sábado, 18 de julho de 2015

Quem tem Cunha, tem medo; ao PMDB só resta a legalidade.

cunha


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ironizou, na quinta-feira, o “ barulhaço ” que está sendo combinado nas redes sociais para ser feito durante seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV, que ocorrerá nesta sexta-feira às 20h25m. Diz que será um “petezaço” e que está “feliz” com a projeção que o protesto dará à sua fala.
A tática de Cunha lembra muito a de Paulo Maluf, quem ironizava as críticas e debochava a cada surgimento de evidências de corrupção contra si. Nunca se rendeu e, até que fosse parar atrás das grades, com o enfrentamento dos acusadores atraiu uma legião de apoiadores, dos quais uma parcela pequena, porém significativa, até hoje o apoia.
O Brasil é um país machista e grande parte deste povo gosta de políticos “machões”, ou seja, fanfarrões, que enfrentam seus detratores com deboches e ameaças. E claro que, como bom país machista, o mesmo comportamento não é aceito para mulheres que entrem na política. Marta Suplicy enfrentava seus adversários e críticos e, por isso, ganhou a pecha de “histérica”.
Nada a favor de Marta, cujo comportamento oportunista vem decepcionando a muitos. Porém, ela é um dos melhores exemplos de como mulher forte, no Brasil, invariavelmente acaba rotulada de forma pejorativa. Dilma Rousseff é outro bom exemplo disso.
Voltando a Cunha, ele adotou a tática camicase contra o aumento de seus problemas. O noticiário dos últimos dias revela que adotou a chantagem e a ameaça como estratégias de defesa. Acumulam-se as denúncias de ameaças que tem feito não só ao governo Dilma – que o presidente da Câmara promete “explodir” –, ao procurador-geral da República, mas, também, aos delatores da Operação Lava Jato, que relatam ameaças que o terceiro na linha de sucessão da Presidência tem feito até às famílias desses delatores.
Como se não bastassem todos os problemas políticos e econômicos que o país enfrenta, ainda tem um gangster presidindo uma das Casas do Congresso.
Apesar da fanfarronice de Cunha, é arrasador o fato de o delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo acusá-lo de ter pedido 5 milhões de dólares em propina para que um contrato de navios-sondas da Petrobras fosse viabilizado. O presidente da Câmara pode ameaçar quem quiser que a investigação dessa denúncia não tem mais volta.
Estúpido, como todo fanfarrão truculento, Cunha ignora que mesmo que funcionasse sua ameaça à presidente da República para que não reconduza o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo, em setembro, o novo procurador-geral teria imensas dificuldades para bloquear a investigação.
Se Cunha fosse inocente, confiaria em que a denúncia de Júlio Camargo não daria em nada, pois o lobista não teria provas a apresentar. Desse modo, o presidente da Câmara não teria com o que se preocupar. Sua virulência, suas ameaças, suas chantagens, tudo corrobora a teoria de que deve, e muito. Assim, acredita que só interrompendo as investigações as provas não seriam apresentadas. E, para interromper as investigações, aposta em mudança de procurador-geral da República.
Apesar de ser uma aposta furada, pois o processo já ganhou vida própria e outro procurador-geral não poderia abafar tudo sem se complicar, apostar que a presidente Dilma abandonaria a prática de todos os governos petistas de nomear para a PGR sempre o primeiro nome da lista tríplice do MP, é ilusão. Dilma tampouco teria condições, neste momento, de não nomear quem o Ministério Público indicasse.
Conhecendo o Ministério Público, é improvável que, estando o atual PGR sob bombardeio dos presidentes da Câmara e do Senado, o indicado pela instituição venha a ser outro que não Rodrigo Janot.
Cunha vai se tornando extremamente pesado. Suas constantes ameaças a Deus e todo mundo vão minando a unanimidade fatídica que o levou ao comando da Câmara. E o cada vez mais provável naufrágio político que se avizinha fará com que os ratos, como de costume, abandonem o navio.
No caso, o navio é o PMDB. Ter Cunha em suas hostes está minando as possibilidades políticas que o partido vinha vislumbrando para 2018 e que parcela significativa dos peemedebistas avistava para os próximos meses, com a possibilidade de impeachment de Dilma e ascensão de Michel Temer ou até do próprio Cunha, caso a chapa que venceu a eleição presidencial fosse impugnada.
Como se não bastasse, a linha sucessória da Presidência da República vai se transformando em um pesadelo para o PMDB. Façamos um exercício de pura especulação.
Dilma cai juntamente com o peemedebista Michel Temer, via reprovação das contas de campanha da chapa que venceu a eleição do ano passado. O presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha, terceiro na linha sucessória, não assume por conta de seus problemas com a lei. O peemedebista Renan Calheiros, presidente do Senado, quarto na linha sucessória, não assume pelo mesmo motivo.
Desse jeito, a Presidência acabaria nas mãos do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que convocaria novas eleições.
Após ter três nomes da linha sucessória inviabilizados, o que restaria do PMDB? O PSDB seria o grande premiado com tudo isso. Ficaria assistindo de camarote PT e PMDB se autodestruírem e apareceria como o grande salvador da pátria.
Então, vamos combinar: ao PMDB só resta ter muito juízo e não entrar na tática camicase de Eduardo Cunha e na do impeachment de Dilma. O partido tem muito a perder com uma ruptura institucional. Quase tanto quanto o PT.
O PMDB é um partido que está sempre no poder desde a redemocratização do país. Além disso, é o partido com maior número de prefeitos e com grandes bancadas no Congresso. Tudo que conseguiu, após a redemocratização, deve-se ao seu proverbial pragmatismo. É difícil acreditar que vá se suicidar só para ajudar Eduardo Cunha.
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http://www.blogdacidadania.com.br/…/quem-tem-cunha-tem-med…/


