quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Campanha da oposição dissemina o ódio e afronta a democracia - A direita brasileira volta a mostrar a sua cara. Velha conhecida do povo brasileiro e rejeitada nas urnas na última década, a direita ascende montada no discurso de ódio e intolerância.

 


Por Dayane Santos.



Há alguns anos, colunistas e jornais da grande mídia reclamavam que a direita não assumia seu posto oficialmente. A choradeira era porque, diante da rejeição nas urnas, ninguém queria dizer que era de “direita”, o que deixava parte da elite conservadora a vagar como uma mula sem cabeça.

Em 2011, por exemplo, o jornal Estado de S. Paulo escalou uma pesquisadora norte-americana do Centro de Estudos David Rockefeller da Universidade de Harvard, Frances Hagopian, para tentar convencer o PSDB a sair definitivamente do muro e assumir o posto de paladinos da direita. Sob o título “PSDB precisa assumir-se como partido de centro-direita”, a professora dizia: “Acredito que eles [os tucanos] podem se destacar nesse espaço de centro-direita, se tiverem coragem para fazer isso”. A professora norte-americana afirmava que os tucanos deveriam “mostrar o que fizeram” durante a gestão do FHC (1995-2002) e “ser fiéis a si mesmos”.

A realidade não permitia que o PSDB seguisse tal conselho. Donos de uma política neoliberal, sua gestão só trouxe desemprego, arrocho salarial, quebradeira da indústria, privatização que infelicitou e causou danos ao povo brasileiro. Até mesmo durante a campanha eleitoral, os tucanos escondiam FHC debaixo da mesa para não queimar o filme já desgastado.

Eleição de Lula.

As profundas transformações promovidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que tomou posse, em 2003, intimidaram a direita conservadora, representante da elite que se incomodava com a ascensão da população mais pobre, que agora tinha mais renda, mais direitos e dividia alguns espaços na Casa Grande.

A vitória nas urnas pela quarta vez consecutiva do campo progressista não foi digerida pela oposição. “No fundo, 2014 é um ano que não acabou para a oposição, nos fizeram entrar no pós-eleição no terceiro turno continuado”, disse o ministro da Casa Civil, Aloisio Mercadante. "Eu participei da coordenação das últimas sete eleições presidenciais, perdi três. A oposição perdeu quatro sucessivas, 12 anos de derrota. Não foi fácil para gente e não é fácil para eles. Temos uma responsabilidade imensa de preservar os valores democráticos, as instituições. Significa reconhecer a vontade da maioria. Acabou a eleição, acabou", completou o ministro, evidenciando o grau de polarização política que contaminou as instituições.

Derrotados, os tucanos buscam o caminho mais reacionário e tentam se aproveitar da crise econômica. Na política, defendem e votam em pautas como a terceirização de atividades-fim, o financiamento empresarial das campanhas eleitorais, redução da maioridade penal, legislação repressora para a comunidade LGBT, entrega da exploração do pré-sal aos cartéis internacionais.

Discurso da intolerância.

No discurso, o partido arregimenta em torno da campanha do ódio com o objetivo de retirar de qualquer maneira o seu desafeto político do poder porque obteve 54 milhões de votos nas urnas. Gritam contra a corrupção, mas erguem a bandeira da intolerância.

Matéria publicada pelo El País, nesta segunda-feira (7), descreve Vitor Otoni, presidente da juventude do PSDB do Espírito Santo, que divulga mensagem nas redes sociais vestindo trajes militares, boné e óculos escuros, apontando uma arma para o além, afirma: “Podem vir Evo Morales, (Nicolás) Maduro, MST, e os esquerdopatas do cão, estamos prontos para a guerra”.

O comportamento de Otoni não é uma atitude isolada dentro do PSDB. Há poucos dias circulou mensagem do advogado Matheus Sathler Garcia, filiado ao PSDB e foi candidato a deputado federal pelo Distrito Federal, em que dizia que “arrancaria a cabeça” da presidenta Dilma. “Assuma seu papel, tenha humildade para sair do nosso país, porque, caso contrário, o sangue vai rolar, e não de inocentes. […] Com a foice e com o martelo, vamos arrancar sua cabeça e pregar, e fazer um memorial para você”, disse.

