serviços a toda a população”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Depois das Unidades Básicas de Saúde, os serviços públicos mais procurados pela população são os de emergências, como as Unidades de Pronto Atendimento Público ou Emergência de Hospital Público (11,3%), seguidos pelos hospitais e serviços especializados: do total, 10,1% da população vão até um Hospital Público ou Ambulatório quando tem um problema de saúde e 1,8% vão aos Centros de Especialidades e Policlínicas Públicas. Os consultórios e clínicas particulares atraem 20,6% dos brasileiros e 4,9% buscam emergências privadas.
Os dados integram o segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais completo inquérito de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de saúde (atendimento e medicamentos) e violência. A pesquisa serve de base para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas para os próximos anos.
Durante o levantamento, foram coletadas informações sobre toda a família a partir de entrevistas com cerca de 205 mil indivíduos em domicílio, escolhidos por meio de sorteio entre os moradores da residência para responder ao questionário. Uma terceira fase da pesquisa trará informações resultadas dos exames de sangue, urina e aferição da pressão arterial dos brasileiros.
EXPANSÃO DO SAÚDE DA FAMÍLIA – Os números também demonstram expansão na cobertura da estratégia Saúde da Família. Ao todo, 112,5 milhões de brasileiros, equivalente a 56,2% da população, estão cadastrados neste programa. Se compararmos com os resultados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/IBGE), realizada em 2008, a iniciativa atingia 96,5 milhões de pessoas. Comparando os dois estudos, em cinco anos, cerca de 16 milhões de pessoas passaram a ser atendidas pelo Saúde da Família.
Os dados da PNS mostram ainda que o serviço tem chegado principalmente às pessoas de menor escolaridade. Já no recorte por região, é o Nordeste (64,7%) quem mais conta com domicílios cadastrados no Saúde da Família e o Sul (56,2%) também registra índice acima da média nacional.
Essa expansão do Saúde da Família também é observada nos números do Ministério da Saúde. Entre 2010 e 2014, houve um crescimento de 19,8% do total de equipes, passando de 31.660 para 37.944 no período. Os investimentos federais na atenção básica mais que dobraram – crescimento de 106% nos últimos quatro anos, chegando a R$ 20 bilhões em 2014. Esta é uma área de atenção prioritária para o governo, uma vez que consegue resolver até 80% dos problemas de saúde sem necessidade de encaminhamento do paciente para um hospital ou unidade especializada, tornando a assistência em toda a rede mais eficiente.
AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO - Dos 30,7 milhões de pessoas que procuraram algum atendimento de saúde nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa, 97% conseguiram atendimento e 95,3% foram atendidos na primeira vez em que procuraram.  Apenas 3% não conseguiram atendimento, 38,8% alegaram não ter médico atendendo, 32,7% não conseguiram vaga ou pegar senha.
Os dados mostram que 65,7% se internaram em hospitais por 24 horas ou mais nos doze meses anteriores à pesquisa e a última internação foi através do Sistema Único de Saúde. Desse total, 82,6% avaliaram o atendimento recebido no SUS como bom ou muito bom. O perfil de internação compõe-se majoritariamente por jovens de 0 a 17 anos de idade (75,2%) e pessoas de baixa escolaridade – 80,6% sem instrução ou com fundamental incompleto. Do total de entrevistados, 80,4% tiveram atendimento de urgência no domicílio, através do Sistema Único de Saúde, e a avaliação do atendimento foi boa ou muito boa.
Fonte: Patrícia de Paula, Agência Saúde
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Metade dos brasileiros não usa cinto de segurança no banco de trás.