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Com delação e “barulhaço”, Cunha está mais perto de cair que Dilma.

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A iniciativa tomada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na última sexta-feira, de despachar 11 “atualizações” de pedidos de impeachment apresentados à Secretaria Geral da Mesa Diretora daquela Casa contra a presidente Dilma Rousseff, revela mais o desespero de quem o fez do que a concretização da ameaça de “explodir” o governo dela.
A situação de Cunha se deteriora a cada minuto após a divulgação de que o lobista Júlio Camargo confirmou a acusação do doleiro Alberto Yousseff de que o presidente da Câmara pediu e recebeu propinas de, pelo menos, 5 milhões de dólares. A isso, somaram-se denúncias de Yousseff e Camargo de que Cunha lhes fez ameaças envolvendo, até, suas famílias.
A declaração de guerra de Cunha contra o governo, na forma de anúncio de “rompimento”, gerou um resultado que por certo foi além das piores previsões do presidente da Câmara. A posição dele não teve o respaldo do PMDB, seu partido, nem de siglas da oposição.
Surpreendentemente, oposicionistas como o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE), que disse ser “muito grave” o anúncio de “rompimento” feito por Cunha, juntaram-se a consenso no PMDB de deixá-lo “isolado” para não prejudicar a relação do partido com o governo.
Como se não bastasse, a semana terminou ainda pior com o expressivo “barulhaço” que se espalhou pelo país na hora em que Cunha fazia pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, enquanto a hashtag #CunhaNaCadeia se tornava a mais citada em todo o mundo nas redes sociais.
Diante de tudo isso, começam a surgir especulações sobre como e quando se dará o afastamento do presidente da Câmara.
A medida está sendo vista como provável para a Justiça evitar que o parlamentar continue a usar o poder e a influência do cargo para atrapalhar investigações e intimidar testemunhas, conforme está sendo noticiado que ele vem fazendo.
Nesse aspecto, surgem especulações sobre se o afastamento poderia ser determinado pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Especialistas em Direito Penal e Constitucional se dividem sobre a viabilidade jurídica do pedido.
Para Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo, o STF pode determinar o afastamento de Cunha com base no artigo 319 do CPP (Código de Processo Penal), que prevê “suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais”.
Para o constitucionalista Gustavo Binenbojn, professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), porém, o afastamento do presidente da Câmara seria uma questão “interna corporis” do Legislativo e, se o STF interviesse nela, isso seria interpretado como interferência indevida de um Poder no outro.
Outro especialista que aceita a tese de Cunha ser afastado da Presidência da Câmara pelo STF é Renato Mello Silveira, professor de direito processual penal da USP, ainda que considere que o acusado não perderia o mandato de deputado enquanto não fosse condenado.
Como se vê, apesar de Cunha estar tentando instalar processo de impeachment contra Dilma na vã esperança de que ela se deixe intimidar e não reconduza Rodrigo Janot à Procuradoria Geral da República em setembro, achando que, assim, seus problemas sumirão, é ele quem está mais perto de cair, pois contra Dilma não há sequer uma investigação.
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