domingo, 30 de agosto de 2015

Lula: Tucanos terão que aprender a voar antes de fazer golpe - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite desta sexta-feira (28), em Belo Horizonte (MG), do ato unificado que marcou a abertura do 44º Congresso da União Estadual dos Estudantes (UEE) e do 12° Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A atividade reuniu milhares de trabalhadores e estudantes.

Lula contra o golpe

O ato reafirmou a defesa da democracia, da Petrobras e do aprofundamento das mudanças em Minas Gerais. Em sua fala, Lula afirmou que todos têm o direito de criticar o governo. "A gente pode discordar desse governo. Mas ele é nosso governo. E mexeu com ela, mexeu com a gente".

Recebido pelo público com gritos de ‘Lula, guerreiro do povo brasileiro’, o ex-presidente fez menção ao pequeno grupo de manifestantes que protestava na porta do evento. "Nós protestávamos para conquistar e eles protestam contra as nossas conquistas. São os privilegiados desse país que não aceitam a ascensão social dos pobres nesse país".

Lula afirmou ainda que se oposição quiser chegar ao Palácio do Planalto, terá de esperar 2018 para disputar e ganhar as eleições. Segundo ele, o cargo não será conquistado “com um golpe para tirar a presidenta Dilma”. 

Sobre as eleições de 2018, Lula enfatizou que enquanto tiver saúde, vai fazer política e completou: "Eu jamais vou dizer que eu sou candidato, mas também não vou dizer que não sou. Enquanto eu estiver vivo, os tucanos vão ter que aprender a voar primeiro antes de fazer golpe”.

Boom da Educação na Era Lula-Dilma.


Estudantes e representantes das frentes sindicais da Educação estavam em peso na plateia da abertura do 44º Congresso da União dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), realizada junto com o 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG). Em sua fala o ex-presidente Lula fez questão de ressaltar o quanto nos últimos 12 anos a Educação ganhou atenção nunca antes da dada nos governos anteriores no Brasil. Comparando, disse que ao contrário de muitos outros países latinamericanos, as primeiras universidades do Brasil surgiram há pouco mais de cem anos, por vontade da elite política brasileira que nunca quis facilitar o acesso do povo acesso ao ensino superior. “Eles nunca levaram em conta que o pobre tivesse de estudar. Precisou entrar um cidadão que não tem diploma universitário para passar para a história como o presidente da república que mais fez universidades na história desse país. Em apenas 12 anos, eu e a Dilma fizemos 18 universidades federais novas e 173 extensões universitárias”, disse o ex-presidente, lembrando ainda que até 2003 existiam apenas 140 escolas técnicas no Brasil e hoje são 455 unidades, mais que o triplo.

O atual presidente da UEE, Paulo Sérgio de Oliveira, ao falar exaltou o investimento na Educação como uma das principais realizações dos governos Lula e Dilma. “No momento duro da conjuntura política nacional, temos de escolher de que lado vamos ficar. E muitos de nós escolhemos ficar do lado do Brasil mais justo que se tornou a 6ª economia mundial, com milhares de jovens tendo acesso à universidade. Eu mesmo sou um jovem do interior de Minas que foi o primeiro da minha família a entrar na universidade, e ainda como cotista”, disse Paulo, emocionando o ex-presidente.

O 44º Congresso da UEE-MG é realizado até o 30/08 (domingo), na cidade de Ouro Preto, com atividades nas dependências da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Campus Ouro Preto. Com o tema “Em defesa da democracia e do aprofundamento das mudanças em Minas”, o congresso elegerá a nova diretoria da entidade para os próximos anos. 

De Belo Horizonte, Mariana Viel e George Cardoso.
Com informações do Instituto Lula.
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A direita se divide, mas o estado de golpe continua.


Os golpistas sossegaram a sanha anti-Dilma? É possível. Manifestações recentes de expoentes do grande capital (industrial e financeiro) podem indicar uma disposição nesse sentido. Mesmo jornalões conservadores, como Folha de S. PauloO Globo e o norte americano The New York Times mostraram em editoriais esse provável aquietamento e condenaram o golpismo contra a presidenta da República.