Apenas 50,2% da população têm o hábito de colocar o cinto no banco traseiro, embora a utilização deste item de segurança reduza mais o risco de morte no trânsito. Também chama a atenção o baixo índice do uso de capacete na zona rural, 59%.
Muitos brasileiros ainda não têm o hábito de usar o cinto de segurança no banco de trás. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que apenas 50,2% da população afirmam sempre usar o cinto quando estão no banco traseiro de carro, van ou táxi. Os entrevistados mostram mais consciência quando está no banco da frente, em que 79,4% das pessoas com 18 anos ou mais dizem sempre usar o item de segurança. Contudo, o cinto na parte traseira do veículo reduz mais o risco de morte, pois, em uma colisão, impede que o corpo dos passageiros seja projetado para frente, atingindo o motorista e o carona.
O uso do cinto de segurança no banco de trás é ainda menor na zona rural, onde 44,8% disseram ter o hábito de colocar o cinto. Entre as regiões, Norte e Nordeste registram os índices mais preocupantes, 36,7% e 39,5%, respectivamente, enquanto os moradores da região Sul demonstraram ter mais consciência da importância deste item de segurança. Lá, 65,1% das pessoas com 18 anos ou mais disseram sempre usar cinto no banco de trás. O cenário nas regiões se repete quando o assunto é utilizar o cinto no banco da frente: Norte e Nordeste apresentaram os menores índices (67,2% e 66%) e Sudeste e Sul os maiores (86,5% e 86,2%).
“Ao utilizar o cinto de segurança no banco de trás, o passageiro também está protegendo o motorista e o carona, as pessoas que estão na frente do carro. O uso do cinto de segurança no banco da frente e, principalmente, no banco de trás pode evitar muitas mortes. Milhares de pessoas perdem suas vidas no trânsito e o uso dos itens de segurança pode reduzir essa estatística. O Brasil também está buscando cada vez mais fortalecer a nossa ação no campo da prevenção e do monitoramento. Essa é uma discussão que o Ministério da Saúde vem fazendo junto com outros órgãos do governo”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento da Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do banco da frente deixariam de morrer se os cintos do banco de trás fossem usados com regularidade.
Os dados integram o segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais completo inquérito de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de saúde (atendimento e medicamentos) e violência. A pesquisa serve de base para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas para os próximos anos.
Durante o levantamento, foram coletadas informações sobre toda a família a partir de entrevistas com cerca de 205 mil indivíduos em domicílio, escolhidos por meio de sorteio entre os moradores da residência para responder ao questionário. Uma terceira fase da pesquisa trará informações resultadas dos exames de sangue, urina e aferição da pressão arterial dos brasileiros.
USO DE CAPACETES – Também preocupa o percentual de pessoas que vivem na área rural que deixam de usar o capacete quando estão como passageiros em motocicletas. Do total de entrevistados, 80,1% afirmaram usar capacete mesmo quando não estão dirigindo, mas esse índice cai para 59% se consideramos somente os moradores da área rural.
A pesquisa revelou ainda que 4,4 milhões (3,1%) de brasileiros sofreram acidente de trânsito com lesões corporais nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa. O número é maior entre os homens 4,5% e 1,8% mulheres. Do total de pessoas que sofreram acidentes, 47,2% deixaram de realizar atividades habituais, 7,7% tiveram que ser internadas 15,2% tiveram sequelas ou incapacidades.
No Brasil, 42,2 mil pessoas morreram por conta de acidentes de trânsito em 2013, sendo 12.040 envolvendo motocicletas. Foram registrados no ano passado, mais de 127 mil internações por conta desses acidentes, o que representa um gasto de R$ 183,1 milhões para o SUS. Os acidentes por moto responderam por 83,4 mil internações.
O Ministério da Saúde está propondo uma série de ações intersetoriais para a promoção de uma política específica de prevenção aos acidentes de trânsito, principalmente moto. Entre as propostas que estão em estudo, destaca-se o uso de equipamentos, a melhor capacitação para habilitação e ações na área de fiscalização. Essa discussão será levada para o 2º Road Safety, Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito, que será realizado no Brasil em novembro com o objetivo de repactuar metas e traçar novas estratégias do governo e da sociedade para garantir a segurança da população e salvar milhões de vidas.
VIOLÊNCIA – Ao abordar a questão da violência, 3,1% da população afirmaram terem sofrido alguma violência ou agressão de pessoa desconhecida nos últimos 12 meses anteriores. Homens sofrem mais agressão por pessoas desconhecidas (3,7%) e as mulheres são as maiores vítimas de agressão por pessoas conhecidas (3,1%).
Do total de pessoas que sofreram violência, 20,9% tiveram alguma lesão corporal devido à violência ou agressão por pessoas desconhecidas, sendo mais da metade homens (28,6%) e 11,4%, mulheres. Um grupo um pouco menor (17,9%) diz ter recebido algum tipo de assistência de saúde. As mulheres foram as que mais buscaram assistência, 20,8%, enquanto esse índice entre os homens foi de 12,3%.
Uma ação importante voltada à violência contra a mulher foi anunciada este ano pelo governo federal. Portaria assinada pelo Ministério da Saúde, da Justiça e pela Secretaria de Políticas para as Mulheres estabelece novas diretrizes para a integração do atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança públicas e de saúde do SUS.
O objetivo é implementar em âmbito nacional o registro de informações e a coleta de vestígios durante o atendimento às vítimas nos em hospitais, tornando a assistência mais humanizada e reduzindo a exposição da pessoa que sofreu violência. O registro de informações e coleta de vestígios no momento do atendimento em saúde também contribui para o combate à impunidade, com a realização de exames nas primeiras horas após a violência.
Fonte: Agência Saúde

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Lula e José Graziano: Por um mundo sem fome e com paz.



