Após a leitura do relatório de Anastasia, os senadores do PCdoB, PT, PDT e da Rede apresentaram dois votos em separado. No voto lido pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) em conjunto com as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Kátia Abreu (PMDB-TO), reafirmou o caráter golpista do processo e defendeu o arquivamento. Segundo a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que fez a leitura do documento, o voto demonstra que não há a menor procedência para a pronuncia da Presidenta da República “porque é inepta a denúncia”. E completa: “Por outro lado, não há como deixar de expressar que o sim, é um sim pela quebra dos direitos, pela fissura da democracia, pela usurpação da soberania popular, pela profanação do Poder, pela sanha ao apoderamento ilegítimo, pelo engodo, pelo golpe! Nosso voto é não! Quantas vezes precisasse seria não!”. O documento sustentou que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e faz um retrospecto das circunstâncias que provocaram o afastamento da presidenta do cargo. No voto, os parlamentares apontaram ainda os fatos e provas que evidenciam que a tese da acusação de crime de responsabilidade não se configura, se tratando apenas de um inconformismo político por parte dos adversários derrotados nas urnas. O voto em separado é apresentado quando não há concordância de algum parlamentar com o relatório oficial. Voto tucano Em suas 441 páginas, Anastasia contestar os argumentos da defesa da presidenta Dilma Rousseff. Para não admitir que o processo de impeachment foi resultado do desvio de poder, o tucano disse que a argumentação é apenas "subjetiva", pois o ato teria sido validado pela vontade dos quase 370 deputados que aprovaram o relatório da Comissão Especial de Impeachment, independentemente da atuação de Cunha. Usando a lógica dos golpistas, eles querem vender a tese de que mesmo que o produto seja resultado de roubo, quem comprou não tem culpa. No entanto, ele faz questão de não mencionar que os compraram o impeachment sabiam do vício no processo. Vale lembrar que até mesmo um dos autores do pedido de impeachment, o jurista Miguel Reale Jr. Admitiu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputado, só aceitou o pedido por vingança. Vale também ressaltar o vínculo político dos denunciantes com o próprio PSDB de relator Anastasia. Isso porque Reale é filiado a legenda e a advogada Janaína Pascoal admitiu em sessão da comissão que recebeu R$ 45 mil para elaborar o pedido. Fatos esses que atentam contra a Constituição e por si sós justificam a completa suspensão do processo. Anastasia também diz em seu voto que é procedente a acusação apresentada contra ela, devendo a presidente ser pronunciada por crime de responsabilidade. “Conforme amplamente demonstrado, não se está a responsabilizar a presidente por meras decisões políticas, mas sim por condutas que violaram o delimitado regime jurídico dos crimes de responsabilidade, num contexto que, inequivocamente, demonstra a participação, por ação ou omissão, da dirigente máxima do governo federal”, disse ele, contrariando a perícia de técnicos do Senado, que apontou que as tais pedaladas fiscais não tiveram a participação da presidenta. Cerceamento Seguindo a prática de cerceamento do direito de defesa, a comissão decidiu não ouvir o procurador da República, Ivan Cláudio Marx, que pediu, em julho, para arquivar procedimento investigatório com a finalidade de apurar eventual crime em decorrência das pedaladas fiscais por não configurar crime. A decisão foi anunciada pelo presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB). O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um dos parlamentares que apresentaram o requerimento, defendeu a suspensão da leitura do relatório de Anastasia (PSDB-MG) pelo fato de as pedaladas constituírem um dos principais argumentos dos defensores do impeachment. Para Lindbergh, o procurador entendeu que não há crime no atraso dos repasses do Plano Safra ao Banco Central e uma auditoria do Senado concluiu que não há prova da participação de Dilma na operacionalização desse programa. “Sem crime e sem prova, não há como o processo ter prosseguimento”, defendeu Lindbergh. E acrescentou: "A presidenta Dilma não cometeu crime. Ela é vítima da articulação de uma quadrilha parlamentar, liderada por Eduardo Cunha, para dar um golpe na democracia brasileira. E contando com a interferência indevida do presidente interino e golpista Michel Temer durante todo o processo. O MP já derrubou a tese das "pedaladas fiscais" no plano Safra, mas aqui no Senado os golpistas insistem em tirar uma presidenta democraticamente eleita com esse argumento. É um absurdo!" O requerimento foi endossado pela defesa da presidenta Dilma, representada pelo advogado José Eduardo Cardozo. Ele disse que as chamadaS pedaladas são o fundamento do pedido de impeachment e derrubado esse argumento "cai por terra" a justificativa para o afastamento de Dilma. Para afastar mais uma prova de que não há crime de responsabilidade, os golpistas disseram que o pedido de arquivamento do procurador limita-se à esfera criminal.
Do Portal Vermelho
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