domingo, 10 de julho de 2016

Dilma: Governo Temer é contra todos que não rezam pela cartilha BBB.

 


Ela mencionou o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que demonstrou, segundo Dilma, mais uma vez, que o impeachment foi um ato de vingança. “A cada dia que passa fica mais claro que o impeachment não tem base jurídica. O próprio senhor Eduardo Cunha, que agora chora lágrimas de crocodilo, confessa abertamente, ao sair, que o grande mérito, foi abrir o processo de impeachment, que cometeu um ato de vingança contra quem não aceitou chantagem política que um governo decente não pode aceitar”, atacou.

A presidenta afastada prometeu que não vai desistir de lutar pelo mandato. “Eles esperavam de mim incomodá-los menos. Esperavam que eu renunciasse. Esquecem que as mulheres não abandonam a luta. Acreditam que somos fracas, no sentido de frágeis. Somos sensíveis, mas não somos fracas”, afirmou.

Ela atacou a onda conservadora que se dissemina pelo país. “Tem os ultraconservadores que defendem o estupro. Eles querem que nós sejamos belas, recatadas e do lar. Eu sou a primeira mulher presidenta. Isso tem significado, num país que tem valores paternalistas e conservadores”, disse.

Dilma chamou o governo Temer de “golpista, usurpador, integrado por pessoas que têm muito pouca credencial para ocupar com idoneidade no Palácio do Planalto, um governo de homens brancos ricos, que não tem mulheres e negros, um governo que é fruto de um golpe”.

A presidenta não mencionou o nome do presidente interino, Michel Temer, nenhuma vez. Disse que o impeachment, na verdade, “é uma eleição indireta, porque jamais teriam os votos da população”.

Ela lembrou a proposta, considerada uma afronta por sindicatos e centrais, de aumentar a jornada de trabalho, feita hoje pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “Isso é um retrocesso, é voltar aos anos 50 do século passado.”

Andrade justificou sua proposta citando o exemplo da França, sacudida por protestos contra propostas de arrochar os trabalhadores. “Vimos agora o governo francês, sem enviar ao Congresso Nacional, tomar decisões com relação às questões trabalhistas. No Brasil, temos 44 horas de trabalho semanal. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36, passou para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho (na verdade, são 60 horas semanais). A razão disso é muito simples. A França perdeu a competitividade de sua indústria com relação aos demais países da Europa”, justificou o empresário.

Após a repercussão de suas declarações, dadas na presença de Temer, a CNI divulgou nota na qual afirmou que "JAMAIS" (usando letras maiúsculas) defendeu o aumento da jornada de trabalho. "A CNI tem profundo respeito pelos trabalhadores brasileiros e pelos direitos constitucionais, símbolo máximo das conquistas sociais de nossa sociedade", afirmou, ressaltando que a jornada semanal, pela Constituição Federal, é de no máximo 44 horas.

A presidenta afastada chamou o governo Temer de cara de pau, ao propor vender planos de saúde com pouca cobertura para os mais pobres. “Querem acabar com o SUS, que pode ter suas falhas, mas não é para diminuir, e sim para aumentar os gastos com saúde, com educação.”

Dilma disse ainda que o governo provisório está “andando a passos largos” para privatizar a produção de petróleo nacional, “vendendo baratinho nosso patrimônio para o futuro, o petróleo do pré-sal”.

"Fora, Temer"
No folder que circulou pelas redes sociais, tratava-se de um encontro das mulheres com Dilma em defesa da democracia. Mas os homens ajudaram a lotar o interior da Casa de Portugal e uma das pistas da Avenida Liberdade, em frente ao local. Nem o frio espantou as mais de 500 pessoas, segundo a organização, que acompanhavam do lado de fora, por um telão, a fala da presidenta afastada. O telão atraía olhares dos motoristas e até passageiros dos ônibus que circulavam pela outra pista.

Vindo direto do Taboão da Serra, onde participou de ato em defesa do Minha Casa, Minha Vida ao lado do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, Dilma não demonstrava cansaço. Tampouco os trabalhadores que acompanhavam atento suas palavras, soltando vez ou outra um sonoro “Fora, Temer”.

Marcado a princípio para a Praça da Sé, a poucos quarteirões dali, o encontro não teria a garantia da segurança necessária, conforme disseram os organizadores. Por isso, tiveram de abrir mão de um espaço público, símbolo de atos e comícios históricos, como os da campanha Diretas Já, em 1984, por um espaço de eventos como a Casa de Portugal, que mesmo grande, não foi espaçosa o suficiente na tarde de hoje.

A segurança que não teria sido garantida na praça, porém, não faltou nas imediações do evento. Além de viaturas da base comunitária móvel, que serviram para fechar o acesso a uma das pistas da Avenida Liberdade, havia dezenas de viaturas da Força Tática e um grande número de policiais.


 Fonte: Rede Brasil Atual

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