Um mundo sem fome não é um sonho abstrato. Um mundo sem fome, onde todos tenham oportunidade de se alimentar e estudar é algo possível, ao nosso alcance. A pobreza e a miséria, dentro dos nossos países ou em outros países, não é um fato inevitável da vida. Podemos, sim, construir um mundo sem fome. […]
Um mundo sem fome não é um sonho abstrato. Um mundo sem fome, onde todos tenham oportunidade de se alimentar e estudar é algo possível, ao nosso alcance. A pobreza e a miséria, dentro dos nossos países ou em outros países, não é um fato inevitável da vida. Podemos, sim, construir um mundo sem fome. E só um mundo sem fome pode nos permitir construir um mundo sem guerras, um mundo de paz.
Embora não seja a única razão dos conflitos, há uma relação circular entre a segurança alimentar e a paz: do mesmo modo que a fome leva a conflitos, os conflitos agravam a fome.
Nossa convicção de que esse mundo é possível não se baseia apenas na esperança de um planeta mais justo. Ela se baseia nos avanços que diversos países têm feito no combate à fome e na experiência de nossas vidas lutando para melhorar as condições sociais no Brasil.
Dentro de poucos dias, vamos adicionar nossos nomes à Carta de Milão, na Reunião de Ministros da Agricultura que terá lugar nos dias 4 e 5 de junho, durante a Expo Milão 2015.
A Carta de Milão é o documento que traz o legado da Expo Milão 2015. O texto aborda várias questões cruciais, tais como: o escândalo do desperdício de alimentos, a necessidade de assegurarmos comida em quantidade suficiente para uma população mundial em crescimento, preservando o meio ambiente, e o papel crucial das mulheres no desenvolvimento.

O documento também oferece uma oportunidade para que o mundo se envolva em uma discussão sobre o futuro da agenda de desenvolvimento global .
As últimas décadas trouxeram inegável progresso na luta contra a fome. O número de pessoas que passam fome caiu em 200 milhões desde 1990, e a proporção da desnutrição caiu mais de 40% no mundo em desenvolvimento.
Mas ainda há muito a ser feito. De acordo com os últimos dados divulgados pela FAO, na semana passada, pouco menos de 800 milhões de pessoas — ou 1 de 9 pessoas em todo o planeta — ainda sofrem com a fome.
O Brasil e outros países, na África e na América Latina, como por exemplo a Bolívia, a Argentina, o Senegal e Moçambique, estão construindo relações dinâmicas entre proteção social e apoio à produção agrícola. Há diversos exemplos dos benefícios desta combinação, entre os programas de alimentação escolar — que garantem a compra de produtos dos agricultores locais — e os programas de transferências de renda, como o brasileiro Bolsa Família — que garante uma renda mínima para famílias que mantêm seus filhos na escola e com acompanhamento médico periódico.
De um lado, apoio aos produtores de alimentos e garantia de refeição nas escolas. Do outro, apoio financeiro para que a família supra suas necessidades básicas e mantenha as crianças estudando. O objetivo é dar aos mais jovens oportunidades que seus pais jamais tiveram, quebrando o ciclo da miséria que passa de geração para geração.
Tal abordagem integrada ajuda a explicar o sucesso do Programa Fome Zero e por que ele foi utilizado como inspiração para uma série de programas de segurança alimentar em níveis nacional e regional, em todo o planeta.

Embora o trabalho das Organizações Não-Governamentais seja muito importante, o compromisso político dos países — dos governos e das sociedades — e o apoio técnico e financeiro de instituições multilaterais são insubstituíveis para a inclusão social. É fundamental o compromisso político dos governos de combater a miséria e de incluir os mais pobres nos orçamentos nacionais.
Quando isso acontece, os resultados surgem rápido. Quando o combate à fome tornou-se a prioridade do governo brasileiro, em 2003, o progresso foi acelerado. Entre 2002 e 2007, a proporção da desnutrição caiu de 11% para menos de 5% no Brasil. Em outubro de 2014, o Brasil saiu do mapa da fome. Assim, o país pôde assumir a meta ainda mais ambiciosa de erradicar a pobreza extrema.
Esse mesmo compromisso político é cada vez mais presente no mundo. Na Conferência de chefes de estado e governo da União Africana em 2014, as nações daquele continente estabeleceram o objetivo de erradicar a fome e a desnutrição até 2025. O Instituto Lula e a FAO são parceiros ativos para tornar este compromisso ousado uma realidade.
A principal responsabilidade por garantir o direito à alimentação adequada cabe aos governos nacionais, mas todos nós devemos assumir uma parcela dessa missão.
Não existe uma única solução para todos os casos. Os países podem — e devem — aprender uns com os outros, e adaptar os exemplos, encontrando o seu próprio caminho.
O combate à fome e à miséria beneficia toda à sociedade. O dinheiro da transferência de renda aos mais pobres não vai para a especulação. Transforma-se em comida, roupas, material escolar. Movimenta o comércio local, a indústria, gera empregos.
Os pobres não podem ser vistos como um problema. Os problemas são a desigualdade do mundo, a fome, os conflitos militares. Quando se dá oportunidades para as pessoas, elas são parte da solução.
O mundo tem os recursos, os alimentos e certamente todos temos dentro de nós a solidariedade necessária para lutarmos e erradicarmos a fome no planeta.
Só teremos um mundo justo e equilibrado quando todos tiverem a oportunidade de se alimentar e viver em paz. E queremos afirmar mais uma vez: sim, isso é possível.
(Artigo originalmente publicado, em italiano, no jornal italiano Corriere della Sera)
Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil (2003–2010)

José Graziano da Silva é Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
Fonte e foto: Agência PT de Notícias

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