quarta-feira, 5 de agosto de 2015

José Dirceu é a cereja do bolo da direita e a pantomima em forma de horror.




Por Davis Sena Filho — Palavra Livre

A segunda prisão do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mais do que o encarceramento do empreiteiro Marcelo Odebrecht, significa a cereja no bolo da operação Lava Jato, coordenada pelo juiz de primeira instância, Sérgio Moro, o paladino do Paraná, que, juntamente com os delegados aecistas da Polícia Federal, no mesmo Estado, tem pautado a política do Brasil e causado prejuízos enormes às suas grandes empresas públicas e privadas.

A prisão de José Dirceu é apenas mais um capítulo elaborado de uma novela perversa, que sangra e enfraquece o Brasil, a ter como roteiro o embate político que rasga as regras do jogo democrático, e, consequentemente, atende aos interesses dos políticos udenistas do PSDB, partido que se tornou criminosamente golpista e que desde o dia seguinte à vitória eleitoral da presidenta Dilma Rousseff, em outubro de 2014, tem, sistematicamente, apostado no impeachment, porque por intermédio do voto direto não conquista a Presidência da República.

Nunca, em nenhum momento da história deste País, a não ser o interregno com a eleição de Jânio Quadros, a direita chegou ao poder pelo voto livre e universal, implementado a partir de 1945 quando o marechal Eurico Gaspar Dutra conquistou a Presidência pelo PSD. Contudo, apesar de ser um político conservador, Jânio era independente e não seguia as orientações e os desejos políticos da UDN, com a qual logo rompeu e, inclusive, estabeleceu uma diplomacia heterodoxa, ao ponto de conversar e negociar com Cuba de Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, em plena guerra fria, o que causou furor e dissabor aos corvos lacerdistas.

José Dirceu cansou de comprovar, por meio de seus advogados, que sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, prestou serviços de assessoria e consulta de forma legal, com apresentação de recibos e declarações de impostos, além de ter aberta suas contas por força de determinação da Justiça, que nada de ilegal encontrou. Dirceu, na verdade, estava preso e novamente foi preso para o deleite do juiz Moro e dos delegados que fazem de suas funções trampolins para realizarem um show vampiresco com o sangue e a moral dos acusados, que servem de plataforma política para os tucanos do PSDB e Cia.

Os presos, encarcerados por causa de informações de delatores, corruptos e bandidos, muitos deles reincidentes e velhos conhecidos de guerra dos tucanos, a exemplo do doleiro Alberto Youssef, estão a servir para certos procuradores e juízes como atrações principais do circo que se transformou a Lava Jato, controlada por servidores da Justiça de escalões baixos, sem quaisquer noções de bastidores do poder, mas portadores de imensa vaidade e de uma ignorância que os leva a pensar que são os "Intocáveis" do filme de Hollywood, como ficou retratado o showzinho que deram os promotores liderados pelo procurador Deltan Dallagnol em recente entrevista, com direito à transmissão direta da Globo News, como se estivessem imbuídos em uma cruzada santa contra a corrupção dos tempos dos cavaleiros cruzados da Idade Média.

A verdade é que, com a explosão de uma bomba no Instituto Lula e a aposta intermitente da direita brasileira em prol de um impeachment contra a presidenta Dilma, o Brasil está a transitar por veredas tortuosas e labirintos que podem não ter uma saída para esta crise política, que já está a ultrapassar os limites da responsabilidade institucional e constitucional, o que poderá levar o Brasil a ter confrontos violentos, com muitas mortes, a exemplo do que aconteceu inúmeras vezes na Venezuela.

A verdade é que a prisão de José Dirceu serve de pedestal para que a imprensa de negócios privados e comandada por uma família que tem um monte de esqueletos em seus armários, que joga pedras nos telhados das casas de seus adversários políticos, sendo que o seu telhado é de vidro. A prisão de Dirceu é útil para os propósitos de uma direita racista, elitista, sectária e que tem por propósito tomar a cadeira da Presidência da República independente de quaisquer escrúpulos.

