sábado, 19 de março de 2016

Lula toma posse na Paulista.


Por Altamiro Borges

A direita nativa, rancorosa e covarde, ainda faz de tudo para impedir a posse de Lula como ministro da Casa Civil de Dilma. Mas as milhares de pessoas que tomaram a Avenida Paulista nesta histórica sexta-feira (18) já empossaram o carismático líder popular. No caminhão de som, o ex-presidente se emocionou com a multidão de vermelho. "O que vocês estão fazendo aqui espero que seja uma lição para aqueles que falam em democracia, mas não acreditam na democracia", afirmou.
A gigantesca manifestação emocionou os participantes. Demonstrou a capacidade de resistência dos movimentos sociais. Muitos choravam e se abraçavam aos gritos de "não vai ter golpe". Percorrendo o longo trajeto, da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio até a Consolação, era bonito ver as caravanas chegando dos bairros da periferia, dos grupos de teatro e música, dos sindicatos, das entidades estudantis. Diferente da marcha golpista de domingo (13), que segundo o próprio Datafolha foi composta majoritariamente de brancos e pessoas de alta renda, o protesto de hoje mostrou a rica diversidade do povo brasileiro.
Em seu discurso, o ex-presidente Lula captou esta realidade. "As pessoas não estão aqui porque teve metrô de graça. As pessoas estão aqui porque sabem o valor da democracia... Queremos um país sem ódio... Eles têm de saber que as pessoas que estão aqui são as pessoas que produzem o pão de cada dia desse país. Tudo o que a gente quer é os mesmos direitos que eles. Se eles podem estudar e comer três vezes ao dia, nós também queremos... O Brasil precisa voltar a crescer e ter convívio civilizado e democrático... Esse país precisa voltar a entender que a democracia é a convivência na diversidade".
Lula também falou sobre sua ida para o Ministério da Casa Civil. "Eu não vou lá para brigar. Eu vou para ajudar Dilma a fazer as coisas que ela tem que fazer no país... Na hora que a companheira Dilma me chamou, relutei muito desde agosto do passado a aceitar. Ao aceitar voltei a ser Lulinha paz e amor. Não vou achando que os que não gostam de nós são menos brasileiros que nós... Aceitei participar do governo porque faltam dois anos e dez meses para fazer esse país voltar a ser feliz".
Em tempo: As manifestações contra o golpe e pela democracia, que ocorreram em todas as capitais e muitas cidades do país, deverão ter forte impacto político nos próximos dias. Basta ter sensibilidade, mesmo ocupando um posto de destaque nas redações da mídia hegemônica, para entender o que elas sinalizaram. O jornalista Jorge Bastos Moreno, da Globo, parece que percebeu o seu significado. Em seu twitter, ele postou:
É muito significativa a reação petista. Mostra que o país, no mínimo, está dividido... É surpreendente o número de manifestante a favor do governo que está nas ruas... Não será fácil para a oposição. É diferente de Collor, isolado... As manifestações de hoje representam um componente fortíssimo na gangorra política... É uma ducha de água fria na oposição: o povo tá dividido... Os fatos de hoje dão um baita fôlego ao governo para resistir à oposição... As manifestações de hoje, com o governo ocupando os mesmos lugares da oposição, provam que a praça é do povo, independente das cores.

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