A produção de um boneco inflável do ex-presidente Lula em trajes de presidiário perambulando pela cidade é outro exemplo dessa campanha de ódio. Danem-se os fatos, pois sem nenhuma investigação ou fato que possam incriminar Lula, a direita destila seu ódio contra aquele que foi o presidente mais bem avaliado da história do Brasil.

Povo é a principal vítima.

Mas engana-se quem acredita que essa campanha de intolerância da oposição, apoiada pela imprensa, se limite aos partidos. Ela afeta a toda a sociedade.

A dubladora Mariana Zink foi alvo dessa intolerância criminosa. Após sair de um jogo no complexo de futebol society Playball Ceasa, em São Paulo, no último dia 3, a jovem foi abordada por dois homens que, aparentemente, se incomodaram com o fato de ela não ter respondido às suas abordagens e de estar vestindo um moletom com estampa de estrelas.

“Sofri provavelmente a maior opressão e humilhação pública que eu possa me lembrar. Tudo porque cometi o terrível e grande crime de usar esse moletom ‘comunista’ da Adidas”, relatou a jovem em matéria publicada no site Dibradoras.

Segundo ela, um dos homens perguntou: “Me diz uma coisa, esse seu moletom aí é de estrela por quê?”. Ela seguiu em silêncio e o homem insistiu: “Não vai me dizer que é do PT? Era só o que faltava! Alguém usar as estrelas do PT, eu odeio o PT. Você é muito bonita pra usar essas estrelas”.

A jovem respondeu: “Não, não é do PT. Mas e se fosse?”. Foi o que bastou para, como ela mesma descreveu, “soltar o monstro da jaula” e partir para cima de Mariana. “Sua filha da puta comunista, o Brasil tá nessa merda de crise por causa de pessoas como você, sua comunista filha da puta. Vai para a puta que pariu, sua vaca...”, esbravejou o mostro.

“Ele surtou. O bar estava cheio de outros amigos dele, que começaram a rir e a gritar junto e eu fiquei com medo. Então sai porque estava sozinha, porque tenho 1,58 de altura, porque sou mulher. É muito fácil ser o machão de 50 anos rico, vir brigar com a menina de 27 anos, que desde o começo estava com a cabeça abaixada. Ninguém fez nada”, afirmou Mariana.

E conclui: “Não foi engraçado, não foi uma brincadeira. Aquele ódio era tão verdadeiro. E é tão comum. Cheguei em casa chorando, me sentindo impotente. Esse ódio disfarçado de justiça hoje chegou diretamente até mim. Sigo me perguntando de que lado estão os ‘homens de bem’ e de quais lados estamos falando”.
 

Do Portal Vermelho.

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Parlamentares defendem mais e maiores impostos aos bancos.


A aprovação da Medida Provisória (MP) 675/15, que eleva a alíquota da Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras de 15% para 20%, na semana passada, na Câmara dos Deputados, ainda representa muito pouco de contribuição que o setor – que tem alta rentabilidade e está fora da atividade produtiva – pode dar para a sociedade brasileira.


Os lucros dos bancos, denunciados por parlamentares de esquerda e os movimentos socias, são defendidos pela bancada financiada pelo setor
Os lucros dos bancos, denunciados por parlamentares de esquerda e os movimentos socias, são defendidos pela bancada financiada pelo setor.

A avaliação é dos parlamentares que defenderam a aprovação da MP e criticaram a defesa que a oposição fez dos bancos. Como um dos maiores doadores de campanhas eleitorais, os bancos conseguem, através de seus representantes no Parlamento, evitar que outros impostos sejam votados.