É possível que a prudência tenha aconselhado estes expoentes da elite neste quadro de crise que não é brasileira, mas mundial e se agrava afetando o capitalismo em seus centros nevrálgicos como a Europa e os Estados Unidos e repercutindo em países como a China, como se viu recentemente. 

Em entrevista à Folha de S. Paulo o presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal defendeu a legalidade no momento em que a fúria pró-impeachment dos setores mais radicais do PSDB e da oposição neoliberal tentava ganhar as ruas, como ocorreu com a manifestação da direita no último dia 16.

Disposição semelhante foi manifestada por banqueiros, industriais e associações dirigentes da grande burguesia, entre eles, os presidentes do Bradesco e da Cosan (Luiz Trabucco e Rubens Omettto Filho). Ou o ex-ministro Maílson da Nóbrega, um analista cujas opiniões têm muita repercussão entre a direita. Além de entidades empresariais como a Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Confederação Nacional do Transporte (CNT), entre outras.

A luta política se aprofunda e estas manifestações do alto comando da burguesia podem indicar convicções que extrapolam um superficial entendimento de sua conversão à legalidade e à democracia.

Esta eventual conversão “democrática” ocorre no momento em que, como registrou Renato Rabelo, ex-presidente do Partido Comunista do Brasil, o movimento social “acendeu o pavio”. Esse lume pode ser visto nas ruas das grandes cidades na manifestação democrática e legalista do dia 20 de agosto. E terá novo capítulo no dia 5 de setembro, em Belo Horizonte (MG), no evento que lançará a Frente Brasil Popular.

A prudência política aconselhou a burguesia contra aventuras políticas de resultados imprevisíveis e talvez incontroláveis. Seus dirigentes parecem mostrar que não têm garantias sobre o desdobramento da crise, que pode ser desfavorável a seus interesses. Uma saída aventureira da crise política pode criar uma situação instável, de insegurança jurídica para os interesses de fatia importante do grande capital. 

Mas as aventuras políticas não estão afastadas de todo. Entre os tucanos parecem postas duas opções: Aécio Neves e o golpismo anti-Dilma, e Geraldo Alckmin e a busca da saída eleitoral marcada para 2018. 

No quadro de instabilidade provocada pela direita estas posições podem ser intercambiáveis. O fundamental, para a direita, é a reconquista do controle da presidência da República, perdido desde 2012. 

A opção golpista, é preciso ressaltar com clareza, não está afastada, como se pode ver no assanhamento provocado pela decisão do ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do STF, de mandar investigar supostas irregularidades cometidas pela chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014. O resultado poderia ser a improvável impugnação daquela chapa colocando um ponto final no governo Dilma Roussef, e a convocação de novas eleições presidenciais antes do prazo legal de 2018. 

A grande dificuldade enfrentada pela direita neoliberal na atual conjuntura é sua desunião. Ao contrário do que ocorreu em 1964 quando todos os conservadores se uniram na conspiração que encerrou a legalidade e deu início à ditadura militar.

Cinquenta anos passados, na atual conjuntura, aquela unidade dos poderosos e privilegiados parece um sonho distante para a direita, havendo um desentendimento que parece insuperável entre os partidos da direita (e dentro deles), suas organizações golpistas, e mesmo entre suas direções de classe. Recentemente não conseguiram sequer confirmar uma reunião para unificar seus discursos e ações!

Ao contrário da direita, os movimentos sociais e partidos democratas ligados ao povo buscam a unidade de objetivos e ação. Essa busca pôde ser vista na manifestação do dia 20 de agosto, que levou centenas de milhares de pessoas às ruas em torno de bandeiras e objetivos comuns.

A luta pela democracia continua vital, escreveu Renato Rabelo. Ele tem razão. A unidade das forças progressistas e democráticas é essencial neste quadro em que a oposição de direita não dá trégua. A estratégia de derrubar a presidenta Dilma “continua em ação” pois a “trama golpista já foi longe”, escreveu o líder comunista; há “minas plantadas” que podem explodir a qualquer momento. É neste momento que “o movimento popular acende o seu pavio” e os atos foram “o começo de um despertar do movimento popular”, que vai formar uma Frente Brasil Popular que unirá amplos setores da esquerda, os comunistas e os movimentos sociais.

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