As famílias midiáticas, que se aproveitam de concessões públicas para tocar o terror e depois bater bumbos em suas salas e quintais, a comemorar as patifarias perpetradas por elas, desejariam, como dráculas à espera de presas, que José Dirceu fosse filmado e fotografado algemado. Quiçá pendurado em um poste por não se dobrar a sanha dos miseráveis que se locupletam com a desgraça alheia e se mobilizam para a passeata golpista do dia 16 de agosto.

O juiz de primeira instância e policiais federais aecistas absurdamente desestabelizam o País, a sexta maior economia do mundo, com a permissão de juízes do STF e a cumplicidade do CNJ e da OAB, sendo que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não defende os interesses do Governo Dilma, o que é por si só uma galhofa e irresponsabilidade, pois ministros da Justiça o são a materialização da interface entre o poder político e corporativo com a sociedade e com instituições importantíssimas, como o é o Congresso Nacional. E nada disso acontece. E Dilma, imprudente, mantém tal ministro em uma posição que é importante demais para a estabilidade institucional do Governo Trabalhista.

Ora bolas! Os governantes e governos que mais investiram e deram liberdade à Polícia Federal e ao Ministério Público são os que estão a ser chamados de corruptos por uma imprensa comprovadamente corrupta e historicamente golpista. Trata-se de uma realidade surreal e ridícula, porque foram exatamente os governos de Lula e de Dilma que mais demitiram e prenderam servidores e empresários ladrões na história do Brasil, conforme as próprias estatísticas da Polícia Federal — do Ministério da Justiça. É só ir ao site da instituição e verificar.

Contudo, todo mundo sabe que José Dirceu não pode respirar, porque o quarteto (Imprensa, PSDB, Justiça e Ministério Público), que combate o PT, o Lula, a Dilma e o Governo Trabalhista não vai permitir que um dos políticos de esquerda dos mais emblemáticos e combativos da história do Brasil se recupere e volte, um dia, a fazer política, até por causa de sua idade. A covardia contra Dirceu é gigantesca, inominável, e se tornou o maior linchamento político e moral que este País já viu e vivenciou.

José Dirceu não pode respirar, não pode trabalhar, não pode aparecer e não pode nem sonhar em sair da cadeia. Não tem direitos. Enquanto isto, todos os megaescândalos do PSDB não levaram seus autores tucanos a julgamentos quanto mais à cadeia. Repito: todos! É porque procuradores, como o Dallagnol, juízes, como o Moro, e delegados aecistas, como os delegados aecistas, neste momento ficam iguaizinhos aos três famosos macaquinhos, ou seja, cegos, mudos e surdos.

A prisão de José Dirceu, que estava preso, tem por finalidade espezinhá-lo, humilhá-lo e fazer com que os coxinhas de classe média, paneleiros ferozes e rancorosos, saiam às ruas e demonstrem toda a ignorância política e de civilidade que eles esconderam, por sentirem vergonha de seus maus sentimentos durante uma vida inteira. Agora eles podem ir às ruas e quebrar tudo, podem bater em quem usar uma camisa vermelha, podem xingar autoridades e pessoas comuns em restaurantes, podem dizer as maiores atrocidades na internet e podem, sobretudo, jogar bombas em entidades como o Instituto Lula.


Aliás, políticos tucanos e tucanos coxinhas, juízes tucanos e tucanos promotores, imprensa tucana e tucanos policiais podem tudo no Brasil. Eles são simplesmente inimputáveis. E quem não vota ou não acredita nesses pássaros de bico longo e voo curto, com ares de golpistas são considerados idiotas por eles — cidadãos de segunda classe. Mas, tem um problema aí: quem venceu as últimas eleições foi o PT e que eu saiba seus eleitores não são idiotas. Pelo contrário, compreendem que a direita brasileira, herdeira da escravidão, sectária e racista por amostras de DNA não deu nada ao povo. Ao contrário, sempre tirou. A prisão de José Dirceu é uma pantomima vergonhosa. Um show de podridão, além de um atentado ao Estado de Direito. É isso aí.

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