É o caso das propostas de taxação das transferências de recursos para o exterior e de grandes fortunas. Os assuntos são tema de projetos de lei que tramitam na Casa, mas que não estão na ordem do dia. Os projetos estão parados por resistência dos banqueiros, grandes financiadores de campanha eleitoral, que fazem com que os deputados que os representam evitem a votação das matérias.

Durante a discussão da Medida Provisória que elevou a CSLL de instituições financeiras (bancos, seguradoras e administradoras de cartão de crédito), a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ) destacou que “esta talvez tenha sido a votação mais explícita dos campos políticos que se colocam neste momento da sociedade brasileira.”

Ela enfatizou que “esta medida provisória, diante da situação econômica brasileira, estabelece o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos bancos – repito: dos bancos, que tiveram um lucro absurdo só no primeiro semestre deste ano. Ou seja, neste momento, estamos jogando o ajuste para o andar de cima, para os que mais ganham, para os que mais lucram e que não têm nenhum compromisso com a sociedade brasileira”.

Aumento maior.


Para o deputado Afonso Motta (PDT-RS), o aumento deveria ser ainda maior. O PDT apresentou uma proposta para que o aumento fosse de 35%, mas a proposta foi rejeitada. Para o deputado, os bancos são um setor que desfruta de grandes margens de remuneração e que poderiam contribuir mais para a economia do país.

Para o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), o aumento determinado na MP é “módico”. “Temos um sistema financeiro perverso e oligopolista, e nós não estamos deste lado. Queremos trazer esse debate sobre o aumento dos impostos de bancos e vamos reapresentar esses destaques tantas vezes quanto for possível”, anunciou na ocasião.

Debate interditado.

Os deputados da oposição que votaram contra o aumento de tributo foram duramente criticados pelos deputados favoráveis à medida. Eles foram acusados de tentar “mascarar” o debate de defesa dos bancos, alegando que o aumento dos impostos será repassado ao cidadão que usa os serviços bancários.

O deputado Artur Maia (Solidariedade-BA), um dos mais exaltados na defesa dos bancos, foi lembrado em outro episódio em defesa do grupo dominante. Maia pediu para ser cancelado o debate proposto pelo deputado Daniel Almeida (PCdo-BA) para tratar da manutenção dos empregos e do mercado no caso da compra do HSBC pelo Bradesco.

“O HSBC foi comprado pelo Bradesco por 17 bilhões e não se sabe qual o futuro com relação aos trabalhadores e agências e eu propus uma audiência pública para tratar da manutenção dos empregos e do mercado. A audiência foi marcada e, na véspera, houve uma ação do Bradesco junto a deputados e eu posso citar o líder do Solidariedade Artur Maia, que impediu a realização da audiência”, conta Daniel Almeida.

O deputado comunista destaca que a bancada que representa os banqueiros impede até que esse tipo de debate seja feito aqui de forma democrática, quanto mais a apreciação de projetos que criam ou aumentam taxação dos bancos.

Capital especulativo.

O deputado Aliel Machado (PCdoB-PR), que também participou do debate, defendeu a proposta do PDT, destacando que “ os bancos vivem do capital especulativo; que, no momento de crise, exploram a população brasileira; que anunciaram, nos últimos meses, os maiores lucros da história; que vivem da miséria do nosso povo”.

“Chegou o momento de os mais ricos contribuírem para combater a crise. Chegou o momento de aqueles que detêm as riquezas contribuírem para ajudar o povo, que mais precisa. Esse dinheiro não é para o nosso bolso. Esse dinheiro é para bancar a saúde que os senhores reclamam. Esse dinheiro é para bancar a educação que os senhores pedem”, discursou.

Também o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) enfatizou, em sua defesa da taxação das instituições financeiras, o lucro dos bancos: “O dobro do que os bancos norte-americanos, modelo para tantos de civilização, obtiveram ano passado”. “A proposta do Partido Democrático Trabalhista é correta: vai no sentido da progressividade tributária, da isonomia, da justiça social, de algo que precisamos enfrentar, que é exatamente a taxação do patrimônio desses agentes financeiros”, afirmou Alencar.


De Brasília.
Márcia Xavier.

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